Seja Bem Vindo ao Universo do Fibromiálgico

A Abrafibro - Assoc Bras dos Fibromiálgicos traz para você, seus familiares, amigos, simpatizantes e estudantes uma vasta lista de assuntos, todos voltados à Fibromialgia e aos Fibromiálgicos.
A educação sobre a Fibromialgia é parte integrante do tratamento multidisciplinar e interdisciplinar ao paciente. Mas deve se estender aos familiares e amigos.
Conhecendo e desmistificando a Fibromialgia, todos deixarão de lado preconceitos, conceitos errôneos, para darem lugar a ações mais assertivas em diversos aspectos, como:
tratamento, mudança de hábitos, a compreensão de seu próprio corpo. Isso permitirá o gerenciamento dos sintomas, para que não se tornem de difícil do controle.
A Fibromialgia é uma síndrome, é real e uma incógnita para a medicina.
Pelo complexo fato de ser uma síndrome, que engloba uma série de sintomas e outras doenças - comorbidades - dificulta e muito os estudos e o próprio avanço das pesquisas.
Porém, cientistas do mundo inteiro se dedicam ao seu estudo, para melhorar a qualidade de vida daqueles por ela atingidos.
Existem diversos níveis de comprometimento dentro da própria doença. Alguns pacientes são mais refratários que outros, ou seja, seu organismo não reage da mesma forma que a maioria aos tratamentos convencionais.
Sim, atualmente compreendem que a síndrome é "na cabeça", e não "da cabeça". Esta conclusão foi detalhada em exames de imagens, Ressonância Magnética Funcional, que é capaz de mostrar as zonas ativadas do cérebro do paciente fibromiálgico quando estimulado à dor. É muito maior o campo ativado, em comparação ao mesmo estímulo dado a um paciente que não é fibromiálgico. Seu campo é muito menor.
Assim, o estímulo dispara zonas muito maiores no cérebro, é capaz de gerar sensações ainda mais potencialmente dolorosas, entre outros sintomas (vide imagem no alto da página).
Por que isso acontece? Como isso acontece? Como definir a causa? Como interromper este efeito? Como lidar com estes estranhos sintomas? Por que na tenra infância ou adolescência isso pode acontecer? Por que a grande maioria dos fibromiálgicos são mulheres? Por que só uma minoria de homens desenvolvem a síndrome?
Estas e tantas outras questões ainda não possuem respostas. Os tratamentos atuais englobam antidepressivos, potentes analgésicos, fisioterapia, psicoterapia, psiquiatria, e essencialmente (exceto com proibição por ordem médica) a Atividade Física.
Esta é a parte que têm menor adesão pelos pacientes.
É dolorosa no início, é desconfortante, é preciso muito empenho, é preciso acreditar que a fase aguda da dor vai passar, trazendo alívio. Todo paciente precisa de orientação médica e/ou do profissional, que no caso é o Educador Físico. Eles poderão determinar tempo de atividade diária, o que melhor se adequa a sua condição, corrige erros comuns durante a atividade, e não deixar que o paciente force além de seu próprio limite... Tudo é comandado de forma progressiva. Mas é preciso empenho, determinação e adesão.

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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Sofredores de fibromialgia e canabidiol

 De Gillian Jalimnson -1 de junho de 2021

Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Michigan entrevistaram 878 pacientes com fibromialgia que estavam usando canabidiol (CBD) para avaliar as razões para fazê-lo.

A fibromialgia, que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, é uma doença crônica que inclui dores generalizadas nos músculos e ossos entre seus vários sintomas. O impacto nos pacientes pode variar de desconfortável a debilitante. Embora não haja cura, os sintomas da doença às vezes são controlados com vários medicamentos, incluindo tratamentos à base de opióides que trazem consigo suas próprias complicações.

Portanto, não é de se admirar que tenha havido um interesse significativo no uso de cannabis medicinal - particularmente canabidiol (CBD) - que se acredita ter benefícios antiinflamatórios.

No estudo UoM, 72,0% dos pacientes pesquisados ​​relataram substituir medicamentos com CBD, mais comumente antiinflamatórios não esteroidais - (AINEs - por exemplo, ibuprofeno) (59,0%), opioides (53,3%), gabapentan óides (35,0%) e benzodiazepínicos (23,1%).


O resumo da pesquisa observa que a maioria relatou diminuição do uso desses medicamentos para a dor - ou cessação total do uso; e aqueles que substituíram relataram melhorias maiores do que aqueles que não substituíram. As razões mais comuns para a substituição incluíram menos efeitos colaterais e melhor controle dos sintomas.

“Esta substituição naturalística generalizada para medicamentos para a dor sugere a necessidade de projetos de estudos mais rigorosos para examinar esse efeito”, disseram os pesquisadores.

O relatório do estudo foi publicado no mês passado no The Journal of Pain.

Um relatório de pesquisa do ano passado envolvendo 2.701 participantes com fibromialgia descobriu que 38,1% relataram nunca usar CBD, 29,4% relataram uso anterior de CBD e 32,4% relataram uso atual de CBD - então seu uso parece bastante prevalente, especialmente nos EUA, onde o canabidiol é fácil de fonte.

Um estudo israelense de 2019 envolvendo centenas de pacientes com fibromialgia descobriu que o uso de cannabis para controlar a doença parecia ser eficaz e seguro .

De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças ( CDC ) dos EUA , a fibromialgia afeta cerca de 4 milhões de adultos nos EUA, aproximadamente 2% da população adulta. Pessoas com fibromialgia têm duas vezes mais chances de serem hospitalizadas do que pessoas sem a doença. A causa da doença ainda é desconhecida. A maioria é diagnosticada durante a meia-idade e a prevalência de fibromialgia aumenta com a idade.



