Seja Bem Vindo ao Universo do Fibromiálgico

A Abrafibro - Assoc Bras dos Fibromiálgicos traz para você, seus familiares, amigos, simpatizantes e estudantes uma vasta lista de assuntos, todos voltados à Fibromialgia e aos Fibromiálgicos.
A educação sobre a Fibromialgia é parte integrante do tratamento multidisciplinar e interdisciplinar ao paciente. Mas deve se estender aos familiares e amigos.
Conhecendo e desmistificando a Fibromialgia, todos deixarão de lado preconceitos, conceitos errôneos, para darem lugar a ações mais assertivas em diversos aspectos, como:
tratamento, mudança de hábitos, a compreensão de seu próprio corpo. Isso permitirá o gerenciamento dos sintomas, para que não se tornem de difícil do controle.
A Fibromialgia é uma síndrome, é real e uma incógnita para a medicina.
Pelo complexo fato de ser uma síndrome, que engloba uma série de sintomas e outras doenças - comorbidades - dificulta e muito os estudos e o próprio avanço das pesquisas.
Porém, cientistas do mundo inteiro se dedicam ao seu estudo, para melhorar a qualidade de vida daqueles por ela atingidos.
Existem diversos níveis de comprometimento dentro da própria doença. Alguns pacientes são mais refratários que outros, ou seja, seu organismo não reage da mesma forma que a maioria aos tratamentos convencionais.
Sim, atualmente compreendem que a síndrome é "na cabeça", e não "da cabeça". Esta conclusão foi detalhada em exames de imagens, Ressonância Magnética Funcional, que é capaz de mostrar as zonas ativadas do cérebro do paciente fibromiálgico quando estimulado à dor. É muito maior o campo ativado, em comparação ao mesmo estímulo dado a um paciente que não é fibromiálgico. Seu campo é muito menor.
Assim, o estímulo dispara zonas muito maiores no cérebro, é capaz de gerar sensações ainda mais potencialmente dolorosas, entre outros sintomas (vide imagem no alto da página).
Por que isso acontece? Como isso acontece? Como definir a causa? Como interromper este efeito? Como lidar com estes estranhos sintomas? Por que na tenra infância ou adolescência isso pode acontecer? Por que a grande maioria dos fibromiálgicos são mulheres? Por que só uma minoria de homens desenvolvem a síndrome?
Estas e tantas outras questões ainda não possuem respostas. Os tratamentos atuais englobam antidepressivos, potentes analgésicos, fisioterapia, psicoterapia, psiquiatria, e essencialmente (exceto com proibição por ordem médica) a Atividade Física.
Esta é a parte que têm menor adesão pelos pacientes.
É dolorosa no início, é desconfortante, é preciso muito empenho, é preciso acreditar que a fase aguda da dor vai passar, trazendo alívio. Todo paciente precisa de orientação médica e/ou do profissional, que no caso é o Educador Físico. Eles poderão determinar tempo de atividade diária, o que melhor se adequa a sua condição, corrige erros comuns durante a atividade, e não deixar que o paciente force além de seu próprio limite... Tudo é comandado de forma progressiva. Mas é preciso empenho, determinação e adesão.

TRADUTOR

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

INSS vai dificultar auxílio-doença e aposentadorias por invalidez

21/01/2014 - 22h42 - Atualizado em 21/01/2014 - 23h43



Com déficit de R$ 50 bi em 2013, Previdência vai apertar o cerco contra concessão de benefícios


O governo deve apertar as regras de concessão de benefícios por invalidez ou doença por causa do aumento do rombo nas contas da Previdência Social em 2013, quando foi registrado déficit de R$ 49,9 bilhões. Os dados foram publicados ontem em matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo e devem ser divulgados nesta semana.

O Executivo esperava um “equilíbrio” na comparação com 2012, ano em que a conta ficou negativa em R$ 42,3 bilhões. A surpresa na alta dos gastos é explicada no governo pelo pagamento, por decisão judicial, de quase R$ 3 bilhões em passivos acumulados de anos anteriores.

Pesaram no rombo as revisões do teto da Previdência, causadas pelos benefícios com reajuste acima da inflação, e o recálculo de auxílios-doença e aposentadorias por invalidez cujos beneficiários tinham feito menos de 180 contribuições.

Por isso, a Previdência busca meios para apertar as regras de concessão de desses dois benefícios, cujas despesas atingiram R$ 65,4 bilhões em 2013.
O foco é reduzir os auxílios de longa duração, cuja despesa somaria R$ 7 bilhões anuais.
As normas sob avaliação de um grupo interministerial vão incorporar o chamado Plano de Reabilitação Integral. A partir da recomendação da perícia médica do INSS, o beneficiário fará uma reabilitação física e profissional conjunta. A situação seria reavaliada a cada dois anos. A situação é considerada grave.

Fatias

Do total de benefícios, 18% são por invalidez. O governo quer baixar ao nível “aceitável” de 10%. O plano no Regime Geral da Previdência Social (RGPS) é cortar em 40% o total desses benefícios até 2024, o que resultaria em economia de R$ 20 bilhões no último ano. Em uma década, haveria economia de R$ 108 bilhões aos cofres públicos.

Para ter êxito, após uma determinada cirurgia, por exemplo, o beneficiário passará a ser acompanhado. Se não for possível voltar à função original, a empresa indicará outro posto compatível com o salário e a qualificação, respeitadas limitações físicas e de aptidão.

Na avaliação do governo, em casos mais graves, seria possível reduzir os custos. Seria pago auxílio-acidente, benefício de curta duração e valor bem menor que aposentadorias por invalidez e auxílios-doença. “Todo mundo ganha. O trabalhador continua a contribuir, recebe um benefício, ainda que menor, e o soma ao salário”, resume o secretário de Políticas de Previdência, Leonardo Rolim.

As mudanças que vêm por aí

Déficit
A Previdência busca meios para apertar as regras de concessão de auxílios-doença e invalidez, cujas despesas atingiram R$ 65,4 bilhões em 2013. O foco é reduzir os auxílios de longa duração, cuja despesa somaria atualmente R$$ 7 bilhões anuais.

Reabilitação
As normas sob avaliação de um grupo interministerial vão incorporar, segundo informou o Ministério da Previdência, o chamado Plano de Reabilitação Integral. A partir da recomendação da perícia médica do INSS, o beneficiário fará uma reabilitação física e profissional conjunta. A situação seria reavaliada a cada dois anos.

Invalidez
Do total de benefícios concedidos todo ano, 18% são por invalidez. O governo quer baixar ao nível “aceitável” de 10% do total, índice semelhante ao imposto pela União Europeia à Grécia após a crise que quebrou o país.

Pronatec
Para chegar a esse índice, uma das medidas seria o acompanhamento do beneficiário após uma determinada cirurgia, por exemplo. Se não for possível voltar à função original, a empresa indicará outro posto compatível com o salário e a qualificação, respeitadas limitações físicas e de aptidão. O governo fará um esforço conjunto de suas áreas para requalificar, via programas com o Pronatec, e até recolocar o profissional no mercado, a partir da base de dados do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

Até março
Um grupo interministerial deve aprovar as regras até março.

Regras para liberar pensões vão ficar mais duras

Benefício que custa 3% do Produto Interno Bruto (PIB) ao país em todos os regimes previdenciários, as pensões por morte devem ter suas normas alteradas em breve.
Consideradas em recente estudo do Banco Mundial como as regras mais favoráveis do mundo, o modelo brasileiro tem contribuído bastante com os históricos de grandes déficits da Previdência. O país gasta R$ 140 bilhões por ano com essas pensões”.

Um dos alvos preferenciais do governo na reforma das regras é a concessão vitalícia pelo limite máximo do benefício (hoje em R$ 4.390 mensais) mediante o pagamento de uma única contribuição.

Solução sob avaliação é elevar exigências, aplicar fatores de ponderação e impor limites para essa concessão.

Outro alvo, cujo custo pesa nos cofres públicos, é a concessão integral do valor do benefício, independentemente do número de filhos dependentes. A alternativa em estudo é fixar um índice sobre o salário, agregando um adicional para cada filho até 21 anos.

Também na mira está a chamada reversão da cota, mecanismo pelo qual filhos maiores de 21 anos repassam pensão à mãe.

