Seja Bem Vindo ao Universo do Fibromiálgico

A Abrafibro - Assoc Bras dos Fibromiálgicos traz para você, seus familiares, amigos, simpatizantes e estudantes uma vasta lista de assuntos, todos voltados à Fibromialgia e aos Fibromiálgicos.
A educação sobre a Fibromialgia é parte integrante do tratamento multidisciplinar e interdisciplinar ao paciente. Mas deve se estender aos familiares e amigos.
Conhecendo e desmistificando a Fibromialgia, todos deixarão de lado preconceitos, conceitos errôneos, para darem lugar a ações mais assertivas em diversos aspectos, como:
tratamento, mudança de hábitos, a compreensão de seu próprio corpo. Isso permitirá o gerenciamento dos sintomas, para que não se tornem de difícil do controle.
A Fibromialgia é uma síndrome, é real e uma incógnita para a medicina.
Pelo complexo fato de ser uma síndrome, que engloba uma série de sintomas e outras doenças - comorbidades - dificulta e muito os estudos e o próprio avanço das pesquisas.
Porém, cientistas do mundo inteiro se dedicam ao seu estudo, para melhorar a qualidade de vida daqueles por ela atingidos.
Existem diversos níveis de comprometimento dentro da própria doença. Alguns pacientes são mais refratários que outros, ou seja, seu organismo não reage da mesma forma que a maioria aos tratamentos convencionais.
Sim, atualmente compreendem que a síndrome é "na cabeça", e não "da cabeça". Esta conclusão foi detalhada em exames de imagens, Ressonância Magnética Funcional, que é capaz de mostrar as zonas ativadas do cérebro do paciente fibromiálgico quando estimulado à dor. É muito maior o campo ativado, em comparação ao mesmo estímulo dado a um paciente que não é fibromiálgico. Seu campo é muito menor.
Assim, o estímulo dispara zonas muito maiores no cérebro, é capaz de gerar sensações ainda mais potencialmente dolorosas, entre outros sintomas (vide imagem no alto da página).
Por que isso acontece? Como isso acontece? Como definir a causa? Como interromper este efeito? Como lidar com estes estranhos sintomas? Por que na tenra infância ou adolescência isso pode acontecer? Por que a grande maioria dos fibromiálgicos são mulheres? Por que só uma minoria de homens desenvolvem a síndrome?
Estas e tantas outras questões ainda não possuem respostas. Os tratamentos atuais englobam antidepressivos, potentes analgésicos, fisioterapia, psicoterapia, psiquiatria, e essencialmente (exceto com proibição por ordem médica) a Atividade Física.
Esta é a parte que têm menor adesão pelos pacientes.
É dolorosa no início, é desconfortante, é preciso muito empenho, é preciso acreditar que a fase aguda da dor vai passar, trazendo alívio. Todo paciente precisa de orientação médica e/ou do profissional, que no caso é o Educador Físico. Eles poderão determinar tempo de atividade diária, o que melhor se adequa a sua condição, corrige erros comuns durante a atividade, e não deixar que o paciente force além de seu próprio limite... Tudo é comandado de forma progressiva. Mas é preciso empenho, determinação e adesão.

TRADUTOR

domingo, 12 de janeiro de 2014

Fibromialgia: construção e realidade na formação dos médicos

Rev. Bras. Reumatol. vol.46 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2006

http://dx.doi.org/10.1590/S0482-50042006000100011 


Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Rejane Leal Araújo
Médica: Fellow em Reumatologia, UVA-USA, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professora de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)

PROBLEMAS ATUAIS NOS MODELOS DE CONSTRUÇÃO DAS DOENÇAS
A construção conceitual da síndrome da fibromialgia (FM) como doença, das suas superposições ou co-morbidades e das suas relações com a fragmentação do conhecimento no atual contexto sociohistórico constituem um grande desafio para o exercício do médico. Sua identificação segue os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR-1990), os quais foram desenvolvidos com o propósito de analisar resultados interinstitucionais da avaliação de grupos populacionais semelhantes, embora também possam ser utilizados para diagnósticos individuais(1).
O estudo dos atuais modelos para as construções científicas da FM, e outras síndromes expressas por sintomas, estimula o desenvolvimento de outras percepções, absorvidas com a inserção do terceiro fator, além do sujeito e do objeto, que é o estado do conhecimento(2). O rótulo fibromialgia permitiu acalmar os médicos que passaram a dispor de um termo biomédico para se comunicarem e explicarem aos pacientes, que se sentiram satisfeitos com a validação de seus sintomas como reais e não como simulados.
Goldenberg(3) afirma que, apesar do número crescente de publicações, pouco progresso tem sido feito para a compreensão ou tratamento desse distúrbio e seu conceito permanece controverso, incluindo aqueles que continuam a questionar sua existência e sua utilidade diagnóstica.
A prevalência da FM de 0,5 a 4% nos países industrializados(4), acrescida pela superposição das síndromes semelhantes, mas com linguagens diferentes, implica em gastos socioeconômicos e desgastes individuais, familiares e sociais, para entender e explicar problemas de saúde, rotulados como síndromes em sua multiplicidade de conotações biomédicas, genéticas, psicológicas, cognitivas e socioculturais.

ESTUDO DAS RELAÇÕES SOCIOHISTÓRICAS: EPISTEMOLOGIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE
As propostas epistemológicas atuais para transformação do modelo de construção do conhecimento científico determinam mudanças na dinâmica e na qualidade dos modos de pensar, pois excluem as neutralidades e inserem a participação contextual, evoluem do estático para o processual e estudam a complexidade com o emaranhado de ações, interações e retroações.
Deste modo, o exercício do pensamento complexo implica em transformações na conceituação dos binômios como: pensamento estático/processual, dissociado/complexo, saúde/doença, unidade/todo, unicausal/multicausal, biomédico/biopsicossocial. Com esse interesse, Araújo(5) estudou a relação entre o modelo atual de construção dos distúrbios como a FM com os modelos epistemológicos fragmentados que dominaram o século XX, conhecidos como cartesianos, ainda hegemônicos nas teorias e práticas atuais da educação e da saúde. Destaca que a fragmentação do modelo da educação médica americana de Flexner(6), seguido pelo Brasil, priorizou as teorias e as práticas restritas ao biomédico, separadas em disciplinas, ensinadas por médicos especialistas. Este modelo, que domina as construções diagnósticas atuais, se limita aos sintomas do domínio de cada especialista, com baixo grau de representatividade para a composição do todo do indivíduo.
Apesar das diferenças nos rótulos diagnósticos especializados, os pacientes têm em comum o comportamento da vigília constante (ansiedade/angústia), são, em sua grande maioria, do gênero feminino e tendem a se apresentar com uma variedade de sintomas crônicos associados a distúrbios de humor (depressão) e distúrbios do sono (insônia). Os sintomas, como a dor, estudados e interpretados por especialistas, ficam restritos às construções de um saber delimitado: sabem muito de um determinado assunto, mas muito pouco do restante. Com base nesses e em outros dados, Araújo(5) propõe a tríade da depressão, insônia e dor/fadiga como representativa da dinâmica integrada pelos fatores físicos biomédicos, psicoemocionais, comportamentais e socioculturais para justificar o significado e a expressão das diferentes síndromes crônicas, co-mórbidas ou em overlap com a FM. Seu estudo fundamentou-se na categoria epistemológica, o estilo de pensamento (thought style)(7), descrita pelo médico e filósofo polonês Ludwig Fleck (1935). O estilo de pensamento foi definido como um perceber dirigido com a correspondente elaboração intelectiva e objetiva do percebido. Comparado à categoria paradigma (Kuhn, 1962), consiste em uma determinada atitude, e também ao tipo de execução que a consuma (integra a teoria e a prática).
Diferentes autores(8-11) utilizam estilo de pensamento como categoria para documentar os problemas que surgem pela aplicação do modelo cartesiano utilizado no século passado para a construção do conhecimento científico. O estudo e a aplicação dos diferentes elementos que compõem o estilo/coletivo de pensamento permitiram constatar que apesar da uniformidade curricular do curso de graduação, os médicos se distanciam pelas suas formações especializadas durante as residências médicas. Os especialistas estudam e pensam assuntos relativos a seus compartimentos especializados, com suas linguagens próprias, exercícios fragmentados e freqüentam congressos restritos a suas especialidades. Esse modelo acentua a formação reduzida a assuntos especializados, compondo coletivos de pensamento dissociados, que constroem estilos de pensamento com incongruência de linguagens. Os médicos não são formados para entender a unicidade de cada indivíduo e construir modelos que expliquem a complexidade dos doentes e as propostas da interação biopsicossocial na saúde.
Na Tabela 1 são apresentadas diferentes construções diagnósticas superpostas, como a FM, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, a dor miofacial regional e a depressão, fruto das construções por estilos de pensamento especializados e fragmentados. São restritas à expressão isolada dos sintomas, que não abrangem a relação biomédica com os aspectos sociocognitivos, embora esses possam representar o significado, ou seja, a essência comum a muitos dos pacientes. Omite a importância do perfil cognitivo de entender, reagir ou conviver com seus sintomas e problemas.