Tradução: via Google.    
Revisão: ABRAFIBRO
ABRAFIBRO não tem profissionais para discutir o assunto. 
O texto é apenas informativo.


segunda-feira, 12 de abril de 2021

Aprovada distribuição de remédios à base de maconha em Goiânia

 goias derruba veto de projeto de lei que dispõe sobre o uso de cannabis medical 

Câmara de Vereadores derrubou veto do Executivo e aprovou distribuição gratuita de remédios na rede pública; texto será promulgado

atualizado 09/04/2021 20:00

Goiânia – A Câmara Municipal de Goiânia derrubou, no último dia 7/4, o veto do Executivo municipal sobre o projeto que propõe uma política municipal para o uso e distribuição gratuita de medicamentos à base da cannabis. O veto foi rejeitado por unanimidade, com 22 votos.

Com isso, a Câmara promulgará a lei que autoriza a distribuição dos remédios na rede pública. Caso a prefeitura de Goiânia não concorde com a nova legislação promulgada, ela pode entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI). Caso concorde, precisa ser regulamentada a aplicação do texto legal. A conferir.

Os medicamentos à base de maconha são prescritos para pessoas com neuropatias, dores crônicas e diversas outras doenças. Eles se aplicam a questões como autismo, epilepsia, TDAH, TOC, síndrome de Tourette, Alzheimer, Parkinsson, fibromialgia, insônia e dependentes químicos de cocaína e crack, por exemplo. Conforme especialistas, há melhora significativa no quadro dos pacientes.    

O Projeto de Lei 414/2019, já havia sido aprovado em outubro de 2020, no entanto foi vetado pelo ex-prefeito Iris Rezende, com o argumento de que a proposta invadia a competência do Executivo. Porém, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e o plenário da Câmara discordaram e decidiram por derrubar o veto. 

A proposta do vereador Lucas Kitão (PSL), prevê o uso da cannabis para fins medicinais e a distribuição gratuita de medicamentos prescritos à base da planta inteira ou isolada, que contenha em sua fórmula as substâncias Canabidiol (CBD) e/ou Tetahidrocanabidiol (THC). Os medicamentos ficariam disponíveis nas unidades de saúde pública municipal, privada ou conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS) no âmbito do município de Goiânia.

Cannabis é um gênero de plantas que tem em sua família espécies como a maconha e o cânhamo. A maconha ainda é considerada uma droga ilícita no Brasil, pelo teor de THC, visto como o elemento psicoativo da planta. Contudo, são muitos os estudos científicos que comprovam a eficácia da substância no tratamento de diversas doenças.

Expectativa

De acordo com o vereador propositor da lei, Lucas Kitão (PSL), os fundamentos utilizados pela gestão municipal para o veto do projeto eram frágeis. Segundo ele, tudo o que consta na proposta é constitucional, além do direito dos pacientes de escolherem seus próprios tratamentos.

Segundo o vereador, a ideia do projeto foi muito bem trabalhada. “Fizemos mais de 20 audiências públicas sobre o tema, recomeçamos a mobilização para a derrubada do veto, trouxemos pacientes, as associações e, pela importância, concluímos essa etapa com uma votação significativa”, disse ele.

“Agora, ficou a mensagem de que a Câmara está alinhada com a sociedade. Goiânia merece esse tratamento inovador para as famílias de baixa renda”, declarou Kitão.

Segundo o parlamentar, a própria Câmara Municipal publicará a lei, ou seja, irá promulgar. Kitão afirmou que vai conversar com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos), sobre o tema. Segundo ele, a ideia é implementar uma política pública pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

“Vamos buscar o diálogo com o prefeito, para que a política pública seja implementada dando condição para quem precisa desses medicamentos, oriundos da cannabis terapêutica, possam ter acesso pela farmácia do município. Com a definição das responsabilidades, começaremos a licitação dos medicamentos e o cadastramento das famílias. Tomara que o prefeito tenha uma visão moderna e encare a importância da questão”, concluiu.

Alto custo

O vereador Lucas Kitão afirma que atualmente a principal dificuldade para o acesso aos medicamentos derivados da cannabis é o preço. Segundo ele, entre os objetivos do projeto, está também a parceria com as associações, como a Ágape – Associação Goiânia de Apoio e Pesquisa à Cannabis Medicinal, para universalizar o acesso.

“A grande dificuldade é que em Goiânia hoje só pessoas com alto poder aquisitivo é que conseguem tratar os seus familiares com cannabis medicinal. O tratamento é muito caro e a gente quer essa ajuda do SUS”, disse ele .

De acordo com o diretor jurídico da Ágape, o advogado Matheus Tavares, desde o início de suas atividades, em 2017, a associação já auxiliou mais de 100 pacientes a terem acesso à cannabis terapêutica. Atualmente o grupo fornece suporte jurídico, médico, farmacêutico, nutritivo e psicológico a aproximadamente 70 famílias.

O advogado e a associação foram responsáveis pelo Habeas Corpus de um caso emblemático em Goiás. Foi concedido a um paciente com Alzheimer em grau avançado, além do plantio da maconha para o uso medicinal, o transporte e trânsito do medicamento para qualquer lugar do Brasil, sem qualquer tipo de constrangimento policial ou judicial. A decisão foi a primeira dessa natureza no estado.

Experiência

Quebrando paradigmas e preconceitos, a cabeleireira Tânia Scoponi, de 55 anos, se abriu ao estudo e uso dos medicamentos à base de cannabis, após ver o caso do homem com Alzheimer, que reconheceu o filho depois de se tratar com o canabidiol.

De acordo com ela, a situação despertou interesse e apontou saídas para a diminuição das dores que sente, já que tem hérnia de cervical e lombar, fibromialgia, doenças neuropáticas e sente dores nas articulações em decorrência do trabalho e de uma Zika.