Fonte: Gazeta On Line

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A vitamina D pode ajudar na dor da Fibromialgia

Os pacientes que pensam que são deficientes no nutriente devem consultar o seu médico primeiro, dizem especialistas.

Sexta-feira 17 janeiro, 2014 ( HealthDay News) - As pessoas que sofrem da dor crônica da fibromialgia pode beneficiar de tomar suplementos de vitamina D, se eles sofrem de baixos níveis da vitamina , um novo estudo da Áustria sugere.

Não há cura para a fibromialgia, que pode levar à dor, fadiga e vários outros sintomas  disseram os pesquisadores. A causa exata da doença permanece obscura .

No estudo, os pesquisadores liderados pelo Dr. Florian Wepner , do Hospital Ortopédico Viena Speising , buscou descobrir se há uma ligação entre os níveis de vitamina D de um paciente e a dor crônica da fibromialgia. A vitamina D é muitas vezes chamado de " vitamina do sol ", porque ele é fabricado pelo corpo através da atividade da luz solar sobre a pele.

A equipe de Wepner lançou um estudo randomizado, controlado em 30 mulheres com fibromialgia que também tinham baixos níveis de vitamina D. Algumas das mulheres tomaram suplementos por 25 semanas e então foram acompanhados por mais 24 semanas.

Reportagem na edição de fevereiro da revista Pain, os pesquisadores disseram que aqueles que tomaram suplementos relataram menos dor e fadiga matinal ao longo do tempo, do que aqueles que não receberam os suplementos.

" [ A vitamina D] pode ser considerado como um tratamento relativamente seguro e econômico e uma alternativa extremamente rentável ou complemento ao tratamento farmacológico caro ", disse Wepner em uma nota de imprensa do jornal.

Níveis de vitamina D devem ser monitorizados em pacientes com fibromialgia - especialmente no inverno, quando os níveis podem ser mais baixos devido à menor exposição ao sol - e ajustado , se necessário , disse Wepner .

Embora o estudo foi capaz de encontrar uma associação entre suplementação de vitamina D e um abrandamento da dor da fibromialgia , não prova uma relação de causa e efeito .

No entanto, dois especialistas sobre a doença disse que os resultados fazem sentido.

"Os pacientes com fibromialgia e aqueles com dor crônica certamente deve ter seus níveis sanguíneos de vitamina D verificados e , se baixo , considere a suplementação sob a orientação de um médico ", disse Kiran Patel , especialista em medicina da dor no Hospital Lenox Hill em Nova York que muitas vezes trata as pessoas com fibromialgia.

Dr. Houman Danesh , diretor de gerenciamento de dor integrativa no Hospital Mount Sinai , em Nova York , concordou. " A deficiência de vitamina D tem sido associada a dor crônica, e este estudo reforça o argumento para [ reabastecer ] vitamina D em indivíduos com deficiência ", disse ele .

"É importante notar que esses pacientes estavam sob os cuidados de um médico durante a reposição [ vitamina ] , e que levou meses para os benefícios a serem mostradas ", disse Danesh . " Isto é esperado , como a vitamina D é uma vitamina solúvel em gordura e é armazenado nas células de gordura . Quando um paciente tem baixos níveis , as lojas precisam ser [ reabastecido ] , e isto leva semanas ou meses para ocorrer . "

Danesh advertiu  no entanto que, as pessoas que se preocupam que são deficientes em vitamina D devem sempre verificar com o seu médico antes de tomar suplementos. Levando-se em excesso de vitamina D pode realmente ser tóxicos e causar danos , disse ele.

"Os pacientes devem consultar seu médico se pensam que são deficientes e terem seus níveis verificados na avaliação clínica ", disse ele .

Fonte: http://www.webmd.com/fibromyalgia/news/20140117/vitamin-d-supplements-may-help-ease-fibromyalgia-pain-study?ecd=wnl_fib_012814&ctr=wnl-fib-012814_ld-stry&mb=uA30JTD2N3zgES%409naFoweHnVev1imbCBLXaX73qsGU%3d

sábado, 18 de janeiro de 2014

Suplementos de vitamina D podem ajudar a reduzir a dor aos que sofrem com a fibromialgia







17 de janeiro de 2014  

Os pacientes com  Síndrome da Fibromialgia (FM) normalmente têm dor crônica generalizada e fadiga. Para aqueles com níveis baixos de vitamina D, suplementos desta vitamina podem reduzir a dor e. pode ser uma alternativa de baixo custo ou, complemento a outros tratamentos, dizem os pesquisadores na edição atual da "Pain" ® .


Além de dor e fadiga, indivíduos com diagnóstico de fibromialgia podem apresentar distúrbios do sono, rigidez matinal, dificuldade de concentração e, ocasionalmente, sintomas mentais leves a graves, tais como ansiedade ou depressão. A condição pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, resultando em perda de emprego e/ou retirada da vida social. Não há cura e nenhum tratamento irá abordar todos os sintomas, mas alguns sintomas podem ser aliviados por fisioterapia, terapia cognitivo-comportamental, terapia medicamentosa temporária (como amitriptilina, duloxetina, ou pregabalina) e terapias multimodais.
O calcifediol (também conhecido como calcidiol, 25-hidroxicolecalciferol, ou 25-hidroxivitamina D é um pré-hormônio produzido no fígado pela enzima colecalciferol (vitamina D3). O calcifediol é então convertido para o calcitriol (1,25-(OH)2D3), que é a forma ativa da vitamina D. A concentração sanguínea de calcifediol é considerado o melhor indicador de status da vitamina D.
Pesquisadores levantaram a hipótese de que a suplementação de vitamina D poderia reduzir o grau da dor crônica experimentada por pacientes de SFM com baixos níveis de calcifediol e também poderia melhorar outros sintomas. “Baixos níveis sanguíneos de calcifediol são especialmente comuns em pacientes com dores intensas e fibromialgia. Mas, apesar do papel do calcifediol na percepção da dor crônica ser um assunto amplamente discutido, falta-nos uma clara evidência do papel da suplementação de vitamina D em pacientes com fibromialgia, “diz o pesquisador principal Florian Wepner, MD, do Departamento de Gestão de Dores Ortopédicas, Unidade Spine, Orthopaedic Hospital, Speising, Viena, Áustria. “Estamos, portanto, preparados para determinar se o aumento nos níveis de calcifediol nestes pacientes poderia aliviar a dor e causar uma melhora geral nos distúrbios concomitantes.”
Em um ensaio clínico randomizado, 30 mulheres com SFM com baixos níveis séricos de calcifediol (abaixo de 32ng/ml) foram randomizadas para um grupo de tratamento ou de controle. A meta para o grupo de tratamento era para atingir níveis séricos de calcifediol entre 32 e 48ng/ml por 20 semanas através de suplementos orais de colecalciferol. Os níveis séricos de calcifediol foram reavaliados após cinco e treze semanas e a dose foi avaliada com base nos resultados. Os níveis de calcifediol foram medidos novamente 25 semanas após o início da suplementação, no momento em que o tratamento foi descontinuado e após mais 24 semanas sem a suplementação.
Vinte e quatro semanas após a suplementação ser interrompida, uma redução acentuada no nível de dor percebida ocorreu no grupo de tratamento. Entre a primeira e a 25a semana de suplementação, o grupo de tratamento teve uma melhora significativa em uma escala funcional de desempenho físico, enquanto que o grupo placebo permaneceu inalterado. O grupo de tratamento também pontuou melhoras significativas em um Questionário sobre o Impacto da Fibromialgia (QIF) sobre a questão da “fadiga da manhã.” No entanto, não houveram alterações significativas na depressão ou nos sintomas de ansiedade.
“Acreditamos que os dados apresentados no presente estudo sejam promissores. A SFM é muito ampla de sintomas complexos que não podem ser explicados apenas pela deficiência de vitamina D. No entanto, a suplementação de vitamina D pode ser considerada como um tratamento relativamente seguro para pacientes de SFM e uma alternativa extremamente econômica ou um complemento aos tratamentos farmacológicos dispendiosos, assim como às terapias físicas, comportamentais e multimodais “, diz Wepner. “Os níveis de vitamina D devem ser monitorados regularmente em pacientes com SFM, especialmente na temporada de inverno, e aumentados de forma adequada.”

tradução: Abrafibro

domingo, 12 de janeiro de 2014

Fibromialgia: construção e realidade na formação dos médicos

Rev. Bras. Reumatol. vol.46 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2006

http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042006000100011 


Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Rejane Leal Araújo
Médica: Fellow em Reumatologia, UVA-USA, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professora de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)

