Seja Bem Vindo ao Universo do Fibromiálgico

A Abrafibro - Assoc Bras dos Fibromiálgicos traz para você, seus familiares, amigos, simpatizantes e estudantes uma vasta lista de assuntos, todos voltados à Fibromialgia e aos Fibromiálgicos.
A educação sobre a Fibromialgia é parte integrante do tratamento multidisciplinar e interdisciplinar ao paciente. Mas deve se estender aos familiares e amigos.
Conhecendo e desmistificando a Fibromialgia, todos deixarão de lado preconceitos, conceitos errôneos, para darem lugar a ações mais assertivas em diversos aspectos, como:
tratamento, mudança de hábitos, a compreensão de seu próprio corpo. Isso permitirá o gerenciamento dos sintomas, para que não se tornem de difícil do controle.
A Fibromialgia é uma síndrome, é real e uma incógnita para a medicina.
Pelo complexo fato de ser uma síndrome, que engloba uma série de sintomas e outras doenças - comorbidades - dificulta e muito os estudos e o próprio avanço das pesquisas.
Porém, cientistas do mundo inteiro se dedicam ao seu estudo, para melhorar a qualidade de vida daqueles por ela atingidos.
Existem diversos níveis de comprometimento dentro da própria doença. Alguns pacientes são mais refratários que outros, ou seja, seu organismo não reage da mesma forma que a maioria aos tratamentos convencionais.
Sim, atualmente compreendem que a síndrome é "na cabeça", e não "da cabeça". Esta conclusão foi detalhada em exames de imagens, Ressonância Magnética Funcional, que é capaz de mostrar as zonas ativadas do cérebro do paciente fibromiálgico quando estimulado à dor. É muito maior o campo ativado, em comparação ao mesmo estímulo dado a um paciente que não é fibromiálgico. Seu campo é muito menor.
Assim, o estímulo dispara zonas muito maiores no cérebro, é capaz de gerar sensações ainda mais potencialmente dolorosas, entre outros sintomas (vide imagem no alto da página).
Por que isso acontece? Como isso acontece? Como definir a causa? Como interromper este efeito? Como lidar com estes estranhos sintomas? Por que na tenra infância ou adolescência isso pode acontecer? Por que a grande maioria dos fibromiálgicos são mulheres? Por que só uma minoria de homens desenvolvem a síndrome?
Estas e tantas outras questões ainda não possuem respostas. Os tratamentos atuais englobam antidepressivos, potentes analgésicos, fisioterapia, psicoterapia, psiquiatria, e essencialmente (exceto com proibição por ordem médica) a Atividade Física.
Esta é a parte que têm menor adesão pelos pacientes.
É dolorosa no início, é desconfortante, é preciso muito empenho, é preciso acreditar que a fase aguda da dor vai passar, trazendo alívio. Todo paciente precisa de orientação médica e/ou do profissional, que no caso é o Educador Físico. Eles poderão determinar tempo de atividade diária, o que melhor se adequa a sua condição, corrige erros comuns durante a atividade, e não deixar que o paciente force além de seu próprio limite... Tudo é comandado de forma progressiva. Mas é preciso empenho, determinação e adesão.

TRADUTOR

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Gabapentina está ligada ao crescente número de tentativas de suicídio

No Brasil,

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imagem do Google do site 
treslagoas.ms.gov.br

Gabapentina está ligada ao crescente número de tentativas de suicídio

02 de dezembro de 2019
Pat Anson, editor do PNN

Relatamos várias vezes sobre o abuso e a falta de eficácia da gabapentina, um medicamento para nervos cada vez mais prescrito para tratar a fibromialgia, neuropatia e outros tipos de dor crônica.

Acontece que a gabapentina também está envolvida em um número crescente de tentativas de suicídio.

Em um grande e novo estudo publicado na revista Clinical Toxicology, os pesquisadores da Universidade de Pittsburgh analisaram mais de 90.000 ligações envolvendo medicamentos para os centros de controle de venenos dos EUA. Eles descobriram que as chamadas sobre gabapentina e o baclofeno relaxante muscular aumentaram significativamente assim que as prescrições de opióides começaram a declinar.

“Gabapentina e baclofeno são dois medicamentos que tiveram maior disponibilidade para os pacientes como alternativas aos opioides no tratamento da dor aguda e crônica. Com maior acessibilidade, as exposições ao centro de envenenamento demonstraram um aumento acentuado nas exposições tóxicas a esses dois medicamentos ”, escreveu a principal autora Kimberly Reynolds, da Universidade de Pittsburgh.

"Como os dados dos centros de envenenamento não representam a totalidade dos casos nos Estados Unidos, as acentuadas tendências ascendentes das exposições relatadas refletem um problema muito maior do que os números brutos sugerem".

Entre 2013 e 2017, as chamadas envolvendo abuso e uso indevido de gabapentina aumentaram quase 120%, enquanto os relatos de abuso ou uso indevido de baclofeno aumentaram quase 32% entre 2014 e 2017.

Ainda mais preocupante é que as chamadas sobre tentativas de suicídio envolvendo gabapentina aumentaram 80%, enquanto as chamadas sobre tentativas de suicídio com baclofeno aumentaram 43%. Co-ingestão de sedativos e opióides eram comuns para ambos os medicamentos.

Apenas 19 mortes envolvendo gabapentina foram identificadas como possíveis suicídios durante o período de cinco anos de estudo, mas houve milhares de ligações relacionadas à gabapentina a cada ano, codificadas como tentativa de suicídio - incluindo mais de 10.000 ligações apenas em 2017.

SOURCE: CLINICAL tOXICOLOGY

FONTE: TOXICOLOGIA CLÍNICA

"Seria esperado que os pacientes que receberam gabapentina e / ou baclofeno tivessem maior probabilidade de serem tratados por distúrbios de humor e dor, pois são freqüentemente comórbidos e a terapia se sobrepõe significativamente", disseram os pesquisadores.