“Eu vi documentários, li materiais sobre o assunto e, através de pessoas conhecidas, consegui o óleo de cannabis. Com o tempo, senti a necessidade de procurar por acompanhamento médico. Eu entrei em contato com uma associação, me consultei e, atualmente, uso o óleo de forma totalmente legalizada, com a prescrição adequada, quantidades ideais para a minha necessidade”, disse.

“Foi uma quebra de paradigma, porque eu vi que a maconha não tinha aquele peso da droga, como fui levada a acreditar. O remédio aumentou a minha qualidade de vida. Agora, eu consigo descansar, dormir, trabalhar sem dores e formigamentos”, concluiu.

Benefícios

A médica psiquiatra e prescritora da cannabis, Murielle Urzeda, afirma que é promissor o futuro dos tratamentos médicos à base de maconha. Apesar de reconhecer a polêmica que envolve o tema, ela afirma que os benefícios são mais relevantes e devem ser compartilhados para diminuir o preconceito.

Urzeda fala com entusiasmo sobre a lei em Goiânia. “A possibilidade da gente conseguir que os produtos à base de cannabis recebam distribuição gratuita é muito interessante. Se você parte dessa iniciativa de distribuir e ampliar, você fiscaliza mais, os produtos terão mais qualidade, a linha de produção melhor, possibilita o investimento em estudos”, ressaltou.

Segundo a psiquiatra, os benefícios da cannabis medicinal atendem crianças e adultos. A médica afirma que a gama de possibilidade é imensa e, assim como todo produto causador de um efeito no organismo, o uso medicinal na maconha causa um mecanismo de ação em cada paciente, que precisa ser entendido de forma individual.

Ela também cita usos em doenças crônicas, como fibromialgia e câncer. Mas também relaciona hipertensão arterial, diabetes e alterações de colesterol. “Esses pacientes muitas vezes são aposentados, afastados do trabalho, sempre com dores, com episódios depressivos. Se eu consigo dar a ele um produto que gera melhora dos sintomas, melhora da qualidade de vida, que melhora humor e o sono, a gente vai sim colher bons frutos”, conclui a psiquiatra.

Anvisa

Em dezembro de 2019, a regulamentação de produtos à base de maconha no Brasil foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas somente em março de 2020, a resolução RDC 327/2019 entrou em vigor.

Com isso, ficou liberada a comercialização de produtos à base de cannabis em farmácias de todo o país. No mês seguinte, a primeira empresa conseguiu autorização para produzir e distribuir o óleo extraído da planta. Ainda hoje, a Anvisa ressalta que não se pode considerar os produtos como medicamento.

De acordo com a agência, a autorização sanitária para produtos à base de cannabis foi “criada de modo a disponibilizar, de forma mais rápida à população brasileira, produtos seguros e de qualidade contendo derivados de cannabis, mas que não concluíram os estudos necessários para o registro como medicamento”.

A medida não se estende para a produção e comercialização por pessoas físicas e, como não contempla o plantio para uso medicinal no país, que foi rejeitado pela agência, para produzir a fórmula é necessário importar a planta. Por isso, o custo de produção dos produtos a base de cannabis é elevado.

Apesar de ter sido um primeiro passo para desmistificar o uso da cannabis medicinal no Brasil, a decisão foi criticada por pacientes e associações por não tratar da democratização do uso e não ser suficiente para atender a demanda brasileira.

Estudos apontam que o Brasil tem mais de 55 milhões de pessoas com doenças crônicas tratáveis com canabidiol.

 

Texto original

https://www.metropoles.com/brasil/aprovada-distribuicao-de-remedios-a-base-de-maconha-em-goiania

 

 

 

 

 

 

 

 

 


quarta-feira, 21 de outubro de 2020

O uso de opiáceos e cannabis para dor crônica aumenta o risco de problemas de saúde mental

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2 DE JANEIRO DE 2020

Adultos que trataram sua dor apenas com opioides eram muito menos propensos a sentir ansiedade, depressão e problemas de uso de opioides ou outras substâncias em comparação com aqueles que usaram opioides e cannabis, de acordo com um estudo prospectivo no International Journal of Behavioral Medicine ( 2019; 13 [4]: ​​287-294. ).

 

O uso de tabaco, álcool, cocaína e sedativos também foi maior no grupo de uso de substâncias.

Mas o estudo não encontrou diferenças na intensidade da dor ou incapacidade relacionada à dor entre os dois grupos.

“Dada a epidemia de opióides em curso, em grande parte impulsionada por prescrições para dor crônica, e a popularidade mais recente de tratamentos alternativos para dor crônica, incluindo cannabis, estávamos interessados ​​em examinar a interseção entre opióides e cannabis entre pessoas com dor crônica”, disse primeiro autor Andrew Rogers, MA, candidato a PhD em psicologia clínica na University of Houston, que trabalha no Anxiety and Health Research Lab / Substance Use Treatment Clinic da universidade.

Os autores observaram que o co-uso de substâncias geralmente está vinculado a resultados piores do que o uso de uma única substância, mas poucas pesquisas avaliaram o impacto do co-uso de opioide-cannabis.

O presente estudo recrutou 450 adultos, sendo 74,67% mulheres e média de idade de 38,59 anos. Todos os participantes relataram o uso atual de opióides para dor e dor crônica atual que durou pelo menos três meses.

No geral, 176 participantes relataram co-uso de opióide-cannabis durante os três meses anteriores.

A amostra foi predominantemente branca (77,8%), seguida de hispânica / latina (13,1%) e negra / afro-americana (8,7%).

Os resultados foram baseados em vários questionários auto-relatados, incluindo o Teste de Triagem de Envolvimento com Álcool, Tabaco e Substâncias; Questionário de saúde do paciente-4; Medida Atual de Uso Indevido de Opióides; Escala de Severidade de Dependência; e Escala Graduada de Dor Crônica.