MODELO DE CONSTRUÇÃO DA SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
A FM, ao exibir como critérios objetivos os pontos dolorosos, estabelece dificuldades de precisão que envolvem o subjetivo da expressão do paciente e o da interpretação médica. Clauw(12) defende  que pelo menos metade dos indivíduos que recebem o diagnóstico clínico da FM não preenche sua definição e que aproximadamente 25% das pessoas com desordens sistêmicas inflamatórias podem ter positivos os critérios do ACR para essa síndrome. Esse autor ressalta que os critérios de classificação nunca tiveram a intenção de serem aplicados com o propósito de diagnóstico individual. Comenta que os pontos dolorosos medem não apenas a sensibilidade, mas também o modo de lidar com o estresse, influenciado por diferentes fatores como: gênero feminino, aumento da idade, deficiência do condicionamento físico e desordens do humor. Rao e Clauw(13) conferiram o nome de síndromes funcionais somáticas (SFS) para classificar grupo semelhante de desordens relativas aos pacientes com as características relatadas anteriormente.
Contextualizar a dinâmica da FM como a ruptura de um continuum construído pelo paciente com seu modo de lidar com estresses abre perspectivas que implicam nos diferentes significados das doenças e suas responsabilidades individuais e sociais, como nos diagnósticos de lesão por esforço repetitivo ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (LER/DORT). Essa diversidade desafia a postura médica frente às normas estabelecidas pela perícia e concessão de benefícios públicos. Sobre esse assunto, Aronowitz, em seu livro Making Sense of Illness(14), publica um inovador documento histórico científico sobre as controvérsias e de como as doenças podem mudar de significado ao longo dos tempos pelas mudanças de suas hipóteses etiológicas.
Crofford e Clauw(15), em análise sobre os efeitos após uma década dos critérios ACR-1990, salientam que os mesmos enfocam apenas a dor e desprezam outros sintomas importantes da FM incluindo fadiga, distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e angústia psicológica. Esses autores destacam uma visão mais ampla que inclui esses sintomas e as síndromes comumente associadas (síndrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável e depressão)(16)  para concluir que esses critérios falham em apreender a essência da FM. Num estudo sobre a relação do temperamento e resposta ao estresse em crianças com o diagnóstico da síndrome primária da fibromialgia juvenil (JPFMS), Conte(17) obteve como resultados que crianças e adolescentes com JPFMS, assim como seus pais, apresentavam diferenças quando comparados a outros grupos. Aqueles com diagnóstico de JPFMS demonstravam maior instabilidade do temperamento, níveis maiores de depressão e ansiedade, menor ajuste familiar e maior sensibilidade à dor. Seus pais também referiam aumento nos níveis de ansiedade e depressão e menor capacidade de ajuste psicológico. Conte defendeu a perspectiva psicobiológica e destacou a interação dos riscos individuais como a instabilidade do temperamento, a sensibilidade à dor, a vulnerabilidade ao estresse, o contexto, o ajuste e as psicopatologias familiares como fatores contribuintes para explicar a composição dessa síndrome da dor e sua severidade. Os dados que antecedem, relativos às histórias de vida e à representação de seus significados, podem se constituir em fatores diferenciais para o entendimento das síndromes em estudo.
Giesecke e Clauw(18) reconhecem que os indivíduos que preenchem os critérios do ACR de classificação para FM não compõem um grupo homogêneo. Defendem a hipótese de existirem distintos subgrupos entre os pacientes com FM, que podem ser identificados pelos padrões de sensibilidade/dor, humor e cognição. Para eles, parece existir um grupo de pacientes com FM que exibe extrema sensibilidade sem associação com fatores psicocognitivos; um grupo intermediário e um terceiro grupo, nos quais os fatores relacionados ao humor e a cognição influenciam no relato dos sintomas. Esses são os pacientes que referiam alta sensibilidade à dor, apresentavam altos índices de depressão e ansiedade, emitiam seu quadro como catastrófico, além de ter baixa capacidade para o controle da dor. Tais resultados podem ter implicações terapêuticas quanto à escolha de analgésicos ou dos tipos de antidepressivos e psicotrópicos.

PERSPECTIVAS BIOPSICOLÓGICAS ATUAIS
A construção conceitual da FM e da sua co-morbidade com a depressão maior (DM) apóia-se no modelo biológico que pesquisa substâncias neurotransmissoras (serotonina, norepinefrina, substância P), assim como na sua interação com o modelo psicossocial que relaciona a tristeza e a dificuldade de adaptação, demonstradas nas respostas de dramatizar ou não saber se ajudar.
Aparentemente, existe uma separação das múltiplas redes de processamento dos sintomas como a dor e a depressão. Os níveis dos sintomas da depressão não atuam diretamente na magnitude da ativação das áreas cerebrais associadas com a dimensão sensorial da dor (córtices somatossensoriais primária e secundária). No entanto, os sintomas da depressão ou a presença da depressão parecem estar associados com a ativação das regiões cerebrais relacionadas com o processamento da dor afetiva (amígdala e ínsula anterior contralateral). Dados da literatura sugerem a ínsula anterior como atuante na interação das experiências sensoriais e afetivas(4).
Esses achados podem se estender às outras condições com dores crônicas que tenham um elemento central caracterizado por hiperalgesia/alodínia como a síndrome do cólon irritável, a lombalgia e a vulvodínia. Sugerem que este fenômeno de ativação neural no processamento da dor possa ser notado também em condições periféricas e clássicas como a osteoartrite e a artrite reumatóide.