“A gabapentina foi reconhecida especificamente por seu potencial uso indevido e desvio, efeito sinérgico com o uso de opióides e contribuição para os transtornos do uso. O uso indevido de baclofeno não foi descrito com tanta frequência, mas é observado de maneira anedótica e associado a toxicidade severa, dependência física e retirada complicada. ”

A gabapentina foi a décima droga mais amplamente prescrita nos EUA em 2017. As ligações para os centros de controle de intoxicação por gabapentina foram maiores no Kentucky e na Virgínia Ocidental, dois dos estados mais atingidos pela crise dos opióides. As ligações sobre o baclofeno foram maiores em Kentucky, Maine e Novo México.

Os pesquisadores recomendam que os pacientes que são prescritos gabapentina ou baclofeno sejam pré-selecionados quanto a transtornos por uso de substâncias, transtornos do humor e ideação suicida.

Atenção do FDA na Gabapentina


A Food and Drug Administration alertou em 2008 que todos os pacientes em tratamento com gabapentina ou dez outros medicamentos antiepiléticos devem ser informados sobre os riscos de pensamentos e ações suicidas.

O FDA revisou 199 ensaios clínicos dos medicamentos e descobriu que os pacientes que os receberam tinham quase o dobro do risco de comportamento ou ideação suicida (0,43%) do que os pacientes que receberam placebo (0,24%). Isso significa que haveria um caso adicional de pensamento ou comportamento suicida para cada 530 pacientes tratados com um medicamento antiepilético.

"Todos os pacientes que estão tomando ou iniciando qualquer medicamento antiepilético por qualquer indicação devem ser monitorados quanto a mudanças notáveis ​​no comportamento que possam indicar o surgimento ou agravamento de pensamentos suicidas, comportamento ou depressão", afirmou o FDA.

A gabapentina (Neurontin) e sua prima química pregabalina (Lyrica) pertencem a uma classe de medicação para nervos chamada gabapentinóides. Ambos os medicamentos foram desenvolvidos originalmente para tratar crises epilépticas, mas agora são amplamente prescritos fora do rótulo para tratar uma variedade de condições de dor crônica.

Um estudo sueco recente descobriu que os pacientes que tomavam gabapentinóides apresentaram taxas mais altas de overdose, suicídio e comportamento suicida do que a população em geral. Os riscos foram mais fortes em adolescentes e jovens adultos.

Uma revisão clínica recente encontrou poucas evidências de que os gapapentinóides devam ser usados ​​off-label para tratar a dor e que as diretrizes de prescrição frequentemente exageram sua eficácia. A controversa diretriz de opióides de 2016 do CDC, por exemplo, chama gabapentina e pregabalina de "medicamentos de primeira linha" para dor neuropática.

Em um novo rascunho de relatório financiado pelo CDC, os pesquisadores dizem que a gabapentina mostrou apenas "pequenas melhorias" na dor de pessoas com neuropatia periférica diabética e fibromialgia. Espera-se que o estudo da Agência de Pesquisa e Qualidade em Saúde (AHRQ) seja finalizado no início de 2020.





PL de atendimento completo no SUS a pacientes portadores de Fibromialgia: em 6 anos tramitando no Legislativo, somente 1/3 do caminho percorrido


Avance até 33:23 min para assistir a matéria sobre Projeto de Lei que, dará ao Portadores de Fibromialgia atendimento completo pelo SUS.
Este PL já foi aprovado na Câmara dos Deputados. Agora está tramitando no Senado.
Quem tem dor tem pressa, certo? Errado! Este PL é de 2013. Ou seja, está há 6 anos tramitando no Legislativo, e só percorreu 1/3 do caminho em 6 (seus) anos! Lamentável!

Divulguem, é importante a informação.


Fibromialgia: trabalho e incapacidade

Fibromialgia: trabalho e incapacidade

Muitas pessoas com fibromialgia continuam a trabalhar em período integral ou parcial. Mas a dor crônica e a fadiga associadas à fibromialgia geralmente dificultam o trabalho. Se você estiver empregado, é importante aprender sobre o gerenciamento dos sintomas da fibromialgia e como lidar com a dor e a fadiga. Além disso, se você tentou trabalhos diferentes e não consegue trabalhar, considere se candidatar a uma deficiência. A incapacidade pode ser difícil de obter, no entanto, devido a regras sobre a capacidade de trabalho.

Pessoas com fibromialgia poderão, no futuro, solicitar auxílio doença e aposentadoria sem necessidade de carência
foto da página https://www.gazetadopovo.com.br/viver-bem/saude-e-bem-estar/fibromialgia-isencao-carencia-para-auxilio-aposentadoria/

Pessoas com fibromialgia podem trabalhar?

Ao controlar a dor da fibromialgia e controlar o estresse diário, a maioria das pessoas com fibromialgia pode fazer quase tudo o que escolher. A menos que você tenha uma dor física diretamente relacionada ao trabalho, poderá fazer modificações simples no seu local de trabalho que permitam continuar trabalhando.

Que tipo de alterações no local de trabalho pode ajudar alguém com fibromialgia?

Primeiro, discuta abertamente sua fibromialgia com seu chefe e colegas de trabalho. Fale sobre os sintomas de dor, fadiga e rigidez. Explique como você pode ter bons e maus dias.

Explicar a fibromialgia dará às pessoas no trabalho uma idéia melhor do que você está sentindo a cada dia. Pergunte ao seu chefe se você pode descansar em dias ruins. Ou pergunte se você pode levar o trabalho para casa se estiver cansado. Pergunte se você pode entrar no sábado se perder um dia de trabalho para compensar o tempo perdido e a renda. Além disso, pergunte se você pode ter um espaço  em seu escritório para uma breve soneca na hora do almoço. Tirar uma soneca ao meio-dia ajuda muitas pessoas com fibromialgia e outras condições crônicas de saúde a funcionar no trabalho.