PROBLEMAS ATUAIS NOS MODELOS DE CONSTRUÇÃO DAS DOENÇAS
A construção conceitual da síndrome da fibromialgia (FM) como doença, das suas superposições ou co-morbidades e das suas relações com a fragmentação do conhecimento no atual contexto sociohistórico constituem um grande desafio para o exercício do médico. Sua identificação segue os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR-1990), os quais foram desenvolvidos com o propósito de analisar resultados interinstitucionais da avaliação de grupos populacionais semelhantes, embora também possam ser utilizados para diagnósticos individuais(1).
O estudo dos atuais modelos para as construções científicas da FM, e outras síndromes expressas por sintomas, estimula o desenvolvimento de outras percepções, absorvidas com a inserção do terceiro fator, além do sujeito e do objeto, que é o estado do conhecimento(2). O rótulo fibromialgia permitiu acalmar os médicos que passaram a dispor de um termo biomédico para se comunicarem e explicarem aos pacientes, que se sentiram satisfeitos com a validação de seus sintomas como reais e não como simulados.
Goldenberg(3) afirma que, apesar do número crescente de publicações, pouco progresso tem sido feito para a compreensão ou tratamento desse distúrbio e seu conceito permanece controverso, incluindo aqueles que continuam a questionar sua existência e sua utilidade diagnóstica.
A prevalência da FM de 0,5 a 4% nos países industrializados(4), acrescida pela superposição das síndromes semelhantes, mas com linguagens diferentes, implica em gastos socioeconômicos e desgastes individuais, familiares e sociais, para entender e explicar problemas de saúde, rotulados como síndromes em sua multiplicidade de conotações biomédicas, genéticas, psicológicas, cognitivas e socioculturais.

ESTUDO DAS RELAÇÕES SOCIOHISTÓRICAS: EPISTEMOLOGIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE
As propostas epistemológicas atuais para transformação do modelo de construção do conhecimento científico determinam mudanças na dinâmica e na qualidade dos modos de pensar, pois excluem as neutralidades e inserem a participação contextual, evoluem do estático para o processual e estudam a complexidade com o emaranhado de ações, interações e retroações.
Deste modo, o exercício do pensamento complexo implica em transformações na conceituação dos binômios como: pensamento estático/processual, dissociado/complexo, saúde/doença, unidade/todo, unicausal/multicausal, biomédico/biopsicossocial. Com esse interesse, Araújo(5) estudou a relação entre o modelo atual de construção dos distúrbios como a FM com os modelos epistemológicos fragmentados que dominaram o século XX, conhecidos como cartesianos, ainda hegemônicos nas teorias e práticas atuais da educação e da saúde. Destaca que a fragmentação do modelo da educação médica americana de Flexner(6), seguido pelo Brasil, priorizou as teorias e as práticas restritas ao biomédico, separadas em disciplinas, ensinadas por médicos especialistas. Este modelo, que domina as construções diagnósticas atuais, se limita aos sintomas do domínio de cada especialista, com baixo grau de representatividade para a composição do todo do indivíduo.
Apesar das diferenças nos rótulos diagnósticos especializados, os pacientes têm em comum o comportamento da vigília constante (ansiedade/angústia), são, em sua grande maioria, do gênero feminino e tendem a se apresentar com uma variedade de sintomas crônicos associados a distúrbios de humor (depressão) e distúrbios do sono (insônia). Os sintomas, como a dor, estudados e interpretados por especialistas, ficam restritos às construções de um saber delimitado: sabem muito de um determinado assunto, mas muito pouco do restante. Com base nesses e em outros dados, Araújo(5) propõe a tríade da depressão, insônia e dor/fadiga como representativa da dinâmica integrada pelos fatores físicos biomédicos, psicoemocionais, comportamentais e socioculturais para justificar o significado e a expressão das diferentes síndromes crônicas, co-mórbidas ou em overlap com a FM. Seu estudo fundamentou-se na categoria epistemológica, o estilo de pensamento (thought style)(7), descrita pelo médico e filósofo polonês Ludwig Fleck (1935). O estilo de pensamento foi definido como um perceber dirigido com a correspondente elaboração intelectiva e objetiva do percebido. Comparado à categoria paradigma (Kuhn, 1962), consiste em uma determinada atitude, e também ao tipo de execução que a consuma (integra a teoria e a prática).
Diferentes autores(8-11) utilizam estilo de pensamento como categoria para documentar os problemas que surgem pela aplicação do modelo cartesiano utilizado no século passado para a construção do conhecimento científico. O estudo e a aplicação dos diferentes elementos que compõem o estilo/coletivo de pensamento permitiram constatar que apesar da uniformidade curricular do curso de graduação, os médicos se distanciam pelas suas formações especializadas durante as residências médicas. Os especialistas estudam e pensam assuntos relativos a seus compartimentos especializados, com suas linguagens próprias, exercícios fragmentados e freqüentam congressos restritos a suas especialidades. Esse modelo acentua a formação reduzida a assuntos especializados, compondo coletivos de pensamento dissociados, que constroem estilos de pensamento com incongruência de linguagens. Os médicos não são formados para entender a unicidade de cada indivíduo e construir modelos que expliquem a complexidade dos doentes e as propostas da interação biopsicossocial na saúde.
Na Tabela 1 são apresentadas diferentes construções diagnósticas superpostas, como a FM, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, a dor miofacial regional e a depressão, fruto das construções por estilos de pensamento especializados e fragmentados. São restritas à expressão isolada dos sintomas, que não abrangem a relação biomédica com os aspectos sociocognitivos, embora esses possam representar o significado, ou seja, a essência comum a muitos dos pacientes. Omite a importância do perfil cognitivo de entender, reagir ou conviver com seus sintomas e problemas.


MODELO DE CONSTRUÇÃO DA SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
A FM, ao exibir como critérios objetivos os pontos dolorosos, estabelece dificuldades de precisão que envolvem o subjetivo da expressão do paciente e o da interpretação médica. Clauw(12) defende  que pelo menos metade dos indivíduos que recebem o diagnóstico clínico da FM não preenche sua definição e que aproximadamente 25% das pessoas com desordens sistêmicas inflamatórias podem ter positivos os critérios do ACR para essa síndrome. Esse autor ressalta que os critérios de classificação nunca tiveram a intenção de serem aplicados com o propósito de diagnóstico individual. Comenta que os pontos dolorosos medem não apenas a sensibilidade, mas também o modo de lidar com o estresse, influenciado por diferentes fatores como: gênero feminino, aumento da idade, deficiência do condicionamento físico e desordens do humor. Rao e Clauw(13) conferiram o nome de síndromes funcionais somáticas (SFS) para classificar grupo semelhante de desordens relativas aos pacientes com as características relatadas anteriormente.
Contextualizar a dinâmica da FM como a ruptura de um continuum construído pelo paciente com seu modo de lidar com estresses abre perspectivas que implicam nos diferentes significados das doenças e suas responsabilidades individuais e sociais, como nos diagnósticos de lesão por esforço repetitivo ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (LER/DORT). Essa diversidade desafia a postura médica frente às normas estabelecidas pela perícia e concessão de benefícios públicos. Sobre esse assunto, Aronowitz, em seu livro Making Sense of Illness(14), publica um inovador documento histórico científico sobre as controvérsias e de como as doenças podem mudar de significado ao longo dos tempos pelas mudanças de suas hipóteses etiológicas.
Crofford e Clauw(15), em análise sobre os efeitos após uma década dos critérios ACR-1990, salientam que os mesmos enfocam apenas a dor e desprezam outros sintomas importantes da FM incluindo fadiga, distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e angústia psicológica. Esses autores destacam uma visão mais ampla que inclui esses sintomas e as síndromes comumente associadas (síndrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável e depressão)(16)  para concluir que esses critérios falham em apreender a essência da FM. Num estudo sobre a relação do temperamento e resposta ao estresse em crianças com o diagnóstico da síndrome primária da fibromialgia juvenil (JPFMS), Conte(17) obteve como resultados que crianças e adolescentes com JPFMS, assim como seus pais, apresentavam diferenças quando comparados a outros grupos. Aqueles com diagnóstico de JPFMS demonstravam maior instabilidade do temperamento, níveis maiores de depressão e ansiedade, menor ajuste familiar e maior sensibilidade à dor. Seus pais também referiam aumento nos níveis de ansiedade e depressão e menor capacidade de ajuste psicológico. Conte defendeu a perspectiva psicobiológica e destacou a interação dos riscos individuais como a instabilidade do temperamento, a sensibilidade à dor, a vulnerabilidade ao estresse, o contexto, o ajuste e as psicopatologias familiares como fatores contribuintes para explicar a composição dessa síndrome da dor e sua severidade. Os dados que antecedem, relativos às histórias de vida e à representação de seus significados, podem se constituir em fatores diferenciais para o entendimento das síndromes em estudo.
Giesecke e Clauw(18) reconhecem que os indivíduos que preenchem os critérios do ACR de classificação para FM não compõem um grupo homogêneo. Defendem a hipótese de existirem distintos subgrupos entre os pacientes com FM, que podem ser identificados pelos padrões de sensibilidade/dor, humor e cognição. Para eles, parece existir um grupo de pacientes com FM que exibe extrema sensibilidade sem associação com fatores psicocognitivos; um grupo intermediário e um terceiro grupo, nos quais os fatores relacionados ao humor e a cognição influenciam no relato dos sintomas. Esses são os pacientes que referiam alta sensibilidade à dor, apresentavam altos índices de depressão e ansiedade, emitiam seu quadro como catastrófico, além de ter baixa capacidade para o controle da dor. Tais resultados podem ter implicações terapêuticas quanto à escolha de analgésicos ou dos tipos de antidepressivos e psicotrópicos.