As pessoas que relataram apenas uso de opióides eram significativamente mais velhas do que aquelas que relataram co-uso, mas não houve diferenças significativas nos níveis de educação ou renda por status de uso de cannabis.

“A descoberta de que não havia diferenças nas medidas de desfecho da dor me surpreendeu, porque eu esperava que, para aqueles que usam várias substâncias com propriedades analgésicas, a dor pudesse ser menor”, ​​disse Rogers.

Este resultado inesperado pode ser atribuído aos participantes do estudo que relataram dor crônica, para a qual pode haver um efeito teto relacionado à dor.

Da mesma forma, o uso de cannabis pode não ter alterado a percepção da dor. Enquanto isso, há muitas pesquisas que indicam que o uso crônico de opioides está associado a uma menor tolerância à dor.

Os pesquisadores observaram que seus resultados são semelhantes aos de pesquisas anteriores que indicam que as pessoas com co-uso de substâncias tendem a relatar elevados problemas psiquiátricos e relacionados a outras substâncias, em oposição aos usuários de uma única droga.

Todos os resultados do estudo atual provavelmente têm significado clínico, de acordo com os autores, incluindo que os médicos podem desejar avaliar o uso de cannabis antes de iniciar opioides para o tratamento da dor crônica.

“No entanto, antes que qualquer recomendação possa ser feita, mais pesquisas precisam ser realizadas nessa área”, disse Rogers. “Vale a pena observar, ao longo do tempo, como a combinação de opioides e cannabis pode afetar o tratamento da dor, e também examinar se há vantagens e desvantagens em usar uma, ambas ou nenhuma substância para controlar a dor.”

Os pesquisadores observaram que suas descobertas ressaltam uma população vulnerável de usuários de polissubstâncias com dor crônica e a necessidade de avaliação e tratamento mais abrangentes da dor crônica.

Dados 'não poderiam ser mais relevantes'

Charles E. Argoff, MD, diretor do Comprehensive Pain Center e diretor do Pain Management Fellowship no Albany Medical Center, em Nova York, disse que as observações do estudo não poderiam ser mais relevantes. “À medida que mais estados ampliam a disponibilidade de cannabis para uso médico ou recreativo, ou para ambas as indicações, e à medida que as pessoas com dor crônica severa continuam a usar analgésicos opioides como parte do tratamento, o uso dessas duas classes de substâncias - cannabis e opioides —Parece estar se cruzando cada vez mais ”, disse ele.

Dr. Argoff, que também é membro do conselho editorial do Pain Medicine News , disse que a análise destaca efetivamente as ligações entre as questões de saúde mental e a maior probabilidade de uso simultâneo de ambas as substâncias, bem como do uso de tabaco. “Mas o estudo não sugere um resultado positivo mensurável claro e objetivo relatado para o uso simultâneo de tal”, disse ele. “O estudo também indica que não há dados que sustentem um benefício analgésico aprimorado do uso concomitante dessas substâncias. No entanto, o estudo apresenta preocupação com danos potenciais. ”

No geral, muitas incógnitas relevantes permanecem, disse o Dr. Argoff. “Por exemplo, quais populações de pessoas com dor crônica têm maior probabilidade de se beneficiar com segurança da terapia opioide crônica, terapia crônica com cannabis ou ambas?”

Como o estudo sugere que o alívio da dor não foi relatado em outros estudos que avaliam o uso de ambas as substâncias, "qual seria a base para prescrever uma combinação de opioides e cannabis para uma pessoa com dor crônica?" Dr. Argoff disse. “Sem uma resposta, é difícil apoiar o uso de tal combinação.”

Dr. Argoff também disse que muito mais pesquisas são necessárias para evitar os danos da prescrição da combinação.

—Bob Kronemyer


O Sr. Rogers e o Dr. Argoff não relataram divulgações financeiras relevantes.

texto original

https://www.painmedicinenews.com/Clinical-Pain-Medicine/Article/12-19/Opioid-and-Cannabis-Co-Use-for-Chronic-Pain-Elevates-Risk-for-Mental-Health-Issues/56779?sub=E6C615CF6850A5C7312FFBF2A5A3882FA64EC79FC25564B9BC6AD40542B7611&enl=true&dgid=X3681092&utm_source=enl&utm_content=4&utm_campaign=20200131&utm_medium=title

 

 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

Uso de cannabis comum em pacientes com doenças reumáticas

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A cannabis para uso médico está se tornando cada vez mais popular entre pacientes com doenças reumáticas e musculoesqueléticas como forma de controlar a dor, especialmente em estados onde a cannabis é clinicamente legal, de acordo com novas descobertas.

 

Pesquisadores da CreakyJoints, uma organização de defesa e pesquisa, entrevistaram 1.059 adultos (idade média [DP], 57 [11] anos; 88% mulheres; 92% brancos) com doenças reumáticas e musculoesqueléticas diagnosticadas por médicos. Os participantes foram retirados do registro de pesquisa ArthritisPower.

A pesquisa online de 77 itens incluiu perguntas sobre o uso, atitudes e percepções da cannabis medicinal e produtos de canabidiol.

Os pesquisadores descobriram que 37% da coorte (n = 387) relatou o uso de cannabis medicinal, atualmente ou no passado, e quase todos os participantes (93%) a usaram para tratar uma condição específica (51% para artrite reumatóide, 46% para osteoartrite e 35% para fibromialgia), com quase 62% dos usuários atuais se envolvendo no uso pelo menos uma vez ao dia.

“Tivemos uma boa quantidade de evidências anedóticas de que o uso desses produtos estava aumentando à medida que sua disponibilidade aumentava”, co-autor W. Benjamin Nowell, PhD, diretor de pesquisa centrada no paciente da CreakyJoints e investigador principal do ArthritisPower registro de pesquisa, disse Pain Medicine News.