Existem diretrizes de modificação do local de trabalho para pessoas com fibromialgia?

Pessoas com fibromialgia podem usar as seguintes listas ao conversar com seu empregador sobre como fazer modificações. As listas vêm da Job Accommodation Network do Departamento de Trabalho dos EUA. Eles contêm recomendações para acomodações que os empregadores devem estar dispostos a considerar para os funcionários com fibromialgia.

Para abordar questões de concentração, os empregadores devem considerar:

*Fornecer instruções de trabalho por escrito, quando possível
*Priorizando atribuições de trabalho e fornecendo mais estrutura
*Permitindo horários flexíveis de trabalho e permitindo uma carga de trabalho individualizada
*Permitindo reorientar períodos de descanso periódicos
*Fornecendo recursos de memória, como agendadores ou organizadores
*Minimizando distrações
*Reduzindo o estresse no trabalho

Para lidar com a depressão e a ansiedade, os empregadores devem considerar:

*Reduzindo distrações no ambiente de trabalho
*Fornecendo listas de tarefas e instruções escritas
*Lembrar o funcionário de prazos e reuniões importantes
*Permitir tempo para aconselhamento
*Fornecer expectativas claras de responsabilidades e consequências
*Fornecendo treinamento de sensibilidade para colegas de trabalho
*Permitindo quebras usem técnicas de gerenciamento de estresse
*Desenvolvimento de estratégias para lidar com problemas de trabalho antes que eles surjam
*Permitir chamadas telefônicas durante o horário de trabalho para médicos e outras pessoas para suporte
*Fornecer informações sobre programas de aconselhamento e assistência a funcionários

Para lidar com o cansaço e a fraqueza, os empregadores devem considerar:

*Reduzir ou eliminar o esforço físico e o estresse no local de trabalho
*Planejando interrupções periódicas da estação de trabalho
*Permitindo um horário de trabalho flexível e uso flexível do tempo de férias
*Permitir que o funcionário trabalhe em casa
*Implementando o design ergonômico da estação de trabalho

Para lidar com enxaquecas, os empregadores devem considerar:

*Fornecendo iluminação de trabalho
*Eliminando a iluminação fluorescente
*Fornecimento de dispositivos de purificação do ar
*Permitindo horários flexíveis de trabalho e trabalho em casa
*Permitindo intervalos de descanso periódicos

Para abordar questões associadas a problemas de sono, os empregadores devem considerar:

*Permitindo horários flexíveis de trabalho e pausas frequentes
*Permitir que o funcionário trabalhe em casa
 

Posso obter incapacidade por causa da fibromialgia?

A Lei dos Americanos com Deficiências (ADA) não contém uma lista de condições médicas que constituem deficiências. Em vez disso, a ADA tem uma definição geral de deficiência que cada pessoa deve atender. Portanto, algumas pessoas com fibromialgia terão uma deficiência sob a ADA e outras não.

Como a fibromialgia é difícil de diagnosticar - normalmente, os profissionais de saúde excluem outras condições através de um exame físico e de vários exames de sangue - é importante que você faça sua lição de casa antes de solicitar a incapacidade.

De acordo com os regulamentos federais, para se qualificar para a deficiência, você deve provar que possui uma deficiência grave. Você também precisa provar que a deficiência limita sua capacidade física ou mental para fazer o trabalho.

Os regulamentos de deficiência da Seguridade Social definem deficiência como "a incapacidade de realizar qualquer atividade lucrativa substancial devido ao seu problema médico ou mental". Além disso, de acordo com a Administração do Seguro Social, sua condição deve interferir nas atividades básicas relacionadas ao trabalho. Caso contrário, sua reivindicação não será considerada. Em vez disso, o Seguro Social descobrirá que você não está desativado.

O efeito combinado de ter várias deficiências é levado em consideração. Isso pode ser importante para muitas pessoas com fibromialgia. Você deve ser incapaz de realizar seu trabalho anterior ou qualquer outra atividade lucrativa substancial. Sua idade e escolaridade são consideradas, assim como suas habilidades restantes e sua experiência profissional.

Como me inscrevo para pessoas com deficiência?

Para solicitar benefícios por incapacidade, ligue para o escritório do Seguro Social. Muitas informações podem ser fornecidas por telefone, correio ou pela Internet. Serão feitas perguntas específicas sobre como você tem problemas com as atividades diárias. E você precisará ser o mais específico possível, descrevendo suas limitações e por que você não pode trabalhar. Você será solicitado a fornecer os nomes e endereços de seus médicos. O escritório do Seguro Social entrará em contato com cada um para obter registros.

Que outra prova devo fornecer para pessoas com deficiência?

Descrever apenas os sintomas da fibromialgia não o qualificará para a incapacidade do Seguro Social. Você precisa ser específico sobre sinais e achados físicos relacionados à fibromialgia e dor e como isso afeta sua capacidade de trabalhar. A equipe do Seguro Social considerará todos os seus sintomas, incluindo dor.

Todas essas informações consideradas em conjunto devem levar à conclusão de que você está desativado antes de receber benefícios com deficiência. Se informações mais detalhadas forem necessárias, talvez você precise ser examinado por um médico aprovado pela Administração do Seguro Social.

E se eu não for aprovado para pessoas com deficiência?

É comum que pacientes com fibromialgia não sejam aprovados para incapacidade, principalmente com a primeira aplicação. Se você não for aprovado, terá o direito de apelar perante um juiz especializado nesses casos. Alguns pacientes com fibromialgia acham necessário ter a ajuda de um advogado durante o processo de apelação. Embora possa aumentar seus custos, a chance de seu caso ser aprovado é geralmente melhor se você tiver um advogado.

 

Que tipo de documentação é necessária para obter deficiência?