PERSPECTIVAS BIOPSICOLÓGICAS ATUAIS
A construção conceitual da FM e da sua co-morbidade com a depressão maior (DM) apóia-se no modelo biológico que pesquisa substâncias neurotransmissoras (serotonina, norepinefrina, substância P), assim como na sua interação com o modelo psicossocial que relaciona a tristeza e a dificuldade de adaptação, demonstradas nas respostas de dramatizar ou não saber se ajudar.
Aparentemente, existe uma separação das múltiplas redes de processamento dos sintomas como a dor e a depressão. Os níveis dos sintomas da depressão não atuam diretamente na magnitude da ativação das áreas cerebrais associadas com a dimensão sensorial da dor (córtices somatossensoriais primária e secundária). No entanto, os sintomas da depressão ou a presença da depressão parecem estar associados com a ativação das regiões cerebrais relacionadas com o processamento da dor afetiva (amígdala e ínsula anterior contralateral). Dados da literatura sugerem a ínsula anterior como atuante na interação das experiências sensoriais e afetivas(4).
Esses achados podem se estender às outras condições com dores crônicas que tenham um elemento central caracterizado por hiperalgesia/alodínia como a síndrome do cólon irritável, a lombalgia e a vulvodínia. Sugerem que este fenômeno de ativação neural no processamento da dor possa ser notado também em condições periféricas e clássicas como a osteoartrite e a artrite reumatóide.

OBJETO FRONTEIRA: SUA IDENTIFICAÇÃO PARA INTERAGIR O BIOPSICOSSOCIAL
Ao se propor o estudo da relação dos fatores psicossociais como influentes ou determinantes dos modos de construção e expressão dos diferentes processos que alteram a saúde, há que se modificar o modelo tradicional das consultas médicas que separam em pedaços a avaliação do indivíduo. Excluir das consultas a contextualização do problema do paciente e a relação processual com suas histórias de vida e as construções sociocognitivas é eliminar a percepção das essências desses processos, cujas construções não conseguem ser integralmente explicadas pelo conhecimento biomédico. A categoria boundary object (objeto fronteira), foi proposta por Star(19), para estandardizar os métodos e como atividade central para a tradução e comunicação entre os diferentes pontos de vista. Araújo(20) propôs a utilização da tríade de sintomas da depressão, insônia e dor como objeto fronteira para integrar trabalho multidisciplinar entre  os diferentes profissionais que estudam a FM e as síndromes funcionais somáticas. Seu trabalho foi apresentado no 2004 ACR Economic, Social and Psychological Impact of Arthritis.
A abertura para esses novos aspectos resultará em futuras construções sociointeracionistas mais elaboradas, hoje classificadas como interdisciplinares que buscam a transdisciplinaridade (Figura 1).
Consciente da interação entre os fatores sensoriais e afetivos motivacionais no resultado da dor, o médico precisa estudar sua relação com os fatores culturais regionais, com as condições e satisfações da vida, a legislação trabalhista, assistencial e pericial. Vale avaliar, portanto, a geração e a persistência da amplificação dos sintomas como a dor em sua relação mais estreita com a formação cognitiva do indivíduo e seus desgastes físicos pela incapacidade de lidar com determinados problemas psicossociais. Os estudos biomédicos, como as substâncias neuroendócrinas e os estudos de imagem e sua relação com outros achados co-mórbidos, continuam sendo importantes. Porém, a inserção e a articulação dos outros eventos psicossociais podem resultar em novos modelos para entender os processos hoje classificados como doenças.
Esse é o grande desafio para o profissional com formação, prática e construções biomédicas: construir um ver formativo e perceber as interações dos fatores biopsicossociais. Valorizar a multiplicidade dos fatores: a susceptibilidade genética e sua interação com os fatores sociocognitivos, biológicos, psicoemocionais, familiares, do gênero e ambientais, assim como buscar a integração dos diferentes sistemas para compor a visão do todo, implicam em transformações conceituais curriculares e na formação dos professores. São processos lentos que implicam em mudanças conceituais dos modos de pensar e exercitar o pensamento, necessárias para a conquista da harmonia dos diagnósticos e das práticas periciais. Portanto, interagir o estudo dos diferentes sistemas auxilia na percepção da importância da transformação epistemológica que amplia o modo de pensar, disjuntivo e redutor, para o encontro do complexo com a real interpretação do significado dos modelos da expressão corporal.
Hadler(21, 22) comenta sobre a organização de um sistema que com intervenções médicas prejudiciais à saúde reduzem a qualidade de vida. Destaca o uso da FM como rótulo de doença que incapacita, e que essa construção social da mesma gera litígios e discussões epistemológicos atuais sobre as fronteiras entre suas realidades e verdades.
A inserção curricular do estudo da epistemologia e a aplicação das categorias estilo/coletivo de pensamento e objeto fronteira estimulam o desenvolvimento da abordagem sistêmica e da capacidade crítica dos assuntos pertinentes à educação e à saúde. Estende a condição espectadora dos professores e estudantes para a de participantes no processo da construção interdisciplinar e interação dos sistemas com o conhecimento científico (Figura 2).