 “Queríamos quantificar melhor quem na comunidade da artrite está experimentando esses produtos e como eles são integrados ao plano geral de gerenciamento de doenças, especialmente porque há uma falta de estudos clínicos de alta qualidade para avaliar a eficácia, dose, administração e segurança de [ cannabis medicinal] para artrite ou outras doenças crônicas ”, disse ele.

Prestadores de serviços de saúde deixados no escuro

A legalidade ou ilegalidade da cannabis medicinal desempenhou um papel importante no envolvimento dos entrevistados no seu uso, com a maioria dos usuários (77%) residindo em um estado onde a cannabis medicinal é legal; e entre os 63% de todos os pacientes que nunca se envolveram no uso de cannabis medicinal, perto da metade (40%) citou a ilegalidade como o motivo.

Entre os não usuários, 25% estavam preocupados com o potencial prejuízo, 21% não sabiam onde obter cannabis medicinal e 20% não sabiam como obtê-la.

Mesmo em estados onde o uso de cannabis medicinal é legal, apenas 40% dos pacientes tinham cartões de cannabis medicinal para comprá-la legalmente, e quase um terço (32%) não havia informado seu provedor de saúde sobre o uso de cannabis medicinal.

Os números foram ainda mais preocupantes para aqueles que viviam em estados onde a cannabis medicinal é ilegal, onde mais da metade (54%) não havia informado seu provedor de saúde sobre o uso de cannabis medicinal (P = 0,02).

“Nosso estudo demonstra que as pessoas com artrite estão experimentando e usando cannabis regularmente para o que consideram ser um propósito médico, independentemente da legalidade do estado e das evidências que apóiam seu uso como tratamento complementar”, disse o Dr. Nowell.

“É preocupante que muitos indivíduos deixem de informar seu médico e equipe de profissionais de saúde sobre o uso de [cannabis medicinal], para que possa ser monitorado e rastreado no EHR [registro eletrônico de saúde]”, acrescentou.

Avaliação precisa

Richard J. Miller, PhD, o Professor Alfred Newton Richards do Departamento de Farmacologia da Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern, em Chicago, disse que o estudo forneceu uma "avaliação precisa", com descobertas que "parecem perfeitamente razoáveis, mas, por outro lado mão, parece muito intuitivo.

“Apesar da atitude cada vez mais relaxada em relação à cannabis nos dias de hoje, as pessoas certamente são dissuadidas de seu uso em estados onde poderia haver uma penalidade, e este estudo indica isso claramente”, disse o Dr. Miller, que não esteve envolvido no estudo.

Dr. Nowell acrescentou que é “vital que os pacientes e [médicos] mantenham um diálogo aberto sobre o uso e os benefícios e riscos potenciais da [cannabis medicinal]”.

Antonio Giannelli, MsA, PA-C, DFAAPA, PA sênior do Centro de Reumatologia dos Grandes Lagos em Lansing, Michigan, chamou o estudo de "um bom começo" que parece confirmar o que ele percebe na prática clínica. Ele citou várias deficiências, no entanto, “incluindo o fato de que apenas 36% dos usuários atuais / anteriores estão empregados, limitando a aplicação prática no controle da dor das atividades da vida diária no local de trabalho; 41% dos usuários atuais / anteriores não fazem terapia ou usam apenas medicamentos antiinflamatórios não esteróides, e muitos são pacientes com artrite reumatóide. Portanto, eles são subtratados e respondem de alguma forma não confiáveis ​​à intenção do estudo, que presume que algum plano de manejo esteja em vigor.

O Sr. Giannelli, que é presidente da Society of PAs in Rheumatology, disse que em sua prática ele é questionado sobre canabidiol ou cannabis medicinal quase diariamente. Ele acrescentou que a maioria dos pacientes está buscando o controle da dor “sem quaisquer outros efeitos sistêmicos, e muitas vezes descontinuam [os anti-inflamatórios não esteroides] assim que começam a usar um produto de cannabis”.

Para estados de doença inflamatória ativa, como a AR, “ainda é responsabilidade do médico controlar primeiro a dor, controlando a inflamação. Para alterações degenerativas poliartríticas crônicas, uma aplicação maior [de cannabis medicinal] parece justificada ”, disse ele. “No entanto, alguns estudos indicam que o bloqueio do receptor de canabinoide além do uso agudo causará diminuição do retorno / controle.”

As recomendações de cannabis medicinal para os pacientes permanecerão limitadas até que as questões jurídicas e clínicas sejam satisfeitas por mais estudos e pela aprovação / diretrizes do FDA, disse ele.

O Sr. Giannelli disse que os PAs “são comunicadores ideais para benefícios / restrições de produtos para os pacientes, uma vez que recebem os parâmetros de uso acordados”.

 

Os resultados foram apresentados na reunião anual de 2019 do American College of Rheumatology / Association of Rheumatology Professionals (resumo 2248).

—Batya Swift Yasgur, MA, LSW

O Dr. Nowell é funcionário da Global Healthy Living Foundation (GHLF), que recebeu apoio financeiro para pesquisa da AbbVie, Amgen, Bristol-Myers Squibb, Eli Lilly, Janssen, Pfizer, Sanofi Genzyme e UCB Pharma. O desenvolvimento do ArthritisPower foi parcialmente apoiado por um prêmio do Patient-Centered Outcomes Research Institute (PPRN-1306-04811). Esta pesquisa da ArthritisPower foi financiada pelo CreakyJoints, a comunidade digital de pacientes do GHLF. Dr. Miller não relatou nenhuma divulgação financeira relevante.

 

texto original

https://www.painmedicinenews.com/Primary-Care/Article/01-20/Cannabis-Use-Common-in-Patients-With-Rheumatic-Diseases/57038?sub=E6C615CF6850A5C7312FFBF2A5A3882FA64EC79FC25564B9BC6AD40542B7611&enl=true&dgid=X3681092&utm_source=enl&utm_content=1&utm_campaign=20200127&utm_medium=title

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Morgan Freeman: o que é fibromialgia, doença da qual o ator sofre?