OBJETO FRONTEIRA: SUA IDENTIFICAÇÃO PARA INTERAGIR O BIOPSICOSSOCIAL
Ao se propor o estudo da relação dos fatores psicossociais como influentes ou determinantes dos modos de construção e expressão dos diferentes processos que alteram a saúde, há que se modificar o modelo tradicional das consultas médicas que separam em pedaços a avaliação do indivíduo. Excluir das consultas a contextualização do problema do paciente e a relação processual com suas histórias de vida e as construções sociocognitivas é eliminar a percepção das essências desses processos, cujas construções não conseguem ser integralmente explicadas pelo conhecimento biomédico. A categoria boundary object (objeto fronteira), foi proposta por Star(19), para estandardizar os métodos e como atividade central para a tradução e comunicação entre os diferentes pontos de vista. Araújo(20) propôs a utilização da tríade de sintomas da depressão, insônia e dor como objeto fronteira para integrar trabalho multidisciplinar entre  os diferentes profissionais que estudam a FM e as síndromes funcionais somáticas. Seu trabalho foi apresentado no 2004 ACR Economic, Social and Psychological Impact of Arthritis.
A abertura para esses novos aspectos resultará em futuras construções sociointeracionistas mais elaboradas, hoje classificadas como interdisciplinares que buscam a transdisciplinaridade (Figura 1).
Consciente da interação entre os fatores sensoriais e afetivos motivacionais no resultado da dor, o médico precisa estudar sua relação com os fatores culturais regionais, com as condições e satisfações da vida, a legislação trabalhista, assistencial e pericial. Vale avaliar, portanto, a geração e a persistência da amplificação dos sintomas como a dor em sua relação mais estreita com a formação cognitiva do indivíduo e seus desgastes físicos pela incapacidade de lidar com determinados problemas psicossociais. Os estudos biomédicos, como as substâncias neuroendócrinas e os estudos de imagem e sua relação com outros achados co-mórbidos, continuam sendo importantes. Porém, a inserção e a articulação dos outros eventos psicossociais podem resultar em novos modelos para entender os processos hoje classificados como doenças.
Esse é o grande desafio para o profissional com formação, prática e construções biomédicas: construir um ver formativo e perceber as interações dos fatores biopsicossociais. Valorizar a multiplicidade dos fatores: a susceptibilidade genética e sua interação com os fatores sociocognitivos, biológicos, psicoemocionais, familiares, do gênero e ambientais, assim como buscar a integração dos diferentes sistemas para compor a visão do todo, implicam em transformações conceituais curriculares e na formação dos professores. São processos lentos que implicam em mudanças conceituais dos modos de pensar e exercitar o pensamento, necessárias para a conquista da harmonia dos diagnósticos e das práticas periciais. Portanto, interagir o estudo dos diferentes sistemas auxilia na percepção da importância da transformação epistemológica que amplia o modo de pensar, disjuntivo e redutor, para o encontro do complexo com a real interpretação do significado dos modelos da expressão corporal.
Hadler(21, 22) comenta sobre a organização de um sistema que com intervenções médicas prejudiciais à saúde reduzem a qualidade de vida. Destaca o uso da FM como rótulo de doença que incapacita, e que essa construção social da mesma gera litígios e discussões epistemológicos atuais sobre as fronteiras entre suas realidades e verdades.
A inserção curricular do estudo da epistemologia e a aplicação das categorias estilo/coletivo de pensamento e objeto fronteira estimulam o desenvolvimento da abordagem sistêmica e da capacidade crítica dos assuntos pertinentes à educação e à saúde. Estende a condição espectadora dos professores e estudantes para a de participantes no processo da construção interdisciplinar e interação dos sistemas com o conhecimento científico (Figura 2).


REFERÊNCIAS
1. Criteria for the Classification and Diagnosis of the Rheumatic Diseases. Primer on the Rheumatic Diseases: 12ª Ed, Atlanta, Arthritis Foundation, 631-648, 2001.
2. Fleck, L: La Génesis y el Desarollo de un Hecho Científico. Madrid, Alianza, 1986.
3. Goldenberg, DL: A Fibromialgia Uma Década Depois: O Que Aprendemos? JAMA Brasil - J Am Med Assoc 8: 3507-3515, 2000. Tradução de: Fibromyalgia Syndrome a Decade Later: What Have We Learned? Arch Intern Med 159: 777-785, 1999.
4. Giesecke T, Clauw DJ et al: The Relationship Between Depression, Clinical Pain, and Experimental Pain in a Chronic Pain Cohort. Arthritis Rheum 52: 1577-1584, 2005.
5. Araújo RL: Doenças: Construção e Realidade na Formação dos Médicos. Dissertação de Mestrado em Educação e Ciência, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.
6. Flexner A: Medical Education: A Comparative Study. Macmillian, 1925.
7. Fleck L: Genesis and Development of a Scientific Fact. Chicago: The University of Chicago Press, 1979.
8. Löwy I: The Strength of Lose Concepts, History of Science, 30: 371-395, 1993.
9. Löwy I: Between Bench  and Bedside, Harvard University press, 1996.
10. Löwy I: Ludwik Fleck and the Notion of "boundary object". Mimeo do I Seminário Internacional sobre Filosofia da Saúde, Florianópolis, 1996.
11. Delizoicov D: Sobre a Produção do Conhecimento Científico (Editorial) Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, 13: 178-276, 1996.
12. Clauw DJ: Fibromyalgia and Diffuse Pain Syndromes. In: Primer on the Rheumatic Diseases. 12ª ed, Atlanta, Arthritis Foundation: 188-193, 2001.
13. Rao SG, Clauw DJ: The Management of Fibromyalgia, San Diego, Cypress Bioscience, 2004.
14. Aronowitz RA: Making Sense of Illness: science, society, and disease. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
15. Crofford, LJ, Clauw DJ,. Where are we a decade after the American College of Rheumatology classification criteria were developed? Editorial: Arthritis Rheum, New York, 46: 1136-1138, 2002.
16. Engleberg NC: Chronic fatigue syndrome. In: Mandel et al. Principles and Practice of Infectious Diseases. 15ª ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 529-1534, 2000.
17. Conte PM, Walco GA, Kimura Y: Temperament and Stress Response in Children with Juvenile Primary Fibromyalgia Syndrome, Arthritis Rheum 8, 10: 2923-2930, 2003.
18. Giesecke T, Clauw DJ et al: Subgrouping of Fibromyalgia Patients on the basis of Pressure-Pain Thersholds and Psycological Factors. Arthritis Rheum 48: 2916-2922, 2003.
19. Star SL, Griesemer JG: Institutional Ecology, Translations and Boundary Objects: Amateurs and professionals in Berkeley's Museum of Vertebrate Zoology, 1907-39. Social Studies of Science, 19: 387-470, 1989.
20. Araújo RL: The Symptoms of Depression, Insomnia and Pain/Fatigue as a Boundary Object in Multidisciplinary Work. Arthritis Rheum 50, 9: S 48, 2004.
21. Hadler MN: Occupational Muskuloskeletal Disorders, Lippincott Williams & Wilkins, 3ª ed, 2005.
22. Hadler M N: The Last Well Person (How to Stay Well Despite), The Health-Care System McGill-Queen's University Press, 2004.

Revista Brasileira de Reumatologia - Fibromyalgia: construction and reality in medical education

Revista Brasileira de Reumatologia - Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Fibromyalgia: construction and reality in medical education


Rejane Leal Araújo
Médica: Fellow em Reumatologia, UVA-USA, Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Professora de Medicina da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL)


PROBLEMAS ATUAIS NOS MODELOS DE CONSTRUÇÃO DAS DOENÇAS
A construção conceitual da síndrome da fibromialgia (FM) como doença, das suas superposições ou co-morbidades e das suas relações com a fragmentação do conhecimento no atual contexto sociohistórico constituem um grande desafio para o exercício do médico. Sua identificação segue os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR-1990), os quais foram desenvolvidos com o propósito de analisar resultados interinstitucionais da avaliação de grupos populacionais semelhantes, embora também possam ser utilizados para diagnósticos individuais(1).
O estudo dos atuais modelos para as construções científicas da FM, e outras síndromes expressas por sintomas, estimula o desenvolvimento de outras percepções, absorvidas com a inserção do terceiro fator, além do sujeito e do objeto, que é o estado do conhecimento(2). O rótulo fibromialgia permitiu acalmar os médicos que passaram a dispor de um termo biomédico para se comunicarem e explicarem aos pacientes, que se sentiram satisfeitos com a validação de seus sintomas como reais e não como simulados.
Goldenberg(3) afirma que, apesar do número crescente de publicações, pouco progresso tem sido feito para a compreensão ou tratamento desse distúrbio e seu conceito permanece controverso, incluindo aqueles que continuam a questionar sua existência e sua utilidade diagnóstica.
A prevalência da FM de 0,5 a 4% nos países industrializados(4), acrescida pela superposição das síndromes semelhantes, mas com linguagens diferentes, implica em gastos socioeconômicos e desgastes individuais, familiares e sociais, para entender e explicar problemas de saúde, rotulados como síndromes em sua multiplicidade de conotações biomédicas, genéticas, psicológicas, cognitivas e socioculturais.