REFERÊNCIAS
1. Criteria for the Classification and Diagnosis of the Rheumatic Diseases. Primer on the Rheumatic Diseases: 12ª Ed, Atlanta, Arthritis Foundation, 631-648, 2001.
2. Fleck, L: La Génesis y el Desarollo de un Hecho Científico. Madrid, Alianza, 1986.
3. Goldenberg, DL: A Fibromialgia Uma Década Depois: O Que Aprendemos? JAMA Brasil - J Am Med Assoc 8: 3507-3515, 2000. Tradução de: Fibromyalgia Syndrome a Decade Later: What Have We Learned? Arch Intern Med 159: 777-785, 1999.
4. Giesecke T, Clauw DJ et al: The Relationship Between Depression, Clinical Pain, and Experimental Pain in a Chronic Pain Cohort. Arthritis Rheum 52: 1577-1584, 2005.
5. Araújo RL: Doenças: Construção e Realidade na Formação dos Médicos. Dissertação de Mestrado em Educação e Ciência, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.
6. Flexner A: Medical Education: A Comparative Study. Macmillian, 1925.
7. Fleck L: Genesis and Development of a Scientific Fact. Chicago: The University of Chicago Press, 1979.
8. Löwy I: The Strength of Lose Concepts, History of Science, 30: 371-395, 1993.
9. Löwy I: Between Bench  and Bedside, Harvard University press, 1996.
10. Löwy I: Ludwik Fleck and the Notion of "boundary object". Mimeo do I Seminário Internacional sobre Filosofia da Saúde, Florianópolis, 1996.
11. Delizoicov D: Sobre a Produção do Conhecimento Científico (Editorial) Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, 13: 178-276, 1996.
12. Clauw DJ: Fibromyalgia and Diffuse Pain Syndromes. In: Primer on the Rheumatic Diseases. 12ª ed, Atlanta, Arthritis Foundation: 188-193, 2001.
13. Rao SG, Clauw DJ: The Management of Fibromyalgia, San Diego, Cypress Bioscience, 2004.
14. Aronowitz RA: Making Sense of Illness: science, society, and disease. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
15. Crofford, LJ, Clauw DJ,. Where are we a decade after the American College of Rheumatology classification criteria were developed? Editorial: Arthritis Rheum, New York, 46: 1136-1138, 2002.
16. Engleberg NC: Chronic fatigue syndrome. In: Mandel et al. Principles and Practice of Infectious Diseases. 15ª ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 529-1534, 2000.
17. Conte PM, Walco GA, Kimura Y: Temperament and Stress Response in Children with Juvenile Primary Fibromyalgia Syndrome, Arthritis Rheum 8, 10: 2923-2930, 2003.
18. Giesecke T, Clauw DJ et al: Subgrouping of Fibromyalgia Patients on the basis of Pressure-Pain Thersholds and Psycological Factors. Arthritis Rheum 48: 2916-2922, 2003.
19. Star SL, Griesemer JG: Institutional Ecology, Translations and Boundary Objects: Amateurs and professionals in Berkeley's Museum of Vertebrate Zoology, 1907-39. Social Studies of Science, 19: 387-470, 1989.
20. Araújo RL: The Symptoms of Depression, Insomnia and Pain/Fatigue as a Boundary Object in Multidisciplinary Work. Arthritis Rheum 50, 9: S 48, 2004.
21. Hadler MN: Occupational Muskuloskeletal Disorders, Lippincott Williams & Wilkins, 3ª ed, 2005.
22. Hadler M N: The Last Well Person (How to Stay Well Despite), The Health-Care System McGill-Queen's University Press, 2004.

Revista Brasileira de Reumatologia - Fibromyalgia: construction and reality in medical education

Revista Brasileira de Reumatologia - Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Rejane Leal Araújo
Médica: Fellow em Reumatologia, UVA-USA, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professora de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)


PROBLEMAS ATUAIS NOS MODELOS DE CONSTRUÇÃO DAS DOENÇAS
A construção conceitual da síndrome da fibromialgia (FM) como doença, das suas superposições ou co-morbidades e das suas relações com a fragmentação do conhecimento no atual contexto sociohistórico constituem um grande desafio para o exercício do médico. Sua identificação segue os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR-1990), os quais foram desenvolvidos com o propósito de analisar resultados interinstitucionais da avaliação de grupos populacionais semelhantes, embora também possam ser utilizados para diagnósticos individuais(1).
O estudo dos atuais modelos para as construções científicas da FM, e outras síndromes expressas por sintomas, estimula o desenvolvimento de outras percepções, absorvidas com a inserção do terceiro fator, além do sujeito e do objeto, que é o estado do conhecimento(2). O rótulo fibromialgia permitiu acalmar os médicos que passaram a dispor de um termo biomédico para se comunicarem e explicarem aos pacientes, que se sentiram satisfeitos com a validação de seus sintomas como reais e não como simulados.
Goldenberg(3) afirma que, apesar do número crescente de publicações, pouco progresso tem sido feito para a compreensão ou tratamento desse distúrbio e seu conceito permanece controverso, incluindo aqueles que continuam a questionar sua existência e sua utilidade diagnóstica.
A prevalência da FM de 0,5 a 4% nos países industrializados(4), acrescida pela superposição das síndromes semelhantes, mas com linguagens diferentes, implica em gastos socioeconômicos e desgastes individuais, familiares e sociais, para entender e explicar problemas de saúde, rotulados como síndromes em sua multiplicidade de conotações biomédicas, genéticas, psicológicas, cognitivas e socioculturais.

ESTUDO DAS RELAÇÕES SOCIOHISTÓRICAS: EPISTEMOLOGIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE
As propostas epistemológicas atuais para transformação do modelo de construção do conhecimento científico determinam mudanças na dinâmica e na qualidade dos modos de pensar, pois excluem as neutralidades e inserem a participação contextual, evoluem do estático para o processual e estudam a complexidade com o emaranhado de ações, interações e retroações.
Deste modo, o exercício do pensamento complexo implica em transformações na conceituação dos binômios como: pensamento estático/processual, dissociado/complexo, saúde/doença, unidade/todo, unicausal/multicausal, biomédico/biopsicossocial. Com esse interesse, Araújo(5) estudou a relação entre o modelo atual de construção dos distúrbios como a FM com os modelos epistemológicos fragmentados que dominaram o século XX, conhecidos como cartesianos, ainda hegemônicos nas teorias e práticas atuais da educação e da saúde. Destaca que a fragmentação do modelo da educação médica americana de Flexner(6), seguido pelo Brasil, priorizou as teorias e as práticas restritas ao biomédico, separadas em disciplinas, ensinadas por médicos especialistas. Este modelo, que domina as construções diagnósticas atuais, se limita aos sintomas do domínio de cada especialista, com baixo grau de representatividade para a composição do todo do indivíduo.
Apesar das diferenças nos rótulos diagnósticos especializados, os pacientes têm em comum o comportamento da vigília constante (ansiedade/angústia), são, em sua grande maioria, do gênero feminino e tendem a se apresentar com uma variedade de sintomas crônicos associados a distúrbios de humor (depressão) e distúrbios do sono (insônia). Os sintomas, como a dor, estudados e interpretados por especialistas, ficam restritos às construções de um saber delimitado: sabem muito de um determinado assunto, mas muito pouco do restante. Com base nesses e em outros dados, Araújo(5) propõe a tríade da depressão, insônia e dor/fadiga como representativa da dinâmica integrada pelos fatores físicos biomédicos, psicoemocionais, comportamentais e socioculturais para justificar o significado e a expressão das diferentes síndromes crônicas, co-mórbidas ou em overlap com a FM. Seu estudo fundamentou-se na categoria epistemológica, o estilo de pensamento (thought style)(7), descrita pelo médico e filósofo polonês Ludwig Fleck (1935). O estilo de pensamento foi definido como um perceber dirigido com a correspondente elaboração intelectiva e objetiva do percebido. Comparado à categoria paradigma (Kuhn, 1962), consiste em uma determinada atitude, e também ao tipo de execução que a consuma (integra a teoria e a prática).
Diferentes autores(8-11) utilizam estilo de pensamento como categoria para documentar os problemas que surgem pela aplicação do modelo cartesiano utilizado no século passado para a construção do conhecimento científico. O estudo e a aplicação dos diferentes elementos que compõem o estilo/coletivo de pensamento permitiram constatar que apesar da uniformidade curricular do curso de graduação, os médicos se distanciam pelas suas formações especializadas durante as residências médicas. Os especialistas estudam e pensam assuntos relativos a seus compartimentos especializados, com suas linguagens próprias, exercícios fragmentados e freqüentam congressos restritos a suas especialidades. Esse modelo acentua a formação reduzida a assuntos especializados, compondo coletivos de pensamento dissociados, que constroem estilos de pensamento com incongruência de linguagens. Os médicos não são formados para entender a unicidade de cada indivíduo e construir modelos que expliquem a complexidade dos doentes e as propostas da interação biopsicossocial na saúde.
Na Tabela 1 são apresentadas diferentes construções diagnósticas superpostas, como a FM, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, a dor miofacial regional e a depressão, fruto das construções por estilos de pensamento especializados e fragmentados. São restritas à expressão isolada dos sintomas, que não abrangem a relação biomédica com os aspectos sociocognitivos, embora esses possam representar o significado, ou seja, a essência comum a muitos dos pacientes. Omite a importância do perfil cognitivo de entender, reagir ou conviver com seus sintomas e problemas.