Morgan Freeman : qu'est-ce que la fibromyalgie, maladie dont souffre l'acteur ?Quinta-feira 06 de fevereiro de 2020 às 21:00 - por Emilie Leoni



Sorrindo no tapete vermelho, Morgan Freeman, encontrado esta noite no France 3 em Old-fashioned Robbery, luta nas sombras contra a doença: fibromialgia.

Eleito o Melhor Ator Coadjuvante no Oscar de 2005, por sua atuação em Million Dollar Baby, Morgan Freeman luta há vários anos contra a fibromialgia, uma doença neuromuscular séria, mas não fatal, que pode levar à deficiência. Este último teria surgido na sequência de um grande acidente de automóvel ocorrido em 2008.

Uma doença finalmente reconhecida na França

Na França, a fibromialgia afeta 2 a 3 milhões de pessoas, 80% das quais são mulheres. Considerada por muito tempo psicossomática, porque mal compreendida, o que também é chamado de "doença com mil sintomas" agora é reconhecida. Resulta no polireumatismo, ou seja, uma impressão de dores em toda a parte e de forma crónica com, em particular, dores localizadas na coluna (pescoço, ombros, omoplatas, região lombar ...), que podem prolongar-se braços ou pernas. Um grande cansaço, distúrbios do sono, problemas digestivos e até depressão aumentam a doença, porque o sofrimento acaba pesando sobre o moral. "Efeitos colaterais" que às vezes atrasam o diagnóstico, porque não há causas reais para explicá-los. os pesquisadores suspeitam de uma disfunção do sistema nervoso central: as vias de controle da dor seriam alteradas, resultando em hipersensibilidade.

Morgan Freeman se cura com cannabis

Em maio de 2015, o ator confidenciou aos nossos colegas do The Daily Beast para se tratar com cannabis. “Eu como, bebo, fumo, cheiro! É a única coisa que me dá alívio”, explica. “Estamos falando de crianças que sofrem de crises epilépticas, amenizadas pela maconha, e podem assim voltar à vida normal. Eu também tenho direito. Tenho dores devido à fibromialgia em um braço e no único. coisa que me alivia é a maconha. Legalize! " Desde o acidente de trânsito, Morgan Freeman ainda seguiria as sessões de reabilitação para recuperar a mobilidade e a sensibilidade do braço esquerdo. Como ele, outras estrelas se revelaram sofrendo da doença, como as cantoras Lady Gaga e Sinead O’Connor.


segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Cannabis medicinal (Ponto de Vista de Eduardo S. Paiva - Revista C A P I TA L REUMATO)

 
  
Numa recente viagem, encontrei em um shopping center uma paciente que não via há muito tempo, mas da qual lembrei-me imediatamente: fibromialgia resistente a vários tratamentos, má aderência ao exercício físico. Ela me contou que estava ótima, que estava caminhando regularmente, mas o que realmente havia feito a diferença era a cannabis in natura que ela começara a usar já há algum tempo. Na despedida, ainda me disse que estava entrando com uma ação para tentar plantar cannabis em casa.
Sempre fui um cético em relação a tratamentos alternativos, embora sendo um especialista em fibromialgia (doença em que muitos destes tratamentos são utilizados). Com relação a cannabis em particular, sempre me pareceu estranho fumar uma planta para obter os efeitos terapêuticos desejados. Sempre comparei isso a mascar a casca do salgueiro para obter ácido salicílico! Além disso, tinha a ideia de que os estudos da cannabis, especialmente em dor, ainda apresentavam resultados não muito bons. Ao ver a minha paciente tão bem, fui novamente atrás da literatura para saber como estava a situação da cannabis medicinal no Brasil e no mundo, especialmente no tratamento da dor.
A cannabis é usada há muito tempo (milhares de anos, na verdade) como droga “recreativa”, e hoje está legalizada em vários países como tratamento médico, a chamada cannabis medicinal (CM), termo que usarei daqui em diante. O caminho da CM foi diferente de outras medicações, iniciando por movimentos de pacientes que estavam experimentando a planta para suas doenças, com
uma grande repercussão da mídia tradicional e mídias sociais e finalmente aprovação como medicação em vários países. Muitas vezes, houve a dificuldade de se separar os grupos que defendiam a liberação da cannabis como CM e aqueles que defendiam a liberação para uso “recreativo”. De qualquer maneira, é importante salientar que não houve para a CM um caminho com estudos fase 3, randomizados, duplo cegos, com grande número de pacientes em diferentes indicações, como acontece com outros fármacos. A aprovação da CM sempre seguiu um caminho de pressão social. Pode-se argumentar, com razão, sobre as dificuldades e/ou menor vontade das indústrias farmacêuticas de grande porte de trabalhar com a CM, por motivos regulatórios e legais mais rígidos.