ESTUDO DAS RELAÇÕES SOCIOHISTÓRICAS: EPISTEMOLOGIA, EDUCAÇÃO E SAÚDE
As propostas epistemológicas atuais para transformação do modelo de construção do conhecimento científico determinam mudanças na dinâmica e na qualidade dos modos de pensar, pois excluem as neutralidades e inserem a participação contextual, evoluem do estático para o processual e estudam a complexidade com o emaranhado de ações, interações e retroações.
Deste modo, o exercício do pensamento complexo implica em transformações na conceituação dos binômios como: pensamento estático/processual, dissociado/complexo, saúde/doença, unidade/todo, unicausal/multicausal, biomédico/biopsicossocial. Com esse interesse, Araújo(5) estudou a relação entre o modelo atual de construção dos distúrbios como a FM com os modelos epistemológicos fragmentados que dominaram o século XX, conhecidos como cartesianos, ainda hegemônicos nas teorias e práticas atuais da educação e da saúde. Destaca que a fragmentação do modelo da educação médica americana de Flexner(6), seguido pelo Brasil, priorizou as teorias e as práticas restritas ao biomédico, separadas em disciplinas, ensinadas por médicos especialistas. Este modelo, que domina as construções diagnósticas atuais, se limita aos sintomas do domínio de cada especialista, com baixo grau de representatividade para a composição do todo do indivíduo.
Apesar das diferenças nos rótulos diagnósticos especializados, os pacientes têm em comum o comportamento da vigília constante (ansiedade/angústia), são, em sua grande maioria, do gênero feminino e tendem a se apresentar com uma variedade de sintomas crônicos associados a distúrbios de humor (depressão) e distúrbios do sono (insônia). Os sintomas, como a dor, estudados e interpretados por especialistas, ficam restritos às construções de um saber delimitado: sabem muito de um determinado assunto, mas muito pouco do restante. Com base nesses e em outros dados, Araújo(5) propõe a tríade da depressão, insônia e dor/fadiga como representativa da dinâmica integrada pelos fatores físicos biomédicos, psicoemocionais, comportamentais e socioculturais para justificar o significado e a expressão das diferentes síndromes crônicas, co-mórbidas ou em overlap com a FM. Seu estudo fundamentou-se na categoria epistemológica, o estilo de pensamento (thought style)(7), descrita pelo médico e filósofo polonês Ludwig Fleck (1935). O estilo de pensamento foi definido como um perceber dirigido com a correspondente elaboração intelectiva e objetiva do percebido. Comparado à categoria paradigma (Kuhn, 1962), consiste em uma determinada atitude, e também ao tipo de execução que a consuma (integra a teoria e a prática).
Diferentes autores(8-11) utilizam estilo de pensamento como categoria para documentar os problemas que surgem pela aplicação do modelo cartesiano utilizado no século passado para a construção do conhecimento científico. O estudo e a aplicação dos diferentes elementos que compõem o estilo/coletivo de pensamento permitiram constatar que apesar da uniformidade curricular do curso de graduação, os médicos se distanciam pelas suas formações especializadas durante as residências médicas. Os especialistas estudam e pensam assuntos relativos a seus compartimentos especializados, com suas linguagens próprias, exercícios fragmentados e freqüentam congressos restritos a suas especialidades. Esse modelo acentua a formação reduzida a assuntos especializados, compondo coletivos de pensamento dissociados, que constroem estilos de pensamento com incongruência de linguagens. Os médicos não são formados para entender a unicidade de cada indivíduo e construir modelos que expliquem a complexidade dos doentes e as propostas da interação biopsicossocial na saúde.
Na Tabela 1 são apresentadas diferentes construções diagnósticas superpostas, como a FM, a síndrome da fadiga crônica, a síndrome do cólon irritável, a dor miofacial regional e a depressão, fruto das construções por estilos de pensamento especializados e fragmentados. São restritas à expressão isolada dos sintomas, que não abrangem a relação biomédica com os aspectos sociocognitivos, embora esses possam representar o significado, ou seja, a essência comum a muitos dos pacientes. Omite a importância do perfil cognitivo de entender, reagir ou conviver com seus sintomas e problemas.


MODELO DE CONSTRUÇÃO DA SÍNDROME DA FIBROMIALGIA
A FM, ao exibir como critérios objetivos os pontos dolorosos, estabelece dificuldades de precisão que envolvem o subjetivo da expressão do paciente e o da interpretação médica. Clauw(12) defende  que pelo menos metade dos indivíduos que recebem o diagnóstico clínico da FM não preenche sua definição e que aproximadamente 25% das pessoas com desordens sistêmicas inflamatórias podem ter positivos os critérios do ACR para essa síndrome. Esse autor ressalta que os critérios de classificação nunca tiveram a intenção de serem aplicados com o propósito de diagnóstico individual. Comenta que os pontos dolorosos medem não apenas a sensibilidade, mas também o modo de lidar com o estresse, influenciado por diferentes fatores como: gênero feminino, aumento da idade, deficiência do condicionamento físico e desordens do humor. Rao e Clauw(13) conferiram o nome de síndromes funcionais somáticas (SFS) para classificar grupo semelhante de desordens relativas aos pacientes com as características relatadas anteriormente.
Contextualizar a dinâmica da FM como a ruptura de um continuum construído pelo paciente com seu modo de lidar com estresses abre perspectivas que implicam nos diferentes significados das doenças e suas responsabilidades individuais e sociais, como nos diagnósticos de lesão por esforço repetitivo ou distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (LER/DORT). Essa diversidade desafia a postura médica frente às normas estabelecidas pela perícia e concessão de benefícios públicos. Sobre esse assunto, Aronowitz, em seu livro Making Sense of Illness(14), publica um inovador documento histórico científico sobre as controvérsias e de como as doenças podem mudar de significado ao longo dos tempos pelas mudanças de suas hipóteses etiológicas.
Crofford e Clauw(15), em análise sobre os efeitos após uma década dos critérios ACR-1990, salientam que os mesmos enfocam apenas a dor e desprezam outros sintomas importantes da FM incluindo fadiga, distúrbios cognitivos, distúrbios do sono e angústia psicológica. Esses autores destacam uma visão mais ampla que inclui esses sintomas e as síndromes comumente associadas (síndrome da fadiga crônica, síndrome do cólon irritável e depressão)(16)  para concluir que esses critérios falham em apreender a essência da FM. Num estudo sobre a relação do temperamento e resposta ao estresse em crianças com o diagnóstico da síndrome primária da fibromialgia juvenil (JPFMS), Conte(17) obteve como resultados que crianças e adolescentes com JPFMS, assim como seus pais, apresentavam diferenças quando comparados a outros grupos. Aqueles com diagnóstico de JPFMS demonstravam maior instabilidade do temperamento, níveis maiores de depressão e ansiedade, menor ajuste familiar e maior sensibilidade à dor. Seus pais também referiam aumento nos níveis de ansiedade e depressão e menor capacidade de ajuste psicológico. Conte defendeu a perspectiva psicobiológica e destacou a interação dos riscos individuais como a instabilidade do temperamento, a sensibilidade à dor, a vulnerabilidade ao estresse, o contexto, o ajuste e as psicopatologias familiares como fatores contribuintes para explicar a composição dessa síndrome da dor e sua severidade. Os dados que antecedem, relativos às histórias de vida e à representação de seus significados, podem se constituir em fatores diferenciais para o entendimento das síndromes em estudo.
Giesecke e Clauw(18) reconhecem que os indivíduos que preenchem os critérios do ACR de classificação para FM não compõem um grupo homogêneo. Defendem a hipótese de existirem distintos subgrupos entre os pacientes com FM, que podem ser identificados pelos padrões de sensibilidade/dor, humor e cognição. Para eles, parece existir um grupo de pacientes com FM que exibe extrema sensibilidade sem associação com fatores psicocognitivos; um grupo intermediário e um terceiro grupo, nos quais os fatores relacionados ao humor e a cognição influenciam no relato dos sintomas. Esses são os pacientes que referiam alta sensibilidade à dor, apresentavam altos índices de depressão e ansiedade, emitiam seu quadro como catastrófico, além de ter baixa capacidade para o controle da dor. Tais resultados podem ter implicações terapêuticas quanto à escolha de analgésicos ou dos tipos de antidepressivos e psicotrópicos.