É importante obter documentação detalhada - relatórios - de seus médicos, incluindo psicólogos, no início de sua doença. Peça que seus médicos enviem documentação de todos os medicamentos prescritos, terapias e remédios necessários para resolver os sintomas da fibromialgia. Você também deve ser avaliado por um especialista em fibromialgia, geralmente um reumatologista. Este médico fará uma avaliação detalhada de seu comprometimento, juntamente com uma lista dos muitos testes e tratamentos usados ​​em sua condição.

Para obter mais detalhes sobre a deficiência e as medidas a serem tomadas, visite o site do Seguro Social ou ligue para o escritório local do Seguro Social.

Referência Médica WebMD Avaliado por David Zelman, MD em 24 de junho de 2019

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Excesso de vitaminas é um risco: pode levar à morte

Excesso de vitaminas | Entrevista

Excesso de vitaminas | Entrevista
Maria Helena Varella Bruna
Publicado em: 21 de janeiro de 2012
Revisado em: 18 de outubro de 2019


Embora sejam essenciais para a sobrevivência humana, a suplementação vitamínica é quase sempre desnecessária. Os alimentos naturais fornecem a quantidade de que o organismo precisa e o excesso de vitaminas pode ser prejudicial à saúde. 

As vitaminas são conhecidas há muito tempo e o conceito de que são absolutamente necessárias para a saúde perfeita faz parte da tradição popular. Todos nós, muitas vezes na vida, ouvimos dizer  “coma essa fruta, porque tem muita vitamina”, ou que vitamina C é um santo remédio para gripes e resfriados ou, ainda, que algumas vitaminas ajudam a retardar o envelhecimento.
Na época das caravelas que se dirigiam ao Novo Mundo, os marinheiros tinham escorbuto, uma doença provocada pela carência de vitamina C e que se manifestava quando eles deixavam de comer alimentos frescos, como frutas e verduras.
Como se vê, o apelo para o consumo de vitaminas é forte, vem de longe e acabou criando uma cultura, que poderia ser chamada de vitaminocultura, em função da qual muitas pessoas tomam desnecessariamente e sem critério grande quantidade desses micronutrientes todos os dias. Logo no café da manhã, são oito, dez, doze comprimidos de uma só vez, na esperança de ficarem mais saudáveis, fortes e rejuvenecidas. Embora sejam essenciais para a sobrevivência humana, a suplementação vitamínica é quase sempre desnecessária. Os alimentos naturais fornecem a quantidade de que o organismo precisa.

FUNÇÃO DAS VITAMINAS


Drauzio –­ Qual é a função das vitaminas no organismo?
Alberto de Macedo Soares – As vitaminas desempenham papel fundamental na constituição, elaboração e resposta das células que constituem nosso organismo, principalmente no que diz respeito às enzimas, substâncias que adiantam ou retardam uma reação orgânica. Organismo sem vitamina é organismo falido, não funciona de forma adequada. Por isso, as vitaminas presentes nos alimentos naturais são fundamentais para a sobrevivência humana.

Drauzio – Todos os alimentos naturais contêm vitaminas?
Alberto de Macedo Soares – Nem todos, mas as frutas e as verduras são os que mais contêm vitaminas em sua composição.

Drauzio – Uma dieta variada que inclua duas ou três porções de verdura e duas ou três porções de frutas por dia fornece a quantidade de vitaminas de que a pessoa necessita?
Alberto de Macedo Soares – Sem dúvida nenhuma. A grande maioria das pessoas com ingesta diária de frutas e verduras não precisa acrescentar nenhum tipo de vitaminas vendido nas farmácias.

VITAMINAS X RADICAIS LIVRES


Drauzio – Há um tipo de medicina chamado de ortomolecular que atribui às vitaminas papel antioxidante. A justificativa é que, nas reações normais para manter o metabolismo, nós produzimos radicais livres de oxigênio, ou seja, átomos altamente instáveis e reativos de oxigênio com número ímpar de elétrons na órbita externa, que oxidariam os componentes celulares. Como você vê a relação dos antioxidantes com as vitaminas?
Alberto de Macedo Soares – Nos processos inflamatórios, infecciosos e de exposição à radioterapia, ocorre uma produção exacerbada de radicais livres, o que fatalmente cria maior suscetibilidade e leva dano ao DNA e ao RNA. Além disso, doenças como catarata e hipertensão, por exemplo, também podem acarretar aumento na produção de radicais livres.
Testes in-vitro, dentro do laboratório, revelaram que as vitaminas exercem função inibitória na produção excessiva de radicais livres. Porém, quando se tentou aplicar essa experiência em seres humanos, verificou-se que o resultado não é o mesmo. Ao contrário – e temos insistido muito nesse sentido -, a possibilidade de as pessoas produzirem radicais livres aumenta com o uso de vitaminas. Isso mostra que o organismo humano é muito mais complexo do que qualquer ensaio laboratorial.

Drauzio – Está demonstrado que vitaminas em excesso aumentam a produção de radicais livres?
Alberto de Macedo Soares – Esse aumento de produção já vinha sendo observado desde o começo dos estudos e, hoje, na prática, estamos vivenciando o estrago que os trabalhos indicam e indicavam. Por exemplo, estudo científico realizado com betacaroteno, um precursor da vitamina A, para prevenir câncer de pulmão em fumantes, apontou que seu consumo fez crescer o número de casos da doença nos usuários.

Drauzio – Há dois trabalhos, um dinamarquês e outro nos Estados Unidos, com enorme casuística, que não deixam dúvida sobre essa ação do betacaroteno.
Alberto de Macedo Soares – São trabalhos multicêntricos, que envolvem milhares de pessoas e atestam o mesmo resultado.

Drauzio – Apesar disso, às vezes, pessoas saudáveis recebem orientação para tomar multivitaminas, entre elas betacaroteno, embora sejam fumantes.
Alberto de Macedo Soares – Isso é um erro. É uma conduta totalmente proscrita do ponto de vista científico.