MODELO DE CONSTRUÇÃO DA SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
A FM, ao exibir como critérios objetivos os pontos dolorosos, estabelece dificuldades de precisão que envolvem o subjetivo da expressão do paciente e o da interpretação médica. Clauw(12) defende  que pelo menos metade dos indivíduos que recebem o diagnóstico clínico da FM não preenche sua definição e que aproximadamente 25% das pessoas com desordens sistêmicas inflamatórias podem ter positivos os critérios do ACR para essa síndrome. Esse autor ressalta que os critérios de classificação nunca tiveram a intenção de serem aplicados com o propósito de diagnóstico individual. Comenta que os pontos dolorosos medem não apenas a sensibilidade, mas também o modo de lidar com o estresse, influenciado por diferentes fatores como: gênero feminino, aumento da idade, deficiência do condicionamento físico e desordens do humor. Rao e Clauw(13) conferiram o nome de síndromes funcionais somáticas (SFS) para classificar grupo semelhante de desordens relativas aos pacientes com as características relatadas anteriormente.
Contextualizar a dinâmica da FM como a ruptura de um continuum construído pelo paciente com seu modo de lidar com estresses abre perspectivas que implicam nos diferentes significados das doenças e suas responsabilidades individuais e sociais, como nos diagnósticos de lesão por esforço repetitivo ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (LER/DORT). Essa diversidade desafia a postura médica frente às normas estabelecidas pela perícia e concessão de benefícios públicos. Sobre esse assunto, Aronowitz, em seu livro Making Sense of Illness(14), publica um inovador documento histórico científico sobre as controvérsias e de como as doenças podem mudar de significado ao longo dos tempos pelas mudanças de suas hipóteses etiológicas.
Crofford e Clauw(15), em análise sobre os efeitos após uma década dos critérios ACR-1990, salientam que os mesmos enfocam apenas a dor e desprezam outros sintomas importantes da FM incluindo fadiga, distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e angústia psicológica. Esses autores destacam uma visão mais ampla que inclui esses sintomas e as síndromes comumente associadas (síndrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável e depressão)(16)  para concluir que esses critérios falham em apreender a essência da FM. Num estudo sobre a relação do temperamento e resposta ao estresse em crianças com o diagnóstico da síndrome primária da fibromialgia juvenil (JPFMS), Conte(17) obteve como resultados que crianças e adolescentes com JPFMS, assim como seus pais, apresentavam diferenças quando comparados a outros grupos. Aqueles com diagnóstico de JPFMS demonstravam maior instabilidade do temperamento, níveis maiores de depressão e ansiedade, menor ajuste familiar e maior sensibilidade à dor. Seus pais também referiam aumento nos níveis de ansiedade e depressão e menor capacidade de ajuste psicológico. Conte defendeu a perspectiva psicobiológica e destacou a interação dos riscos individuais como a instabilidade do temperamento, a sensibilidade à dor, a vulnerabilidade ao estresse, o contexto, o ajuste e as psicopatologias familiares como fatores contribuintes para explicar a composição dessa síndrome da dor e sua severidade. Os dados que antecedem, relativos às histórias de vida e à representação de seus significados, podem se constituir em fatores diferenciais para o entendimento das síndromes em estudo.
Giesecke e Clauw(18) reconhecem que os indivíduos que preenchem os critérios do ACR de classificação para FM não compõem um grupo homogêneo. Defendem a hipótese de existirem distintos subgrupos entre os pacientes com FM, que podem ser identificados pelos padrões de sensibilidade/dor, humor e cognição. Para eles, parece existir um grupo de pacientes com FM que exibe extrema sensibilidade sem associação com fatores psicocognitivos; um grupo intermediário e um terceiro grupo, nos quais os fatores relacionados ao humor e a cognição influenciam no relato dos sintomas. Esses são os pacientes que referiam alta sensibilidade à dor, apresentavam altos índices de depressão e ansiedade, emitiam seu quadro como catastrófico, além de ter baixa capacidade para o controle da dor. Tais resultados podem ter implicações terapêuticas quanto à escolha de analgésicos ou dos tipos de antidepressivos e psicotrópicos.

PERSPECTIVAS BIOPSICOLÓGICAS ATUAIS
A construção conceitual da FM e da sua co-morbidade com a depressão maior (DM) apóia-se no modelo biológico que pesquisa substâncias neurotransmissoras (serotonina, norepinefrina, substância P), assim como na sua interação com o modelo psicossocial que relaciona a tristeza e a dificuldade de adaptação, demonstradas nas respostas de dramatizar ou não saber se ajudar.
Aparentemente, existe uma separação das múltiplas redes de processamento dos sintomas como a dor e a depressão. Os níveis dos sintomas da depressão não atuam diretamente na magnitude da ativação das áreas cerebrais associadas com a dimensão sensorial da dor (córtices somatossensoriais primária e secundária). No entanto, os sintomas da depressão ou a presença da depressão parecem estar associados com a ativação das regiões cerebrais relacionadas com o processamento da dor afetiva (amígdala e ínsula anterior contralateral). Dados da literatura sugerem a ínsula anterior como atuante na interação das experiências sensoriais e afetivas(4).
Esses achados podem se estender às outras condições com dores crônicas que tenham um elemento central caracterizado por hiperalgesia/alodínia como a síndrome do cólon irritável, a lombalgia e a vulvodínia. Sugerem que este fenômeno de ativação neural no processamento da dor possa ser notado também em condições periféricas e clássicas como a osteoartrite e a artrite reumatóide.

OBJETO FRONTEIRA: SUA IDENTIFICAÇÃO PARA INTERAGIR O BIOPSICOSSOCIAL
Ao se propor o estudo da relação dos fatores psicossociais como influentes ou determinantes dos modos de construção e expressão dos diferentes processos que alteram a saúde, há que se modificar o modelo tradicional das consultas médicas que separam em pedaços a avaliação do indivíduo. Excluir das consultas a contextualização do problema do paciente e a relação processual com suas histórias de vida e as construções sociocognitivas é eliminar a percepção das essências desses processos, cujas construções não conseguem ser integralmente explicadas pelo conhecimento biomédico. A categoria boundary object (objeto fronteira), foi proposta por Star(19), para estandardizar os métodos e como atividade central para a tradução e comunicação entre os diferentes pontos de vista. Araújo(20) propôs a utilização da tríade de sintomas da depressão, insônia e dor como objeto fronteira para integrar trabalho multidisciplinar entre  os diferentes profissionais que estudam a FM e as síndromes funcionais somáticas. Seu trabalho foi apresentado no 2004 ACR Economic, Social and Psychological Impact of Arthritis.
A abertura para esses novos aspectos resultará em futuras construções sociointeracionistas mais elaboradas, hoje classificadas como interdisciplinares que buscam a transdisciplinaridade (Figura 1).
Consciente da interação entre os fatores sensoriais e afetivos motivacionais no resultado da dor, o médico precisa estudar sua relação com os fatores culturais regionais, com as condições e satisfações da vida, a legislação trabalhista, assistencial e pericial. Vale avaliar, portanto, a geração e a persistência da amplificação dos sintomas como a dor em sua relação mais estreita com a formação cognitiva do indivíduo e seus desgastes físicos pela incapacidade de lidar com determinados problemas psicossociais. Os estudos biomédicos, como as substâncias neuroendócrinas e os estudos de imagem e sua relação com outros achados co-mórbidos, continuam sendo importantes. Porém, a inserção e a articulação dos outros eventos psicossociais podem resultar em novos modelos para entender os processos hoje classificados como doenças.
Esse é o grande desafio para o profissional com formação, prática e construções biomédicas: construir um ver formativo e perceber as interações dos fatores biopsicossociais. Valorizar a multiplicidade dos fatores: a susceptibilidade genética e sua interação com os fatores sociocognitivos, biológicos, psicoemocionais, familiares, do gênero e ambientais, assim como buscar a integração dos diferentes sistemas para compor a visão do todo, implicam em transformações conceituais curriculares e na formação dos professores. São processos lentos que implicam em mudanças conceituais dos modos de pensar e exercitar o pensamento, necessárias para a conquista da harmonia dos diagnósticos e das práticas periciais. Portanto, interagir o estudo dos diferentes sistemas auxilia na percepção da importância da transformação epistemológica que amplia o modo de pensar, disjuntivo e redutor, para o encontro do complexo com a real interpretação do significado dos modelos da expressão corporal.
Hadler(21, 22) comenta sobre a organização de um sistema que com intervenções médicas prejudiciais à saúde reduzem a qualidade de vida. Destaca o uso da FM como rótulo de doença que incapacita, e que essa construção social da mesma gera litígios e discussões epistemológicos atuais sobre as fronteiras entre suas realidades e verdades.
A inserção curricular do estudo da epistemologia e a aplicação das categorias estilo/coletivo de pensamento e objeto fronteira estimulam o desenvolvimento da abordagem sistêmica e da capacidade crítica dos assuntos pertinentes à educação e à saúde. Estende a condição espectadora dos professores e estudantes para a de participantes no processo da construção interdisciplinar e interação dos sistemas com o conhecimento científico (Figura 2).