PERSPECTIVAS BIOPSICOLÓGICAS ATUAIS
A construção conceitual da FM e da sua co-morbidade com a depressão maior (DM) apóia-se no modelo biológico que pesquisa substâncias neurotransmissoras (serotonina, norepinefrina, substância P), assim como na sua interação com o modelo psicossocial que relaciona a tristeza e a dificuldade de adaptação, demonstradas nas respostas de dramatizar ou não saber se ajudar.
Aparentemente, existe uma separação das múltiplas redes de processamento dos sintomas como a dor e a depressão. Os níveis dos sintomas da depressão não atuam diretamente na magnitude da ativação das áreas cerebrais associadas com a dimensão sensorial da dor (córtices somatossensoriais primária e secundária). No entanto, os sintomas da depressão ou a presença da depressão parecem estar associados com a ativação das regiões cerebrais relacionadas com o processamento da dor afetiva (amígdala e ínsula anterior contralateral). Dados da literatura sugerem a ínsula anterior como atuante na interação das experiências sensoriais e afetivas(4).
Esses achados podem se estender às outras condições com dores crônicas que tenham um elemento central caracterizado por hiperalgesia/alodínia como a síndrome do cólon irritável, a lombalgia e a vulvodínia. Sugerem que este fenômeno de ativação neural no processamento da dor possa ser notado também em condições periféricas e clássicas como a osteoartrite e a artrite reumatóide.

OBJETO FRONTEIRA: SUA IDENTIFICAÇÃO PARA INTERAGIR O BIOPSICOSSOCIAL
Ao se propor o estudo da relação dos fatores psicossociais como influentes ou determinantes dos modos de construção e expressão dos diferentes processos que alteram a saúde, há que se modificar o modelo tradicional das consultas médicas que separam em pedaços a avaliação do indivíduo. Excluir das consultas a contextualização do problema do paciente e a relação processual com suas histórias de vida e as construções sociocognitivas é eliminar a percepção das essências desses processos, cujas construções não conseguem ser integralmente explicadas pelo conhecimento biomédico. A categoria boundary object (objeto fronteira), foi proposta por Star(19), para estandardizar os métodos e como atividade central para a tradução e comunicação entre os diferentes pontos de vista. Araújo(20) propôs a utilização da tríade de sintomas da depressão, insônia e dor como objeto fronteira para integrar trabalho multidisciplinar entre  os diferentes profissionais que estudam a FM e as síndromes funcionais somáticas. Seu trabalho foi apresentado no 2004 ACR Economic, Social and Psychological Impact of Arthritis.
A abertura para esses novos aspectos resultará em futuras construções sociointeracionistas mais elaboradas, hoje classificadas como interdisciplinares que buscam a transdisciplinaridade (Figura 1).
Consciente da interação entre os fatores sensoriais e afetivos motivacionais no resultado da dor, o médico precisa estudar sua relação com os fatores culturais regionais, com as condições e satisfações da vida, a legislação trabalhista, assistencial e pericial. Vale avaliar, portanto, a geração e a persistência da amplificação dos sintomas como a dor em sua relação mais estreita com a formação cognitiva do indivíduo e seus desgastes físicos pela incapacidade de lidar com determinados problemas psicossociais. Os estudos biomédicos, como as substâncias neuroendócrinas e os estudos de imagem e sua relação com outros achados co-mórbidos, continuam sendo importantes. Porém, a inserção e a articulação dos outros eventos psicossociais podem resultar em novos modelos para entender os processos hoje classificados como doenças.
Esse é o grande desafio para o profissional com formação, prática e construções biomédicas: construir um ver formativo e perceber as interações dos fatores biopsicossociais. Valorizar a multiplicidade dos fatores: a susceptibilidade genética e sua interação com os fatores sociocognitivos, biológicos, psicoemocionais, familiares, do gênero e ambientais, assim como buscar a integração dos diferentes sistemas para compor a visão do todo, implicam em transformações conceituais curriculares e na formação dos professores. São processos lentos que implicam em mudanças conceituais dos modos de pensar e exercitar o pensamento, necessárias para a conquista da harmonia dos diagnósticos e das práticas periciais. Portanto, interagir o estudo dos diferentes sistemas auxilia na percepção da importância da transformação epistemológica que amplia o modo de pensar, disjuntivo e redutor, para o encontro do complexo com a real interpretação do significado dos modelos da expressão corporal.
Hadler(21, 22) comenta sobre a organização de um sistema que com intervenções médicas prejudiciais à saúde reduzem a qualidade de vida. Destaca o uso da FM como rótulo de doença que incapacita, e que essa construção social da mesma gera litígios e discussões epistemológicos atuais sobre as fronteiras entre suas realidades e verdades.
A inserção curricular do estudo da epistemologia e a aplicação das categorias estilo/coletivo de pensamento e objeto fronteira estimulam o desenvolvimento da abordagem sistêmica e da capacidade crítica dos assuntos pertinentes à educação e à saúde. Estende a condição espectadora dos professores e estudantes para a de participantes no processo da construção interdisciplinar e interação dos sistemas com o conhecimento científico (Figura 2).


REFERÊNCIAS
1. Criteria for the Classification and Diagnosis of the Rheumatic Diseases. Primer on the Rheumatic Diseases: 12ª Ed, Atlanta, Arthritis Foundation, 631-648, 2001.
2. Fleck, L: La Génesis y el Desarollo de un Hecho Científico. Madrid, Alianza, 1986.
3. Goldenberg, DL: A Fibromialgia Uma Década Depois: O Que Aprendemos? JAMA Brasil - J Am Med Assoc 8: 3507-3515, 2000. Tradução de: Fibromyalgia Syndrome a Decade Later: What Have We Learned? Arch Intern Med 159: 777-785, 1999.
4. Giesecke T, Clauw DJ et al: The Relationship Between Depression, Clinical Pain, and Experimental Pain in a Chronic Pain Cohort. Arthritis Rheum 52: 1577-1584, 2005.
5. Araújo RL: Doenças: Construção e Realidade na Formação dos Médicos. Dissertação de Mestrado em Educação e Ciência, Universidade Federal de Santa Catarina, 2002.
6. Flexner A: Medical Education: A Comparative Study. Macmillian, 1925.
7. Fleck L: Genesis and Development of a Scientific Fact. Chicago: The University of Chicago Press, 1979.
8. Löwy I: The Strength of Lose Concepts, History of Science, 30: 371-395, 1993.
9. Löwy I: Between Bench  and Bedside, Harvard University press, 1996.
10. Löwy I: Ludwik Fleck and the Notion of "boundary object". Mimeo do I Seminário Internacional sobre Filosofia da Saúde, Florianópolis, 1996.
11. Delizoicov D: Sobre a Produção do Conhecimento Científico (Editorial) Caderno Catarinense de Ensino de Física, Florianópolis, 13: 178-276, 1996.
12. Clauw DJ: Fibromyalgia and Diffuse Pain Syndromes. In: Primer on the Rheumatic Diseases. 12ª ed, Atlanta, Arthritis Foundation: 188-193, 2001.
13. Rao SG, Clauw DJ: The Management of Fibromyalgia, San Diego, Cypress Bioscience, 2004.
14. Aronowitz RA: Making Sense of Illness: science, society, and disease. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
15. Crofford, LJ, Clauw DJ,. Where are we a decade after the American College of Rheumatology classification criteria were developed? Editorial: Arthritis Rheum, New York, 46: 1136-1138, 2002.
16. Engleberg NC: Chronic fatigue syndrome. In: Mandel et al. Principles and Practice of Infectious Diseases. 15ª ed, Philadelphia, Churchill Livingstone, 529-1534, 2000.
17. Conte PM, Walco GA, Kimura Y: Temperament and Stress Response in Children with Juvenile Primary Fibromyalgia Syndrome, Arthritis Rheum 8, 10: 2923-2930, 2003.
18. Giesecke T, Clauw DJ et al: Subgrouping of Fibromyalgia Patients on the basis of Pressure-Pain Thersholds and Psycological Factors. Arthritis Rheum 48: 2916-2922, 2003.
19. Star SL, Griesemer JG: Institutional Ecology, Translations and Boundary Objects: Amateurs and professionals in Berkeley's Museum of Vertebrate Zoology, 1907-39. Social Studies of Science, 19: 387-470, 1989.
20. Araújo RL: The Symptoms of Depression, Insomnia and Pain/Fatigue as a Boundary Object in Multidisciplinary Work. Arthritis Rheum 50, 9: S 48, 2004.
21. Hadler MN: Occupational Muskuloskeletal Disorders, Lippincott Williams & Wilkins, 3ª ed, 2005.
22. Hadler M N: The Last Well Person (How to Stay Well Despite), The Health-Care System McGill-Queen's University Press, 2004.