E NÃO FIZER BEM…


Drauzio – Como os geriatras veem a ingestão excessiva de vitaminas?
Alberto de Macedo Soares – A Sociedade Brasileira de Geriatria vê com preocupação não só as correntes ortomoleculares, que propagam o uso de vitaminas e de antioxidantes em larga escala, mas também vê com preocupação as academias e outras sociedades ditas de “antienvelhecimento” (aliás, eu queria entender o que significa antienvelhecimento, pois, na minha concepção como geriatra, o único jeito de não envelhecer, é morrer precocemente). Por essa razão,  tem pedido o respaldo dos conselhos regionais e a punição devida, uma vez que o Conselho Federal de Medicina, no artigo 13, coloca como proibido o uso indiscriminado de megadoses de vitaminas. Entretanto, apesar do empenho, todos os dias recebemos pacientes que dizem: “Doutor, o meu café da manhã são oito comprimidos de vitaminas”, sem saber que com isso estão se expondo a riscos absolutamente desnecessários.

Drauzio – Muitas pessoas partem do princípio que, se vitamina não fizer bem, mal também não faz.
Alberto de Macedo Soares – Essa história de que vitamina, se não fizer bem, mal não faz, não procede. Como você bem colocou, antigamente, a tripulação dos navios tinha carência de vitamina C e desenvolvia escorbuto, uma doença que provoca sangramentos, porque os marinheiros passavam muito tempo em alto mar sem ingerir alimentos frescos. Hoje, porém, trabalhos mostram que a retirada abrupta de megadoses de vitamina C pode provocar um quadro semelhante ao de escorbuto, além de cálculo nos rins e distúrbios gastrintestinais.

VITAMINA C


Drauzio – Linus Pauling afirmava categoricamente que as pessoas deveriam tomar megadoses de vitamina C, dez gramas por dia pelo menos. Como recebeu dois prêmios Nobel (um de Bioquímica, porque fez um trabalho muito importante nessa área, e um prêmio Nobel da Paz) e era um grande cientista, sua recomendação tinha força especial. Na verdade, porém, Linus Pauling não era médico, nunca tinha estado com um doente em sua frente. Mesmo assim, os laboratórios multinacionais que produzem vitamina C fazem propaganda sugestiva afirmando que essa vitamina melhora a resistência física e ajuda a curar gripes e resfriados. Há fundamento científico para o uso de megadoses de vitamina C?
Alberto de Macedo Soares – Nossa necessidade diária de vitamina C é um e meio miligrama, uma porção infinitamente menor do que os dez gramas que indicava Linus Pauling para a prevenção do câncer. É público que, quando inquirido sobre o tumor de próstata que desenvolveu, mesmo tomando altas doses dessa vitamina, sua resposta foi que graças a ela tinha conseguido postergar o início da doença.
Atualmente, a medicina está baseada em evidências que surgem como resultado de megaestudos e envolvem milhares de pacientes. Não dá mais para considerar relatos de casos isolados, nem o “eu acho”, “tenho dois pacientes que melhoraram”, nem a experiência do vizinho.
Drauzio – Existem evidências de que a  vitamina C deva ser usada nas gripes e resfriados, doenças muito prevalentes e responsáveis, provavelmente, pelo maior consumo dessa vitamina?
Alberto de Macedo Soares – Não há. Aliás, um jargão difundido no tempo de nossos avós era: gripe, vitamina C e cama. Hoje, o geriatra não prescreve vitamina C e muito menos cama nos casos de gripe e resfriado. Vitamina C, porque as evidências são muito controversas nos pacientes imunocomprometidos, e colocá-los de cama pode representar fator predisponente para a pneumonia.
Em suma, a conclusão das sociedades de geriatria é que, na imensa maioria dos casos, não há a menor evidência de que a vitamina C deva ser indicada, apesar de ter demonstrado ação antioxidante nos tubos de ensaio, uma vez que essa resposta não ocorre nos seres humanos.

Drauzio – Você mencionou que o excesso de vitamina C pode provocar cálculos renais.
Alberto de Macedo Soares – Não só cálculos renais, mas distúrbios gastrintestinais e incômodo na bexiga porque acidifica a urina e isso provoca irritação.

VITAMINA E


Drauzio – Quais as consequências do uso excessivo da vitamina E?
Alberto de Macedo Soares – O que vemos, na prática da clínica, é que a vitamina E pode causar alterações na coagulação, distúrbios gastrintestinais, dor de cabeça crônica. Recentemente, dois estudos grandes mostraram que a vitamina E, largamente utilizada como coadjuvante no tratamento do mal de Parkinson e, em associação com outros medicamentos, nos portadores de Alzheimer como incrementadora da memória, não apresenta os efeitos apregoados e não deve mais ser prescrita para esses pacientes.

Drauzio – Recentemente, foi publicado um trabalho realizado por uma revista cientifica que condena o uso de vitamina E. Você poderia explicá-lo?
Alberto de Macedo Soares – Em 2005, causou grande impacto um trabalho sobre a vitamina E publicado pela revista americana Annuals of Internal Medicine, que avaliou os 19 maiores estudos a respeito dessa vitamina realizados nos últimos anos, e que incluíram quase 140 mil pacientes. A conclusão foi que a vitamina E deve ser abolida do receituário médico porque pode aumentar o índice de mortalidade.

INDICAÇÕES CORRETAS


Drauzio – Há situações em que as vitaminas devam ser indicadas?
Alberto de Macedo Soares – Existem algumas situações em que elas devem ser indicadas. É o caso da carência da vitamina B12, que pode provocar déficit de memória. Por exemplo: às vezes, depois de uma cirurgia de estômago ou de uma dieta alimentar inadequada, a pessoa começa a dar sinais de esquecimento e a família interpreta o fato como início da doença de Alzheimer. Essa é uma situação em que o paciente precisa ser avaliado para verificar se não está com deficiência de vitamina B12 no organismo, o que é feito por meio de uma simples coleta de sangue. Se estiver, é indicada a reposição dessa vitamina, na forma de injeções para facilitar absorção, durante algum tempo.
Outro exemplo é o da indicação de vitamina D para os portadores de osteoporose. Sabemos que a associação de vitamina D e cálcio altera a densidade dos ossos, pois ajuda a fabricar tecido ósseo.