REFERÊNCIAS
1. Criteria for the Classification and Diagnosis of the Rheumatic Diseases. Primer on the Rheumatic Diseases: 12ª Ed, Atlanta, Arthritis Foundation, 631-648, 2001.
2. Fleck, L: La Génesis y el Desarollo de un Hecho Científico. Madrid, Alianza, 1986.
3. Goldenberg, DL: A Fibromialgia Uma Década Depois: O Que Aprendemos? JAMA Brasil - J Am Med Assoc 8: 3507-3515, 2000. Tradução de: Fibromyalgia Syndrome a Decade Later: What Have We Learned? Arch Intern Med 159: 777-785, 1999.
4. Giesecke T, Clauw DJ et al: The Relationship Between Depression, Clinical Pain, and Experimental Pain in a Chronic Pain Cohort. Arthritis Rheum 52: 1577-1584, 2005.
5. Araújo RL: Doenças: Construção e Realidade na Formação dos Médicos. Dissertação de Mestrado em Educação e Ciência, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.
6. Flexner A: Medical Education: A Comparative Study. Macmillian, 1925.
7. Fleck L: Genesis and Development of a Scientific Fact. Chicago: The University of Chicago Press, 1979.
8. Löwy I: The Strength of Lose Concepts, History of Science, 30: 371-395, 1993.
9. Löwy I: Between Bench  and Bedside, Harvard University press, 1996.
10. Löwy I: Ludwik Fleck and the Notion of "boundary object". Mimeo do I Seminário Internacional sobre Filosofia da Saúde, Florianópolis, 1996.
11. Delizoicov D: Sobre a Produção do Conhecimento Científico (Editorial) Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, 13: 178-276, 1996.
12. Clauw DJ: Fibromyalgia and Diffuse Pain Syndromes. In: Primer on the Rheumatic Diseases. 12ª ed, Atlanta, Arthritis Foundation: 188-193, 2001.
13. Rao SG, Clauw DJ: The Management of Fibromyalgia, San Diego, Cypress Bioscience, 2004.
14. Aronowitz RA: Making Sense of Illness: science, society, and disease. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
15. Crofford, LJ, Clauw DJ,. Where are we a decade after the American College of Rheumatology classification criteria were developed? Editorial: Arthritis Rheum, New York, 46: 1136-1138, 2002.
16. Engleberg NC: Chronic fatigue syndrome. In: Mandel et al. Principles and Practice of Infectious Diseases. 15ª ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 529-1534, 2000.
17. Conte PM, Walco GA, Kimura Y: Temperament and Stress Response in Children with Juvenile Primary Fibromyalgia Syndrome, Arthritis Rheum 8, 10: 2923-2930, 2003.
18. Giesecke T, Clauw DJ et al: Subgrouping of Fibromyalgia Patients on the basis of Pressure-Pain Thersholds and Psycological Factors. Arthritis Rheum 48: 2916-2922, 2003.
19. Star SL, Griesemer JG: Institutional Ecology, Translations and Boundary Objects: Amateurs and professionals in Berkeley's Museum of Vertebrate Zoology, 1907-39. Social Studies of Science, 19: 387-470, 1989.
20. Araújo RL: The Symptoms of Depression, Insomnia and Pain/Fatigue as a Boundary Object in Multidisciplinary Work. Arthritis Rheum 50, 9: S 48, 2004.
21. Hadler MN: Occupational Muskuloskeletal Disorders, Lippincott Williams & Wilkins, 3ª ed, 2005.
22. Hadler M N: The Last Well Person (How to Stay Well Despite), The Health-Care System McGill-Queen's University Press, 2004.


 Endereço para correspondência:
Rejane Leal Araújo
e-mail: rejane@rotolo.trix.net

INSS X FIBROMIALGIA X OUTRAS DOENÇAS ASSOCIADAS X APOSENTADORIA X AUXÍLIO DOENÇA






Antes de pensar nessa possiblidade, saiba que é preciso esgotar todas as possibilidades junto ao INSS. Caso contrário a Justiça não aceita a ação.

Infelizmente, a Fibromialgia não é motivo suficiente.

O que PODE lhe trazer algum benefício previdenciário na justiça é se você tiver alguma ou algumas outras doenças que possam justificar a concessão. Esse benefício pode ser de Auxílio Doença, Auxílio Doença Acidentário ou Aposentadoria por Invalidez.

Vamos esclarecer o seguinte:

  • Mesmo na Justiça não existe a concessão de Aposentadoria por Invalidez Permanente de imediato. É preciso cumprir a legislação atual, que só o fará após prováveis novas perícias no INSS, e bons anos mais tarde que se comprovada a incapacidade é convertida.
  • Pacientes "só" com Fibromialgia têm poucas chances de obter o benefício. São poucos os julgados (ações com julmento dos juízes) favoráveis ao fibromiálgico. Normalmente, o que acontece é que as outras doenças associadas PODEM justificar a concessão de algum benefício.
  • Para este tipo de Ação é bom que fique ciente que caso você vença na Primeira Instância, é preciso a confirmação da sentença em Segunda Instância; ou seja, se vc vencer no primeiro julgamento, a ação irá para uma Instância Superior para que o juiz confirme o que o primeiro decidiu. Há algumas excessões, em que o INSS não espera a decisão da Segunda Instância, e já cumprem o que foi decido em Primeira.
  • Para entrar com esse tipo de Ação é necessário que você seja representado por um advogado especializado, ou seja, seja especialista na área PREVIDENCIARISTA. (Advogado que faz tudo é um grande risco. Porque a área previdenciarista é muito complexa, e o advogado precisa estar sempre atualizado).
  • Se você não tem condições financeiras para pagar um especialista, você tem algumas opções: 1) É conseguir um Defensor Público da União ( por se tratar de ação contra um órgao federal como é o INSS). Você pode verificar no site da Defensoria Pública da União, onde existe um escritório mais próximo de você. O site é www.dpu.org.br    Não esqueça de ligar antes e saber sobre: dias, horários para atendimento, e quais documentos precisa levar. (Não perca tempo indo para depois retornar!)/ 2) Você pode obter Assistência Jurídica Gratuita através de advogados da OAB em sua cidade, ou próximo dela. Você descobre onde está localizado o escritório da OAB mais próximo indo ao Fórum de sua cidade.
  • É possível pedir ao seu representante legalmente constituído (ou o defensor público ou o advogado da OAB) que pleitei um Mandado de Segurança (Liminar), que garanta que o INSS restabeleça seu benefício, antes mesmo do término da ação, visto que, você não tem outro meio de sustento. Você precisa de renda para continuar seu tratamento, alimentos e pagamentos do básico (água, luz, gás, etc...). Se o juiz concordar com os argumentos levados ao seu conhecimento, ele DEFERE o pedido, e você passa a receber seu benefício enquanto espera a decisão judicial.
  • O juiz não é obrigado a conceder a Liminar. Só o faz quando percebe que existem argumentos que a justifiquem.
  • Todos os documentos devem ser atuais, principalmente Laudos e Exames.
  • Segundo o Código de Ética Médico TODO PACIENTE tem o direito a obter uma cópia de seu prontuário médico ou hospitalar. Incluindo do INSS, com risco de denúncia contra o médico perito ser denunciado, visto que, segundo o Código de Ética Médico, a função de perito não sobrepõe as obrigações eleitas no referido Código. Assim, sempre que for internada ou passar pelo PS peça uma cópia de se prontuário. O mesmo serve para seus médicos. Todos devem lhe conceder, ainda que tenha que pagar, uma cópia de seu prontuário médico. É comum que eles só o façam se você fizer o pedido por escrito. Ótimo! Segurança para você. Pode ser que não tenham como lhe entregar de imediato. Tudo bem. Eles podem ter em torno de 10 dias(um prazo razoável) para providenciar essa cópia. O pedido por escrito e com cópia protocolada será a sua garantia de que fez o pedido. Se não cumprirem o que determina o Código, você terá como provar que fez e quando fez o pedido. Sua denúncia no CRM estará comprovada.