O sistema endocanabinoide, com seus receptores CB1 e CB2 descritos na década de 80 e seus ligantes descobertos mais tarde, está fortemente associado com os sistemas nervosos central e periférico, mas é presente em todo o corpo, incluindo pele, ossos, articulações e o sistema hematopoiético. Ele parece ser responsável por contrabalançar o sistema de estresse agudo (lutar ou fugir), restaurando o sono, o apetite, e modulando dor e inflamação. Interessante notar que os ligantes endógenos do sistema, como anandamida e o 2-AG (2-araquidonil-sn-glicerol) são derivados do ácido araquidônico e liberados em resposta quando há injúria tecidual ou outro gatilho pré-sináptico. Quando estes compostos se ligam ao seus receptores, há redução dos sinais de dor e inflamação1.
A ciência básica (estudos pré-clínicos) realmente aponta de maneira consistente que agonistas canabinoides possuem ação anti-inflamatória e analgésica, inclusive com efeitos modificadores de doença em modelos animais de artrite reumatoide. Um alerta proveniente dos estudos pré-clínicos é a ação do sistema endocanabinoide na maturação do sistema nervoso central, com estudos demonstrando que a administração de canabinoides em animais jovens alteraram a formação de sinapses, com implicações nos animais adultos1.
Antes de passarmos à análise dos estudos clínicos, é importante a melhor definição dos termos utilizados. Canabinoides são compostos que agem no sistema endocanabinoide, e podem ser psicoativos ou não, além de poderem ser extraídos de plantas ou serem sintéticos. O extrato macerado das folhas e flores da Cannabis sativa ou da Cannabis indica é utilizado para obter os principais produtos para aplicação clínica, o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), mas contém cerca de 400 outros componentes. A Federação Europeia de Dor sugere que o termo cannabis medicinal seja usado quando a planta in natura é utilizada como medicação e “medicações derivadas da cannabis” quando tratar-se de derivados registrados, com concentrações de THC e CBD conhecidas (sintéticos ou não)2.
Além dos países que liberam o CM in natura, compostos aprovados em agências reguladoras, como
medicações incluem o nabiximol, uma mistura 1:1 de THC e CBD, aprovada em apresentação spray para náuseas e vômitos pós-quimioterapia. O dronabinol é um análogo sintético do THC aprovado nos EUA, Canadá, Alemanha, Austrália e Nova Zelândia para anorexia relacionada ao HIV e náuseas e vômitos pósquimioterapia. A nabilona é um canabinoide sintético,também análogo do THC, aprovado nos EUA para náuseas e vômitos pós-quimioterapia, mas usado em outros países, como o Canadá, para dor crônica. Somamse a estes compostos inúmeras apresentações como pílulas, óleos, biscoitos e pastas, com conteúdo variável de THC e canabidiol. As apresentações com alto teor de
canabidiol são utilizadas para epilepsias em crianças e foram os compostos que primeiramente tiveram sua importação aprovada pela ANVISA, principalmente pelo apelo público. A cannabis in natura também pode ter sua concentração relativa de THC e CBD modificadas através de manipulação genética.
Algumas metanálises avaliaram o impacto da CM em diversas condições dolorosas. Um deste artigos3, em 2015, abrangeu efeitos benéficos e malefícios doscanabinoides em diversas condições, selecionando 79 artigos, com somente quatro, com baixo risco de viés. As condições dolorosas e as apresentações de CM foram diferentes entre os estudos, e no geral, houve um efeito modesto na redução de dor em 30% do basal, com odds ratio de 1,41 (IC: 0,99-2,00).
Uma outra revisão sistemática4, um pouco mais recente, também avaliou o efeito da CM em vários tipos de dor. Setenta e cinco artigos foram selecionados, mas considerados pequenos e com falhas metodológicas. A conclusão foi de uma evidência limitada de benefíciosna dor neuropática, especialmente quando usadas as preparações com concentrações pré-definidas de THC e CBD (usualmente na proporção 1:1). Não houve evidência de benefício em outros tipos de dores, como dor associada à esclerose múltipla, câncer e condições dolorosas mistas. Houve uma tentativa de uma análise dos riscos do uso crônico da cannabis, que apontou para um risco aumentado de acidentes automobilísticos, sintomas de psicose e distúrbios cognitivos de curta duração.
Um estudo de 4 braços de “n-de-1” estudou THC, CBD, a combinação de CBD/THC e placebo, em 24 pacientes com dor crônica de diversas causas5. Cada paciente recebeu por uma semana cada tratamento, de maneira cega. A maioria dos pacientes achou a combinação de THC e CBD e o TCH
isolado mais eficazes e controlar a dor, e menor resposta ao CBD isolado.
Um estudo australiano6 acompanhou por quatro anos uma coorte de 1.250 pacientes com dor não-maligna em uso de opioides, para verificar o uso de cannabis ao longo do tempo, que foi de 24,3%. Pacientes que usaram cannabis apresentaram maior gravidade e impacto da dor, baixo enfrentamento e maior gravidade de transtornos de ansiedade generalizada.
A maioria dos estudos e metanálises apontam a dor neuropática como o tipo de dor com maior benefício potencial. Uma revisão Cochrane de 20187 avaliou a utilidade da CM na dor neuropática, com o critério do número necessário para tratar (NNT) para uma redução de dor de 30% e de 50%. Os 16 estudos incluídos analisaram 1.750 pacientes e o nível de qualidade foi de baixa a moderada. A CM utilizada foi o nabiximol com 10 estudos, a nabilona em 2 estudos, dois com cannabis in natura inalada e dois com dronabinol. O NNT, para uma melhora adicional de 30% e 50% foi de 11 e 20, respectivamente. Houve uma taxa alta de abandono por efeitos colaterais e o número necessário para causar dano foi de 25. Não houve evidência de efeitos colaterais graves em relação ao placebo. O autores concluíram que a maioria dos estudos apresentou um número baixo de pacientes e que o benefício da CM pode ser superado pelos seus efeitos colaterais.
O grupo de dor neuropática da IASP (Associação Internacional para Estudos da Dor) considera a CM como terceira linha de tratamento para a dor neuropática, após uma metanálise de 2015, salientando porém, um fraco nível de evidência8.
Em relação a outros tipos de dor, pequenos estudos foram feitos em dor lombar crônica (com nabilona), cefaleia por abuso de analgésicos (nabilona), dor na artrite reumatoide (nabiximol), todos com resultados negativos2.