Drauzio – Você acha que se deveria indicar vitamina D e cálcio para todas as mulheres que entram na menopausa?
Alberto de Macedo Soares – A associação de vitamina D e cálcio está indicada para pacientes com osteopenia. A menopausa é um dos fatores precursores da osteoporose, porque a menor produção de estrógeno, promove perda de massa óssea sem reposição suficiente, uma vez que os ossos se destroem e se formam a cada três meses. Então, no período de perimenopausa, diante de um exame de densitometria que mostre perda de densidade óssea característica não da osteoporose, mas da osteopenia, deve-se indicar a reposição de vitamina D e cálcio.

Drauzio – De qualquer modo, essa reposição não deve ser feita indiscriminadamente.
Alberto de Macedo Soares – Não indiscriminadamente. Na verdade, quanto menos medicamentos a pessoa tomar melhor. Essa é uma postura razoável, principalmente com os idosos que já fazem uso de uma polifarmácia, porque muitos têm pressão alta, colesterol elevado, artrose, problemas de estômago.

Drauzio – Para suprir a necessidade de cálcio, quanto de leite e derivados a pessoa deve ingerir por dia?
Alberto de Macedo Soares – As sociedades que lidam com ortopedia e geriatria preconizam 1,5g de cálcio por dia, o que reverte numa quantidade de alimentos que nem sempre a pessoa consegue ingerir. Por isso, muitas vezes, a reposição de cálcio tem de ser feita com comprimidos e suplementação farmacológica.

Drauzio – Quantos copos de leite correspondem a um grama e meio de cálcio?
Alberto de Macedo Soares – Seriam 12 copos de leite. Só que a pessoa não precisa tomar apenas leite. Se tomar quatro copos, comer duas fatias de queijo e brócolis, por exemplo, que tem bastante cálcio, estará reforçando a ingesta e beneficiando-se com isso.

USO NA ADOLESCÊNCIA E NA VELHICE


Drauzio – Acho que em dois momentos da vida se concentra mais o conceito da necessidade das vitaminas. Um é na adolescência, fase de crescimento, pois as mães temem que os filhos não consigam obter a quantidade suficiente de micronutrientes com a alimentação. A outra é na velhice. Nessas fases, o uso de vitaminas deve ser indicado? 
Alberto de Macedo Soares – Não é alvo da sociedade de geriatria verificar o uso de vitaminas na adolescência, mas a prática nos mostra que, muitas vezes, nessa idade, a suplementação não é contínua. Além disso, em geral, o adolescente não precisa tomar vitaminas, porque conta com um fator de proteção muito maior que é a atividade física. Ele é obrigado a fazer exercícios na escola e, em geral, frequenta academias.
O que vemos com preocupação, porém, – e aproveito a oportunidade para deixar um alerta – é que, nas academias, os adolescentes estão fazendo uso absolutamente equivocado de megadoses de vitaminas, de diuréticos e de hormônios. O resultado é que acabam tornando-se hipertensos aos 18, 20 anos de idade.
No que se refere aos idosos, na há coisa pior para o geriatra do que atender uma pessoa com estado geral comprometido e necessitando de um tratamento específico porque é portadora de uma doença, que está tomando vitaminas em doses altas prescritas durante uma consulta num serviço de saúde. Em tais casos, há dois aspectos prejudiciais a considerar. Número um: além de não se beneficiar em nada com as doses altas de vitamina, o idoso está se expondo a vários outros riscos. Número dois: a doença de que é portador deixa de ser tratada como deveria.
Muitas vezes, é a família preocupada que encaminha o idoso debilitado a profissionais de ética questionável que identificam carência disto ou daquilo pelo exame de um fio de cabelo ou de uma gota de sangue. Na verdade, o teste do cabelo só perde para o do dedinho.

Drauzio – Como é feito o exame do cabelo?
Alberto de Macedo Soares – Um fio de cabelo, retirado normalmente da região occipital, é mandado para os Estados Unidos, onde é feito um mineralograma do paciente para mapear suas carências e propor tratamento adequado.

Drauzio – O curioso é que parece sempre estar faltando selênio.
Alberto de Macedo Soares – Embora selênio seja um dos oligoelementos muito estudados na prevenção do infarto, um grande estudo mostrou que seu uso não traz benefícios.

Drauzio – E o teste do dedinho, como é feito?
Alberto de Macedo Soares – A pessoa vai ao consultório de um médico, volto a dizer, de ética questionável, que lhe retira uma gota de sangue do dedo e coloca-a numa lâmina para ser examinada no microscópio, o que torna possível ver as impurezas e os radicais livres andando de um lado para outro. Os pacientes se assustam, mas não podemos criticá-los por isso. Temos é de pedir aos conselhos regional e federal de farmácia uma atitude firme para inibir esse tipo de conduta.
Brecar o envelhecimento é uma proposta sedutora, mas inviável e inacessível.  Cabe-nos procurar envelhecer com qualidade de vida, com saúde, sem buscar medidas discutíveis e não comprovadas para retardar um processo absolutamente natural do organismo.