Eu obtive através de Ação Judicial na Justiça Federal, com advogado especializado, a Liminar, o benefício de Auxílio Doença foi reativado, e, a partir de Nov/2009 o juiz mandou converter o benefício em Aposentadoria por Invalidez.
Não foi por causa da fibromialgia, mas sim por doença degenerativa em toda coluna. Já tenho dois implantes na lombar, um na cervical, e a dorsal está péssima. Meu médico disse que o nome do que eu tenho em toda a coluna, ainda não foi determinado pela medicina. O que se sabe é que a Fibro agrava.
Eu fiz questão de anexar ao processo todas as cópias de prontuários de hospitais que eu passei por internação ou PS. Além de colocar também cópias dos prontuários médicos dos especialistas que me assistem até a ocasião.
Meu processo tinha 2 volumes. E foi através dali que o perito pode comprovar tudo que estava sendo alegado nos Laudos de meus médicos, as datas, os procedimentos realizados, medicações usadas e seus efeitos, r muito mais..
Isso fundamenta seu pedido, ou seja, prova que você está em tratamento sério, além de ter passagens por PS em momentos diversos por motivos que justificassem.

Importante saber também que, a APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, não significa que isso é aposentadoria definitiva. Isso leva um bom tempo para ser convertido pelo INSS. O INSS pode chamar o beneficiário a fazer Perícia, conforme acreditem ser necessário, por critérios próprios. E se em alguma dessas perícias o perito do INSS acredite que a INCAPACIDADE já não existe, eles podem cessar o benefício, e você esteja liberado para voltar ao trabalho. 
Até que se converta em APOSENTADORIA DEFINITIVA demoram anos, se não for cessado em alguma perícia. O que não significa que você não possa recorrer à Justiça novamente.
O beneficiário não pode ter outra fonte de renda. Isso dará ao INSS o direito de cessar a concessão da Aposentadoria.

Como podem ver não é algo rápido e fácil. Mas não é impossível. Afinal, se você não lutar pelos seus direitos, quem você espera que o fará por você?

Autora: Sandra Santos (relato de experiência própria)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

ABRAFIBRO ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FIBROMIÁLGICOS: Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão ...

ABRAFIBRO ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FIBROMIÁLGICOS: Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão ...:   Por Dr. Richard A. Friedman- The New York Times News Service/Syndicate Quando é que vamos tomar as rédeas do problema da depressão? ...

Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão da depressão

 Por Dr. Richard A. Friedman- The New York Times News Service/Syndicate

Quando é que vamos tomar as rédeas do problema da depressão?

Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão da depressão

Quando é que vamos tomar as rédeas do problema da depressão?
De todas as doenças graves, físicas ou mentais, a depressão tem se mostrado uma das mais difíceis de derrotar. Apesar da variedade de medicamentos antidepressivos – hoje há 26 deles – apenas um terço dos pacientes com depressão grave experimentam uma remissão completa após a primeira rodada de tratamento, e tratamentos sucessivos com medicamentos diferentes trazem algum alívio para apenas 20 a 25 por cento deles.
Cerca de 30 por cento das pessoas com depressão têm algum grau de resistência ao tratamento. E, quanto maior o grau de resistência, maior será a probabilidade de uma recaída no futuro, mesmo se o paciente continuar a tomar o medicamento.
Embora tenhamos aprendido muito sobre a depressão – por exemplo, a recente pesquisa que mostra que o sucesso do tratamento da insônia em pacientes deprimidos basicamente duplica a sua reação a uma droga como o Prozac – ainda não entendemos qual é a sua causa fundamental. A velha ideia de que a doença resulta da deficiência de um único neurotransmissor como a serotonina ou a dopamina é claramente simplista e equivocada.
Talvez psiquiatras e neurocientistas tenham algo a aprender com a bem-sucedida caça ao bóson de Higgs.
Claro que uma doença debilitante não tem nada em comum com uma partícula subatômica, exceto o fato de que ambas são misteriosas e difíceis de compreender. Entretanto, foram essas qualidades que inspiraram equipes internacionais de cientistas a trabalhar juntas por anos, até que finalmente identificaram o bóson de Higgs no ano passado.
Entre os cientistas biomédicos que competem pelos mesmos dólares destinados à pesquisa e querem passar primeiro pela linha de chegada de uma descoberta importante, esse tipo de cooperação não é a regra. Porém, há sinais de que isso está mudando.
Não muito tempo atrás, estive em uma reunião da Fundação de Pesquisa Esperança para a Depressão. Audrey Gruss, a filantropa experiente e cheia de energia que criou a fundação, reuniu um grupo de neurocientistas com formação geral e clínicos para procurar soluções. (Não é a primeira a experimentar uma abordagem colaborativa; outras estão sendo patrocinadas pela Fundação MacArthur e o Consórcio Pritzker.)
'Um problema complexo como a depressão vai muito além do que um único cientista ou laboratório podem resolver', disse o líder do grupo na fundação Esperança, Huda Akil, professor de Neurociências e Psiquiatria na Universidade de Michigan. 'O que é ótimo na nossa colaboração é que podemos pensar em ideias ambiciosas e assumir riscos sem nos preocuparmos com o parecer das agências de fomento', como o Instituto Nacional de Saúde Mental, a principal fonte de financiamento federal da pesquisa psiquiátrica.
Um dos principais objetivos da pesquisa é entender quais circuitos cerebrais e genes são alterados pela depressão, como o ambiente interage com esses genes, e como reverter as repetidas agressões biológicas da doença. Isso exigirá a integração de uma ampla gama de ferramentas, conforme explicou ela: a genômica, a epigenética, a eletrofisiologia, os modelos animais e a psiquiatria clínica.
A grande desvantagem dos nossos antidepressivos atuais é que eles se baseiam em modelos animais que têm sido usados há décadas para a produção de medicamentos que funcionam todos da mesma forma. Novos medicamentos exigem a identificação de novos alvos no cérebro e melhores modelos animais em que possam ser testados.
Levando isso em conta, um dos membros do grupo, o Dr. Joshua Gordon, professor associado de psiquiatria na Universidade de Columbia, estuda novos modelos animais da depressão por meio da gravação da atividade de regiões cerebrais em camundongos selecionados que estão envolvidos em comportamentos que lembram a depressão.

Depois de conversar com outra integrante do grupo, a Dra. Helen S. Mayberg, neurocientista da Universidade de Emory, Gordon modificou sua abordagem. Mayberg identificou um alvo para a estimulação profunda do cérebro em pacientes com depressão que têm resistência ao tratamento: uma região chamada córtex cingulado subgenual. Quando ela é diretamente estimulada com eletrodos em pacientes deprimidos que não conseguiram reagir a quase nenhum dos outros tratamentos, muitos deles mostram uma resposta positiva bastante vívida.
Mayberg pediu que Gordon ampliasse a região de gravação de modo a incluir o análogo da região do cérebro humano no camundongo, para que se pudesse captar de maneira mais abrangente a atividade dessas diferentes áreas do córtex e compreender como elas contribuem individualmente para comportamentos que lembram a depressão nesse animal.
Outro membro do grupo, Bruce McEwen, neurocientista da Universidade Rockefeller, que realizou um trabalho pioneiro sobre os efeitos do estresse sobre o cérebro, está estudando ratos de laboratório de Akil que foram geneticamente selecionados por sua propensão ao mostrar ansiedade e comportamentos que lembram a depressão.
Entre outras coisas, McEwen está usando esses ratos para estudar a eficácia de medicamentos que têm o potencial de agir rapidamente contra a depressão. Tais medicamentos seriam uma grande bênção para a psiquiatria: precisamos de tratamentos que possam aliviar os sintomas de depressão e o risco de suicídio que os acompanham em muito menos tempo do que as duas a seis semanas de que todos os antidepressivos atuais necessitam para surtir efeito.
Até mesmo uma colaboração potente como essa não oferece nenhuma garantia de que serão encontradas armas eficazes contra casos intratáveis de depressão. Afinal, foram necessários 50 anos para que o bóson de Higgs fosse desmascarado, e mesmo assim, há perguntas importantes sobre ele que ainda não tem resposta.
Ainda assim, em um momento em que os fundos de pesquisa federais estão diminuindo e as principais empresas farmacêuticas fecharam seus programas de pesquisa sobre o cérebro, filantropos bem esclarecidos e empresários têm ajudado a abrir um novo caminho promissor para a pesquisa em neurociência: a colaboração entre pesquisadores dispostos e capazes de assumir riscos conscientes e resolver grandes problemas.
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