 Endereço para correspondência:
Rejane Leal Araújo
e-mail: rejane@rotolo.trix.net

INSS X FIBROMIALGIA X OUTRAS DOENÇAS ASSOCIADAS X APOSENTADORIA X AUXÍLIO DOENÇA






Antes de pensar nessa possiblidade, saiba que é preciso esgotar todas as possibilidades junto ao INSS. Caso contrário a Justiça não aceita a ação.

Infelizmente, a Fibromialgia não é motivo suficiente.

O que PODE lhe trazer algum benefício previdenciário na justiça é se você tiver alguma ou algumas outras doenças que possam justificar a concessão. Esse benefício pode ser de Auxílio Doença, Auxílio Doença Acidentário ou Aposentadoria por Invalidez.

Vamos esclarecer o seguinte:

  • Mesmo na Justiça não existe a concessão de Aposentadoria por Invalidez Permanente de imediato. É preciso cumprir a legislação atual, que só o fará após prováveis novas perícias no INSS, e bons anos mais tarde que se comprovada a incapacidade é convertida.
  • Pacientes "só" com Fibromialgia têm poucas chances de obter o benefício. São poucos os julgados (ações com julmento dos juízes) favoráveis ao fibromiálgico. Normalmente, o que acontece é que as outras doenças associadas PODEM justificar a concessão de algum benefício.
  • Para este tipo de Ação é bom que fique ciente que caso você vença na Primeira Instância, é preciso a confirmação da sentença em Segunda Instância; ou seja, se vc vencer no primeiro julgamento, a ação irá para uma Instância Superior para que o juiz confirme o que o primeiro decidiu. Há algumas excessões, em que o INSS não espera a decisão da Segunda Instância, e já cumprem o que foi decido em Primeira.
  • Para entrar com esse tipo de Ação é necessário que você seja representado por um advogado especializado, ou seja, seja especialista na área PREVIDENCIARISTA. (Advogado que faz tudo é um grande risco. Porque a área previdenciarista é muito complexa, e o advogado precisa estar sempre atualizado).
  • Se você não tem condições financeiras para pagar um especialista, você tem algumas opções: 1) É conseguir um Defensor Público da União ( por se tratar de ação contra um órgao federal como é o INSS). Você pode verificar no site da Defensoria Pública da União, onde existe um escritório mais próximo de você. O site é www.dpu.org.br    Não esqueça de ligar antes e saber sobre: dias, horários para atendimento, e quais documentos precisa levar. (Não perca tempo indo para depois retornar!)/ 2) Você pode obter Assistência Jurídica Gratuita através de advogados da OAB em sua cidade, ou próximo dela. Você descobre onde está localizado o escritório da OAB mais próximo indo ao Fórum de sua cidade.
  • É possível pedir ao seu representante legalmente constituído (ou o defensor público ou o advogado da OAB) que pleitei um Mandado de Segurança (Liminar), que garanta que o INSS restabeleça seu benefício, antes mesmo do término da ação, visto que, você não tem outro meio de sustento. Você precisa de renda para continuar seu tratamento, alimentos e pagamentos do básico (água, luz, gás, etc...). Se o juiz concordar com os argumentos levados ao seu conhecimento, ele DEFERE o pedido, e você passa a receber seu benefício enquanto espera a decisão judicial.
  • O juiz não é obrigado a conceder a Liminar. Só o faz quando percebe que existem argumentos que a justifiquem.
  • Todos os documentos devem ser atuais, principalmente Laudos e Exames.
  • Segundo o Código de Ética Médico TODO PACIENTE tem o direito a obter uma cópia de seu prontuário médico ou hospitalar. Incluindo do INSS, com risco de denúncia contra o médico perito ser denunciado, visto que, segundo o Código de Ética Médico, a função de perito não sobrepõe as obrigações eleitas no referido Código. Assim, sempre que for internada ou passar pelo PS peça uma cópia de se prontuário. O mesmo serve para seus médicos. Todos devem lhe conceder, ainda que tenha que pagar, uma cópia de seu prontuário médico. É comum que eles só o façam se você fizer o pedido por escrito. Ótimo! Segurança para você. Pode ser que não tenham como lhe entregar de imediato. Tudo bem. Eles podem ter em torno de 10 dias(um prazo razoável) para providenciar essa cópia. O pedido por escrito e com cópia protocolada será a sua garantia de que fez o pedido. Se não cumprirem o que determina o Código, você terá como provar que fez e quando fez o pedido. Sua denúncia no CRM estará comprovada.

Eu obtive através de Ação Judicial na Justiça Federal, com advogado especializado, a Liminar, o benefício de Auxílio Doença foi reativado, e, a partir de Nov/2009 o juiz mandou converter o benefício em Aposentadoria por Invalidez.
Não foi por causa da fibromialgia, mas sim por doença degenerativa em toda coluna. Já tenho dois implantes na lombar, um na cervical, e a dorsal está péssima. Meu médico disse que o nome do que eu tenho em toda a coluna, ainda não foi determinado pela medicina. O que se sabe é que a Fibro agrava.
Eu fiz questão de anexar ao processo todas as cópias de prontuários de hospitais que eu passei por internação ou PS. Além de colocar também cópias dos prontuários médicos dos especialistas que me assistem até a ocasião.
Meu processo tinha 2 volumes. E foi através dali que o perito pode comprovar tudo que estava sendo alegado nos Laudos de meus médicos, as datas, os procedimentos realizados, medicações usadas e seus efeitos, r muito mais..
Isso fundamenta seu pedido, ou seja, prova que você está em tratamento sério, além de ter passagens por PS em momentos diversos por motivos que justificassem.

Importante saber também que, a APOSENTADORIA POR INVALIDEZ, não significa que isso é aposentadoria definitiva. Isso leva um bom tempo para ser convertido pelo INSS. O INSS pode chamar o beneficiário a fazer Perícia, conforme acreditem ser necessário, por critérios próprios. E se em alguma dessas perícias o perito do INSS acredite que a INCAPACIDADE já não existe, eles podem cessar o benefício, e você esteja liberado para voltar ao trabalho. 
Até que se converta em APOSENTADORIA DEFINITIVA demoram anos, se não for cessado em alguma perícia. O que não significa que você não possa recorrer à Justiça novamente.
O beneficiário não pode ter outra fonte de renda. Isso dará ao INSS o direito de cessar a concessão da Aposentadoria.

Como podem ver não é algo rápido e fácil. Mas não é impossível. Afinal, se você não lutar pelos seus direitos, quem você espera que o fará por você?

Autora: Sandra Santos (relato de experiência própria)

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

ABRAFIBRO ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FIBROMIÁLGICOS: Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão ...