TRATAMENTOS MILAGROSOS


Drauzio – Qual é a sua posição a respeito de três tratamentos que dizem retardar o envelhecimento: as vitaminas, geralmente importadas e caríssimas que são aplicadas por via endovenosa, o ginkgo biloba e a procaína?
Alberto de Macedo Soares – São três tratamentos que as sociedades de geriatria não respaldam. Vamos começar pela infusão endovenosa de vitaminas. Na grande maioria das vezes, elas são administradas sem a menor necessidade. Raríssimas são as exceções em que a pessoa pode precisar de um suplemento vitamínico, mas nunca sob o pretexto de prevenir o envelhecimento. E tem mais: além de caríssimas, essas vitaminas costumam ser associadas a medicamentos que o Conselho Regional de Medicina proibiu a utilização.
O extrato de ginkgo biloba era indicado com a função de melhorar a memória. Infelizmente, está provado que não possui esse efeito, mas funciona para  controlar o zumbido crônico no ouvido, em certos casos. Assim como a osteoartrose pode acometer algumas áreas do corpo, alterações podem ocorrer nos ossículos do ouvido médio e produzir um som bastante desagradável.
Embora parcela importante dos pacientes se beneficiem com esse medicamento, ele não serve para todos os casos de zumbido e seu uso requer acompanhamento médico. Por quê? Porque nenhum remédio é inócuo e a gingko biloba pode exercer uma ação potencializadora e provocar sangramentos, principalmente, nos pacientes que tomam antiadesivos plaquetários, a aspirina por exemplo. Se a pessoa tomar anticoagulantes, então, pode ter sangramento mais intenso, uma hemorragia.
O uso de procaína é o mais condenado pela Sociedade de Geriatria. Quando me perguntam qual a situação em que ela deve ser indicada para um paciente, respondo: nenhuma. E não sou só eu. O Food and Drug Administration (FDA)um dos órgãos mais sérios no controle dos medicamentos, até hoje não autorizou nem liberou o uso de procaína, um anestésico que era utilizado pelos dentistas. Atualmente, nem isso. Eles encontraram coisa melhor.
No entanto, como a procaína tem discreta ação inibidora de uma enzima chamada monoamidoxidase, provoca certa sensação de euforia. A mídia volta e meia mostra relatos de pessoas que fizeram uso dessa droga e afirmam ter sentido a vida mudar. Sem contar o efeito placebo, uma vez que 30% dos portadores de uma doença melhoram tomando um comprimido de água e farinha, há pessoas que se dispõem a gastar US$ 4.000 a cada seis meses para fazer uso de uma substância de eficácia absolutamente não comprovada.
Pior ainda: a procaína tem sido descrita como medicamento que pode levar a distúrbios gastrintestinais, psiquiátricos, à confusão mental e até à convulsão. Por isso, não é indicada no Hospital das Clínicas, na Escola Paulista de Medicina, na Santa Casa de São Paulo, na Faculdade de Medicina de Santos, instituições que servem de centro de referência, porque congregam profissionais que lutam para manter-se atualizados.

Quem é Maria Helena? Maria Helena Varella Bruna é redatora e revisora, trabalha desde o início do Site Drauzio Varella, ainda nos anos 1990. Escreve sobre doenças e sintomas, além de atualizar os conteúdos do Portal conforme as constantes novidades do universo de ciência e saúde.

Suplementos vitamínicos podem ser perigosos

Suplementos vitamínicos podem ser perigosos

Estudos trazem alerta sobre o uso indiscriminado de suplementos vitamínicos.

Mariana Varella
Publicado em: 9 de abril de 2014
Revisado em: 18 de outubro de 2019

Pílulas de diversas cores sobre uma mesa.


A indústria das vitaminas e suplementos cresce a cada ano, gerando lucro de bilhões de dólares anualmente. Mas será que eles são mesmo benéficos ou podem fazer mal à saúde?
As publicações científicas americanas “Annals of Internal Medicine” e “Medscape” publicaram dois estudos e um editorial a respeito da relevância do uso de multivitamínicos no tratamento de doenças crônicas.
O primeiro estudo foi multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado e randomizado e incluiu mais de 1700 pacientes com 50 anos ou mais. Todos haviam sofrido ataque cardíaco recentemente. Os pacientes foram divididos em três grupos: um recebeu multvitamínicos, outro complexo de minerais e o terceiro, placebo, e todos foram acompanhados por quase 3 anos. Os resultados mostraram que as vitaminas extras não protegeram o coração e não pareceram proteger contra eventos cardiovasculares secundários.
O segundo estudo observou os efeitos das vitaminas na cognição e, para isso, acompanhou quase 6 mil médicos do sexo masculino com 65 anos ou mais por 12 anos. Nesse estudo foram conduzidas avaliações cognitivas iniciais e intermitentes. Chegou-se à conclusão que o uso de vitaminas não desacelerou a perda cognitiva e não trouxe mudança nos índices de memória verbal nem na cognição daqueles que tomaram vitaminas em comparação com os que não tomaram.

A revisão de 26 estudos que observam os prós e contras do uso de suplementos na prevenção de doença cardíaca, câncer e morte não encontrou evidências de benefícios no uso de vitaminas.
Conclusão: Adultos bem nutridos não precisam de suplementos vitamínicos. Além de não haver benefícios claros em seu consumo, eles podem fazer mal e não devem ser usados para tratar doenças crônicas.
E mais: o editorial menciona o perigo de se consumir especificamente beta-caroteno, vitamina E e altas doses de vitamina A. O beta-caroteno aumenta o risco de câncer de pulmão em fumantes; suplementos com vitamina E foram relacionados a aumento de mortalidade por todas as causas.
Há uma exceção: a vitamina D. Como o papel da suplementação da vitamina D ainda é tema de investigação, especialmente para quem tem deficiência dessa vitamina, são necessários mais estudos para se chegar a uma conclusão a respeito. Contudo, mesmo quanto à vitamina D, não há evidência concreta de que seus benefícios superem os malefícios.
Apenas um grupo necessita de suplementação de vitamina: as mulheres que pretendem ou podem engravidar. Para elas, a suplementação de ácido fólico é importante porque previne defeitos no tubo neural do feto.
Mariana Varella é editora do Portal Drauzio Varella. Formada em Ciências Sociais pela USP, atua na área de jornalismo de saúde, com foco em saúde da mulher. @marivarella
Texto original

O microbioma intestinal em doenças e saúde


RESUMO DA PESQUISA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O microbioma intestinal em doenças e saúde

Escrito por Miguel Principe em 3 de dezembro de 2019



Existem milhares de espécies bacterianas diferentes vivendo dentro de nosso intestino. Esse ambiente, chamado microbioma intestinal, fornece ao corpo as principais vitaminas e garante um sistema imunológico saudável. A composição do microbioma intestinal é fundamental: a disbiose, uma condição que ocorre quando bactérias "ruins" tomam conta do intestino, está ligada a uma ampla variedade de doenças que variam da doença inflamatória intestinal ao distúrbio do espectro do autismo.