 
E a fibromialgia? Em uma revisão Cochrane de 20169, apenas dois estudos foram incluídos, com risco moderado de viés e de baixa qualidade. Ambos os estudos foram com nabilona comparada com amitriptilina ou placebo. Houve discreta melhora do sono, mas sem impacto na dor ou qualidade de vida. Após esta metanálise, um estudo randomizado em pacientes com fibromialgia foi publicado, comparando 4 tipos de variedades de cannabis in natura com teores diferentes de THC e CBD (altos níveis de THC, níveis equilibrados de THC/CBD, altos níveis de CBD e uma variedade placebo sem THC ou CBD). Vinte pacientes, de maneira randomizada, fizeram uma única vaporização de cada variedade e tiveram vários parâmetros dosados nas três horas seguintes, como limiares de dor por pressão e elétricos, escores de dor espontânea, e o nível de “barato” pela medicação. Um maior número de participantes relatou uma melhora na dor induzida por pressão com a variedade de níveis equilibrados de CBD/THC (90% versus 50%, p=0,01). O nível de resposta apresentou correlação positiva com a intensidade do “barato”. Não houve diferença nas notas de dor espontâneas. Houve diferença quanto às variedades contendo THC em relação ao placebo nos limiares dor por pressão. A
maioria dos pacientes não gostou da sensação de “barato” após a inalação.

A segurança do uso de CM a longo prazo foi avaliada11 em 216 pacientes com dor crônica que foram orientados a usar um preparado com 12,5% de THC de uma maneira sistemática, e comparados com um grupo de 216 pacientes de dor crônica não maligna, não usuários de cannabis. O estudo não era
cego, e não foi possível comparar a ação da CM nestes pacientes; não houve diferença entre eventos adversos graves entre os grupos, mas sim um aumento do risco de efeitos adversos não graves.  Importante notar que neste estudo, a maioria dos pacientes do grupo com medicação ativa já era usuário de cannabis.
Em pacientes com dor crônica, o foco do tratamento é a melhora da qualidade de vida e da funcionabilidade. Somente a melhora de uma escala da dor em 30 ou 50%, que é o alvo selecionado das metanálises, não reflete o que se quer para pacientes com dor crônica. Chama atenção um estudo de 201612 em que 1.000 pacientes consecutivos em uma clínica de Reumatologia do Canadá, com diversos diagnósticos, foram avaliados quanto ao uso de CM ou uso recreativo. Trinta e oito pacientes usavam cannabis, mais da metade para osteoartrite. Os usuários tendiam a ser mais jovens,
mais comumente desempregados. com uma saúde global pior do que os não usuários, utilizavam mais
opioides e 40% eram usuários recreativos previamente. Interessante salientar que a avaliação global do médico da gravidade da doença do paciente era semelhante de usuários versus não usuários. Um estudo mais recente aponta para resultados diferentes, com diminuição do uso de opioides e benzodiazepínicos e melhor estado de saúde geral. Porém, este estudo foi feito online somente
com pacientes já usando CM, sem comparação com uma população de dor crônica.
E qual é a situação atual no Brasil? Desde 2015, a ANVISA permite a importação de canabidiol e outras formas de CM, com prescrição médica, para uso pessoal, através de processo específico. Várias empresas e sites oferecem serviços de orientação e até cadastram médicos que estão prescrevendo estes compostos. Em 2017, a primeira medicação à base de CM foi aprovada para comercialização no Brasil, o nabiximol, com indicação em bula somente para espasmos musculares refratários decorrentes da esclerose múltipla. Em 2019, foram realizadas duas consultas públicas pela ANVISA, uma para o registro e monitorização de produtos de CM e outra para a permissão de cultivo de cannabis por parte de empresas farmacêuticas única e exclusivamente para fins medicinais e científicos. Existem vários casos de autorização judicial para o plantio de cannabis por associações e pacientes.
Como ficou minha opinião após esta breve revisão? Parece-me que a CM será cada vez mais disponível no Brasil, como está acontecendo em vários países. Infelizmente, estaremos em uma posição desconfortável, em que teremos que informar aos pacientes da baixa evidência científica do uso da CM, e às vezes, negar tratamento, quando ao mesmo tempo, agências reguladoras liberariam o seu uso. Uma posição elegante da Sociedade Canadense de Reumatologia14, onde a CM é liberada, aponta que o Reumatologista deve manter uma postura de procurar sempre o benefício para seus pacientes, mantendo uma posição sem julgamentos, respeitosa e empática em relação aos pacientes com dor crônica. E ao mesmo tempo assegurar a segurança dos pacientes e da sociedade. Isto é relevante, pois há evidências que a CM aumenta o risco de acidentes de trânsito e no trabalho.
A Federação Europeia para Dor2 orienta que quando utilizada a CM, a qualidade de evidência é maior para produtos orais e submucosos, seguidos de extratos por via oral e por fim, a cannabis inalada (não fumada). Deve-se evitar prescrever CM com conteúdo de THC maior do que 12,5%. Não mais que uma inalação quatro vezes ao dia deve ser utilizada, e uma triagem para o abuso de substâncias ilícitas e álcool e para a presença de ansiedade e depressão deve ser realizada, assim
como um “contrato de tratamento” formal.
Minha opinião é que o Reumatologista deve apoiar pesquisas melhor realizadas com os componentes da CM, e que o acesso a laboratórios de grande porte à matéria prima deve ser aprovado, para obtenção de componentes isolados ou em combinação. Estes, então, seriam utilizados em ensaios clínicos fase 1, 2 e 3 como qualquer componente farmacêutico. Muito me preocupa o plantio de cannabis em domicílio, pelo fato da extração dos componentes não ser feita de maneira correta e um
maior uso através de cigarros, o que não é recomendado.




Eduardo S. Paiva
Professor Adjunto Disciplina
de Reumatologia da UFPR
Diretor Científico da
Sociedade Brasileira de
Reumatologia

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texto copiado da revista Capital Reumato, páginas 9 à 13
https://drive.google.com/file/d/1o2PGj5YZ195zJPo_OU3oDiZ2pXxKj3ZA/view?usp=sharing