ABRAFIBRO ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FIBROMIÁLGICOS: Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão ...:   Por Dr. Richard A. Friedman- The New York Times News Service/Syndicate Quando é que vamos tomar as rédeas do problema da depressão? ...

Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão da depressão

 Por Dr. Richard A. Friedman- The New York Times News Service/Syndicate

Quando é que vamos tomar as rédeas do problema da depressão?

Pesquisa colaborativa traz novo enfoque à questão da depressão

Quando é que vamos tomar as rédeas do problema da depressão?
De todas as doenças graves, físicas ou mentais, a depressão tem se mostrado uma das mais difíceis de derrotar. Apesar da variedade de medicamentos antidepressivos – hoje há 26 deles – apenas um terço dos pacientes com depressão grave experimentam uma remissão completa após a primeira rodada de tratamento, e tratamentos sucessivos com medicamentos diferentes trazem algum alívio para apenas 20 a 25 por cento deles.
Cerca de 30 por cento das pessoas com depressão têm algum grau de resistência ao tratamento. E, quanto maior o grau de resistência, maior será a probabilidade de uma recaída no futuro, mesmo se o paciente continuar a tomar o medicamento.
Embora tenhamos aprendido muito sobre a depressão – por exemplo, a recente pesquisa que mostra que o sucesso do tratamento da insônia em pacientes deprimidos basicamente duplica a sua reação a uma droga como o Prozac – ainda não entendemos qual é a sua causa fundamental. A velha ideia de que a doença resulta da deficiência de um único neurotransmissor como a serotonina ou a dopamina é claramente simplista e equivocada.
Talvez psiquiatras e neurocientistas tenham algo a aprender com a bem-sucedida caça ao bóson de Higgs.
Claro que uma doença debilitante não tem nada em comum com uma partícula subatômica, exceto o fato de que ambas são misteriosas e difíceis de compreender. Entretanto, foram essas qualidades que inspiraram equipes internacionais de cientistas a trabalhar juntas por anos, até que finalmente identificaram o bóson de Higgs no ano passado.
Entre os cientistas biomédicos que competem pelos mesmos dólares destinados à pesquisa e querem passar primeiro pela linha de chegada de uma descoberta importante, esse tipo de cooperação não é a regra. Porém, há sinais de que isso está mudando.
Não muito tempo atrás, estive em uma reunião da Fundação de Pesquisa Esperança para a Depressão. Audrey Gruss, a filantropa experiente e cheia de energia que criou a fundação, reuniu um grupo de neurocientistas com formação geral e clínicos para procurar soluções. (Não é a primeira a experimentar uma abordagem colaborativa; outras estão sendo patrocinadas pela Fundação MacArthur e o Consórcio Pritzker.)
'Um problema complexo como a depressão vai muito além do que um único cientista ou laboratório podem resolver', disse o líder do grupo na fundação Esperança, Huda Akil, professor de Neurociências e Psiquiatria na Universidade de Michigan. 'O que é ótimo na nossa colaboração é que podemos pensar em ideias ambiciosas e assumir riscos sem nos preocuparmos com o parecer das agências de fomento', como o Instituto Nacional de Saúde Mental, a principal fonte de financiamento federal da pesquisa psiquiátrica.
Um dos principais objetivos da pesquisa é entender quais circuitos cerebrais e genes são alterados pela depressão, como o ambiente interage com esses genes, e como reverter as repetidas agressões biológicas da doença. Isso exigirá a integração de uma ampla gama de ferramentas, conforme explicou ela: a genômica, a epigenética, a eletrofisiologia, os modelos animais e a psiquiatria clínica.
A grande desvantagem dos nossos antidepressivos atuais é que eles se baseiam em modelos animais que têm sido usados há décadas para a produção de medicamentos que funcionam todos da mesma forma. Novos medicamentos exigem a identificação de novos alvos no cérebro e melhores modelos animais em que possam ser testados.
Levando isso em conta, um dos membros do grupo, o Dr. Joshua Gordon, professor associado de psiquiatria na Universidade de Columbia, estuda novos modelos animais da depressão por meio da gravação da atividade de regiões cerebrais em camundongos selecionados que estão envolvidos em comportamentos que lembram a depressão.

Depois de conversar com outra integrante do grupo, a Dra. Helen S. Mayberg, neurocientista da Universidade de Emory, Gordon modificou sua abordagem. Mayberg identificou um alvo para a estimulação profunda do cérebro em pacientes com depressão que têm resistência ao tratamento: uma região chamada córtex cingulado subgenual. Quando ela é diretamente estimulada com eletrodos em pacientes deprimidos que não conseguiram reagir a quase nenhum dos outros tratamentos, muitos deles mostram uma resposta positiva bastante vívida.
Mayberg pediu que Gordon ampliasse a região de gravação de modo a incluir o análogo da região do cérebro humano no camundongo, para que se pudesse captar de maneira mais abrangente a atividade dessas diferentes áreas do córtex e compreender como elas contribuem individualmente para comportamentos que lembram a depressão nesse animal.
Outro membro do grupo, Bruce McEwen, neurocientista da Universidade Rockefeller, que realizou um trabalho pioneiro sobre os efeitos do estresse sobre o cérebro, está estudando ratos de laboratório de Akil que foram geneticamente selecionados por sua propensão ao mostrar ansiedade e comportamentos que lembram a depressão.
Entre outras coisas, McEwen está usando esses ratos para estudar a eficácia de medicamentos que têm o potencial de agir rapidamente contra a depressão. Tais medicamentos seriam uma grande bênção para a psiquiatria: precisamos de tratamentos que possam aliviar os sintomas de depressão e o risco de suicídio que os acompanham em muito menos tempo do que as duas a seis semanas de que todos os antidepressivos atuais necessitam para surtir efeito.
Até mesmo uma colaboração potente como essa não oferece nenhuma garantia de que serão encontradas armas eficazes contra casos intratáveis de depressão. Afinal, foram necessários 50 anos para que o bóson de Higgs fosse desmascarado, e mesmo assim, há perguntas importantes sobre ele que ainda não tem resposta.
Ainda assim, em um momento em que os fundos de pesquisa federais estão diminuindo e as principais empresas farmacêuticas fecharam seus programas de pesquisa sobre o cérebro, filantropos bem esclarecidos e empresários têm ajudado a abrir um novo caminho promissor para a pesquisa em neurociência: a colaboração entre pesquisadores dispostos e capazes de assumir riscos conscientes e resolver grandes problemas.
The New York Times News Service/Syndicate – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times._NYT_

sábado, 28 de dezembro de 2013

Exercícios alivia efeitos colaterais sexuais dos antidepressivos em mulheres

10 de Dezembro de 2013 - Uma nova pesquisa da Psicologia e, que pode ter importantes implicações para a saúde pública e para aliviar alguns efeitos colaterais dos antidepressivos, mostra que o envolvimento em exercícios na hora certa melhora significativamente a função sexual em mulheres que tomam antidepressivos.


O estudo publicado on line em Depressão e Ansiedade mostram que a disfunção sexual pode ser tratadas, com eficácia, com uma receita de baixo custo, não invasiva de exercícios moderadamente intensos.
"Estes resultados têm implicações importantes para a saúde pública, com exercícios num tratamento para efeitos colaterais sexuais, acessível, barato e não adiciona a carga de cuidados" diz Tiernex Lorenz, um pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Indiana. Ele realizou o estudo na Universidade do Texas em Austin, com o professor de Psicologia Cindy Meston.

Os pesquisadores recrutaram 52 mulheres que relataram efeitos colaterais sexuais com antidepressivos. Durante as três primeiras semanas de estudo, as participantes estiveram envolvidas em atividades sexuais com nenhum exercício. No segundo experimento as participantes completaram três semanas de exercícios imediatamente após a atividade sexual ou três semanas de exercícios não programados para isso.
Todas elas também se envolveram na atividade sexual e, 30 minutos  de treinamento de exercícios de força, cardio vascular três vezes por semana. Os dois grupos em seguida inverteram os papeis na última experiência. As mulheres que se exercitavam regularmente foram convidadas a adicionar três sessões extras para sua rotina de treino.