Um grupo de pesquisadores da McGill e da Université de Montréal descobriu que a disbiose está frequentemente relacionada à fibromialgia, uma doença marcada por dor crônica, fadiga constante e problemas gastrointestinais.



Seus resultados foram publicados em um artigo na revista Pain, em novembro. Amir Minerbi, médico-cientista da dor no Rambam Health Campus em Haifa, Israel, foi um dos principais pesquisadores do artigo.



"A fibromialgia é muito frustrante para os pacientes", disse Minerbi em entrevista ao The McGill Tribune. “Eles parecem bem por fora, mas por dentro [...] parece estar com gripe há muito tempo [...]. É frustrante para os médicos, porque não somos bons em diagnosticar fibromialgia. São necessários quatro anos para diagnosticar e [...] após o diagnóstico, mesmo com o melhor tratamento, [o paciente] ainda pode [experimentar] os sintomas. ”
Essa frustração foi o catalisador para investigar a relação entre o intestino e a fibromialgia. Sua hipótese foi justificada, uma vez que o microbioma tem sido associado a outros distúrbios da dor crônica, como disfunção pélvica crônica e síndrome da fadiga crônica.
No estudo, os pesquisadores coletaram amostras de fezes de pessoas com e sem fibromialgia. Através do sequenciamento do DNA bacteriano encontrado nas amostras de fezes, eles descobriram que as pessoas com fibromialgia tinham mais espécies bacterianas associadas a fatores como inflamação, inibição da atividade cerebral e metabolismo de ácidos orgânicos em seu microbioma. Além disso, pacientes com sintomas mais pronunciados de fibromialgia apresentaram maiores quantidades de bactérias associadas a esses fatores.



Esses achados, no entanto, ainda são preliminares e representam apenas uma correlação e não uma causa. Ainda existe a possibilidade de a fibromialgia causar um microbioma alterado, e não o contrário. No entanto, isso abre as portas para um melhor diagnóstico e tratamento da fibromialgia através do exame da saúde dos microbiomas dos pacientes.
Promover um microbioma intestinal saudável pode envolver a incorporação de uma ampla variedade de alimentos fermentados e à base de plantas com muitos prebióticos na dieta de uma pessoa. Os prebióticos são compostos que alteram o microbioma intestinal para produzir micróbios benéficos. Eles estão freqüentemente ausentes da atual dieta ocidental, caracterizada por grandes quantidades de carne e alimentos processados.
Na McGill, o Projeto Microbiome visa promover boas bactérias e evitar a disbiose. Fundado por Julian Russell, U2 Agricultural and Environmental Sciences, e John Weilenmann, M1 Agricultural and Environmental Sciences, o clube organizou vários workshops sobre como fazer todos os tipos de alimentos, como molhos quentes e vinhos naturais, baseados em fermentação e portanto, contêm muitas bactérias vivas chamadas probióticos. O grupo espera evitar produtos químicos artificiais comumente usados ​​em produtos comerciais. Eles também têm como objetivo abordar outros aspectos da vida que promovem um microbioma saudável, como se exercitar e dormir o suficiente.


"Nós nos concentramos em vários tipos de fermentação, bem como em um componente do estilo de vida", disse Russell. “Um corpo saudável e um intestino saudável andam juntos, por isso incentivamos as pessoas a fazerem exercícios e dormirem seriamente [...] Se você não está vivendo um estilo de vida saudável, isso impactará negativamente as boas bactérias que vivem em você, [permitindo] que você seja suscetível a patógenos. ”


tradução do texto original https://www.mcgilltribune.com/sci-tech/the-gut-microbiome-in-disease-and-health-031219/

Pessoas com fibromialgia terão atendimento preferencial - Campinas

Pessoas com fibromialgia terão atendimento 

 preferencial


Pacientes com a doença terão filas e vagas para estacionamento exclusivas, assim como gestantes, idosos e pessoas com deficiência



A Prefeitura de Campinas publicou nesta segunda-feira (23), no Diário Oficial, a lei que concede o atendimento preferencial a pessoas com fibromialgia, doença crônica que provoca dores generalizadas.

Dessa forma, pessoas com fibromialgia terão o mesmo atendimento recebido por idosos, pessoas com deficiência e gestantes, inclusive com reserva de vagas em estacionamentos.

Segundo a publicação no Diário Oficial, a identificação dos beneficiários se dará por meio de cartão ou adesivo expedido pelo órgão municipal competente, mas que a lei ainda deverá ser regulamentada para definir de que forma isso será feito.

O projeto de lei é dos vereadores Vinícius Gratti (PSB) e Zé Carlos (PSB).

SAIBA MAIS

A fibromialgia é uma síndrome dolorosa idiopática, crônica e não articular, com pontos dolorosos generalizados. É uma doença multissistêmica caracterizada por distúrbios do sono, fadiga, dor de cabeça, rigidez matinal, parestesias e ansiedade.

A fibromialgia é um distúrbio comum, que ocorre em todas as populações. Afeta 0,5% a 5% da população em geral. As mulheres entre 40 e 60 anos são a maioria, com uma proporção de acometimento de mulheres para homens de 8 a 10:1.

As causas não são definidas. Embora não haja consenso para o tratamento, há evidências de que uma abordagem multidimensional com educação do paciente, terapia comportamental cognitiva, cinesioterapia, fisioterapia e terapia farmacológica pode ser eficaz.