Os resultados mostraram que 40 minutos de exercício antes da relação podem reduzir o efeito das drogas que diminuem a libido. Eles foram baseados em avaliações de auto-relato das participantes sobre sua libido na atividade sexual. Satisfação e saúde psicológica antes e depois do experimento. Elas também relataram cada evento sexual em diários on line  de acordo com os resultados, comprometendo-se a uma rotina de exercícios a melhora da função do do orgasmo regular em todas as mulheres. No entanto, aquelas que se exercitavam imediatamente antes do sexo experimentaram a libido significativamente mais fortes e melhorias gerais no funcionamento do sexo.

Exercícios de intensidade moderada ativa o sistema nervoso simpático, que facilita o fluxo sanguíneo para a região genital. 
Os antidepressivos deprimem esse sistema. Agendar atividades sexuais regulares e exercícios podem ser um ferramenta eficaz para aliviar os efeitos secundários adversos, diz Lorenz.

"Considerando a grande prevalência de efeitos colaterais sexuais com antidepressivos e, a falta de opções de tratamento para aquelas que experimentam estes efeitos perturbadores, este é um passo importante no tratamento da disfunção sexual entre mulheres que usam antidepressivos." diz Lorenz


sábado, 21 de dezembro de 2013

Médicos respondem a 6 dúvidas frequentes sobre dores crônicas

Publicada em 24/11/2013 11:30:14


Dores crônicas fazem parte da vida de 60 milhões de brasileiros,  Segundo dados da Sociedade Brasileira de Estudo da Dor (SBED). Mas algumas atitudes do paciente podem ajudá-lo a, levar uma vida sem tantos sintomas e com mais qualidade de vida.
Um dos tratamentos mais conhecidos no combate à dor são as atividades físicas. O médico João Marcos Rizzo, coordenador da clínica de dor do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), explica a importância dos exercícios no combate à dor. “Caminhadas e corridas, por exemplo, têm alto valor de evidência no tratamento das dores crônicas por liberarem endorfina (analgésicos naturais do nosso organismo). Quando a dor é contínua ou intermitente, por um período igual ou superior a três meses, pode ser considerada crônica. É o tempo mínimo para que ocorra a uma memorização da dor pelo sistema nervoso, característica da dor crônica”, explica o médico.
A incidência desses sintomas é maior em um perfil de pacientes, como explica a médica Simone Kurotusche, especialista em medicina esportiva. “As mulheres que tem de 30 a 40 anos desenvolvem doenças como a fibromialgia com mais frequência. Ela atinge uma média de cinco a sete mulheres para cada homem. Uma das hipóteses para maior prevalência da dor crônica entre elas são as questões hormonais, genéticas e de hábitos do dia a dia”.
João Marcos Rizzo alerta que as dores crônicas não são exclusivas de idosos. “Sempre tomamos cuidado para não priorizar uma faixa etária, pois todas têm suas doenças dolorosas mais prevalentes e igualmente importantes”.
O tratamento pode ser simples, dependendo da gravidade do que a pessoa tem. O que ocorre é que muitas agravam os sintomas cometendo erros que podem ser evitados facilmente. Por isso, os dois especialistas esclarecem as dúvidas mais constantes sobre as dores crônicas:
1) Além do exercício físico, alguma outra prática auxilia no controle da dor?
Ter um diagnóstico e saber exatamente que tipo de dor tem e quais os procedimentos para amenizá-la é fundamental, como explica Rizzo. “A psicoeducação, que nada mais é do que aprender sobre a dor, e um tratamento medicamentoso adequado sempre prescrito por um médico especialista também ajuda”.
2) A prática de exercício físico todos os dias pode agravar os sintomas das dores crônicas?
“Sim, principalmente quando não há supervisão. É importante a frequência, a regularidade e a alternância de grupos musculares trabalhados, para evitar sobrecarga, lesões e abandono das atividades por piora das dores”, orienta a especialista Kurotusche.
3) O exercício é efetivo contra todos os tipos de dores? Se não, quais os casos em que ele mais ajuda?
“Respeitando o estado clínico da pessoa, pode-se dizer que dificilmente não haverá benefício para qualquer tipo de dor, pois os efeitos analgésicos do exercício são reais e têm impacto positivo”, afirma a médica.
Rizzo cita um caso específico de dor crônica que tem mostrado melhoras significativas quando tratada adequadamente com atividade física. “A hérnia de disco tem reduzido o máximo possível o tempo de repouso que se indica. Hoje, percebe-se que quanto mais repouso, mais dor poderá surgir aos movimentos e mais prolongado o caso pode se tornar”.
4) Existe algum tipo de dor em que não é aconselhável fazer exercícios físicos? Se sim, qual?
“As restrições existem, geralmente por curtos períodos. Antes de iniciar um programa de exercícios como parte do tratamento, é imprescindível a avaliação por um profissional. Assim não haverá o risco de agravar qualquer condição clínica”, orienta o especialista Rizzo.
Simone Kurotusche lembra que as únicas dores que não se aconselha exercícios físicos são as de origem inflamatória ou infecciosa na fase ativa, em curto prazo após uma operação e nas causadas por algum câncer.
5) Por que as pessoas acreditam que o exercício físico não ajuda a tratar as dores crônicas?
“Falta de informação. Muitas acreditam que devem manter repouso quando têm dor crônica”, diz a médica.
O especialista Rizzo acrescenta que os resultados não são imediatos e, por isso, muitos acabam largando o tratamento. “Num primeiro momento as dores podem até piorar. O que buscamos é o resultado a médio e longo prazo. Por isso devemos ser enfáticos e educativos quando prescrevemos exercícios físicos como parte do tratamento da dor”. 
6) Quais as melhoras que o paciente sente ao começar a fazer exercícios?
“É notório o bem-estar, não só físico, mas principalmente mental. O simples fato do paciente se sentir agente ativo em seu tratamento é um grande sinal de melhora”, destaca o médico.
Korutusche cita outros sintomas, como melhora da disposição, de movimentação, da auto-estima, da depressão, qualidade do sono, equilíbrio, força, flexibilidade e das relações sociais.

Estou doente, posso ser demitido? Marcelo Costa Mascaro Nascimento, do escritório Mascaro Nascimento Advocacia Trabalhista, destrincha mais uma questão da legislação trabalhista

Médico em hospital

* Respondido por  Marcelo Costa Mascaro Nascimento, sócio do escritório Mascaro Nascimento Advocacia Trabalhista
Se você ficou doente em decorrência do ambiente do trabalho e se essa doença for grave ou crônica, você não poderá ser dispensado. Isso porque os juízes têm se utilizado de princípios como o da dignidade humana e da não discriminação para decidir, considerando o estado de vulnerabilidade do empregado acometido por doença grave. Os tribunais trabalhistas entendem de forma majoritária que a empresa estaria praticando ato discriminatório.
É claro que se não ficar comprovado o vínculo com o ambiente de trabalho e houver razões bem fundamentadas e justificadas, que respaldem a dispensa não discriminatória, esta será válida. O atestado para comprovação da doença deverá ser do INSS ou do convênio médico da empresa, a não ser no caso de existir uma convenção coletiva que disponha de uma forma diferente e que seja mais benéfica para o empregado.
Quando você apresentar o atestado, você terá licença remunerada de até 15 dias, ficando seu contrato suspenso e, por isso, nesse período, não será possível a demissão. A partir do 16° dia será encaminhado ao INSS para fins de afastamento médico e recebimento de benefício. Para que haja estabilidade, no entanto, é preciso que o empregado esteja afastado recebendo auxílio-doença-acidentário.
Por último, é importante lembrar que as convenções coletivas podem estabelecer condições mais benéficas aos trabalhadores, criando uma espécie de estabilidade para casos atípicos, então vale a pena verificar a norma que atende sua categoria, junto ao seu empregador ou sindicato.