Seja Bem Vindo ao Universo do Fibromiálgico

A Abrafibro - Assoc Bras dos Fibromiálgicos traz para você, seus familiares, amigos, simpatizantes e estudantes uma vasta lista de assuntos, todos voltados à Fibromialgia e aos Fibromiálgicos.
A educação sobre a Fibromialgia é parte integrante do tratamento multidisciplinar e interdisciplinar ao paciente. Mas deve se estender aos familiares e amigos.
Conhecendo e desmistificando a Fibromialgia, todos deixarão de lado preconceitos, conceitos errôneos, para darem lugar a ações mais assertivas em diversos aspectos, como:
tratamento, mudança de hábitos, a compreensão de seu próprio corpo. Isso permitirá o gerenciamento dos sintomas, para que não se tornem de difícil do controle.
A Fibromialgia é uma síndrome, é real e uma incógnita para a medicina.
Pelo complexo fato de ser uma síndrome, que engloba uma série de sintomas e outras doenças - comorbidades - dificulta e muito os estudos e o próprio avanço das pesquisas.
Porém, cientistas do mundo inteiro se dedicam ao seu estudo, para melhorar a qualidade de vida daqueles por ela atingidos.
Existem diversos níveis de comprometimento dentro da própria doença. Alguns pacientes são mais refratários que outros, ou seja, seu organismo não reage da mesma forma que a maioria aos tratamentos convencionais.
Sim, atualmente compreendem que a síndrome é "na cabeça", e não "da cabeça". Esta conclusão foi detalhada em exames de imagens, Ressonância Magnética Funcional, que é capaz de mostrar as zonas ativadas do cérebro do paciente fibromiálgico quando estimulado à dor. É muito maior o campo ativado, em comparação ao mesmo estímulo dado a um paciente que não é fibromiálgico. Seu campo é muito menor.
Assim, o estímulo dispara zonas muito maiores no cérebro, é capaz de gerar sensações ainda mais potencialmente dolorosas, entre outros sintomas (vide imagem no alto da página).
Por que isso acontece? Como isso acontece? Como definir a causa? Como interromper este efeito? Como lidar com estes estranhos sintomas? Por que na tenra infância ou adolescência isso pode acontecer? Por que a grande maioria dos fibromiálgicos são mulheres? Por que só uma minoria de homens desenvolvem a síndrome?
Estas e tantas outras questões ainda não possuem respostas. Os tratamentos atuais englobam antidepressivos, potentes analgésicos, fisioterapia, psicoterapia, psiquiatria, e essencialmente (exceto com proibição por ordem médica) a Atividade Física.
Esta é a parte que têm menor adesão pelos pacientes.
É dolorosa no início, é desconfortante, é preciso muito empenho, é preciso acreditar que a fase aguda da dor vai passar, trazendo alívio. Todo paciente precisa de orientação médica e/ou do profissional, que no caso é o Educador Físico. Eles poderão determinar tempo de atividade diária, o que melhor se adequa a sua condição, corrige erros comuns durante a atividade, e não deixar que o paciente force além de seu próprio limite... Tudo é comandado de forma progressiva. Mas é preciso empenho, determinação e adesão.

TRADUTOR

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Excesso de vitaminas é um risco: pode levar à morte

Excesso de vitaminas | Entrevista

Excesso de vitaminas | Entrevista
Maria Helena Varella Bruna
Publicado em: 21 de janeiro de 2012
Revisado em: 18 de outubro de 2019


Embora sejam essenciais para a sobrevivência humana, a suplementação vitamínica é quase sempre desnecessária. Os alimentos naturais fornecem a quantidade de que o organismo precisa e o excesso de vitaminas pode ser prejudicial à saúde. 

As vitaminas são conhecidas há muito tempo e o conceito de que são absolutamente necessárias para a saúde perfeita faz parte da tradição popular. Todos nós, muitas vezes na vida, ouvimos dizer  “coma essa fruta, porque tem muita vitamina”, ou que vitamina C é um santo remédio para gripes e resfriados ou, ainda, que algumas vitaminas ajudam a retardar o envelhecimento.
Na época das caravelas que se dirigiam ao Novo Mundo, os marinheiros tinham escorbuto, uma doença provocada pela carência de vitamina C e que se manifestava quando eles deixavam de comer alimentos frescos, como frutas e verduras.
Como se vê, o apelo para o consumo de vitaminas é forte, vem de longe e acabou criando uma cultura, que poderia ser chamada de vitaminocultura, em função da qual muitas pessoas tomam desnecessariamente e sem critério grande quantidade desses micronutrientes todos os dias. Logo no café da manhã, são oito, dez, doze comprimidos de uma só vez, na esperança de ficarem mais saudáveis, fortes e rejuvenecidas. Embora sejam essenciais para a sobrevivência humana, a suplementação vitamínica é quase sempre desnecessária. Os alimentos naturais fornecem a quantidade de que o organismo precisa.

FUNÇÃO DAS VITAMINAS


Drauzio –­ Qual é a função das vitaminas no organismo?
Alberto de Macedo Soares – As vitaminas desempenham papel fundamental na constituição, elaboração e resposta das células que constituem nosso organismo, principalmente no que diz respeito às enzimas, substâncias que adiantam ou retardam uma reação orgânica. Organismo sem vitamina é organismo falido, não funciona de forma adequada. Por isso, as vitaminas presentes nos alimentos naturais são fundamentais para a sobrevivência humana.

Drauzio – Todos os alimentos naturais contêm vitaminas?
Alberto de Macedo Soares – Nem todos, mas as frutas e as verduras são os que mais contêm vitaminas em sua composição.

Drauzio – Uma dieta variada que inclua duas ou três porções de verdura e duas ou três porções de frutas por dia fornece a quantidade de vitaminas de que a pessoa necessita?
Alberto de Macedo Soares – Sem dúvida nenhuma. A grande maioria das pessoas com ingesta diária de frutas e verduras não precisa acrescentar nenhum tipo de vitaminas vendido nas farmácias.

VITAMINAS X RADICAIS LIVRES


Drauzio – Há um tipo de medicina chamado de ortomolecular que atribui às vitaminas papel antioxidante. A justificativa é que, nas reações normais para manter o metabolismo, nós produzimos radicais livres de oxigênio, ou seja, átomos altamente instáveis e reativos de oxigênio com número ímpar de elétrons na órbita externa, que oxidariam os componentes celulares. Como você vê a relação dos antioxidantes com as vitaminas?
Alberto de Macedo Soares – Nos processos inflamatórios, infecciosos e de exposição à radioterapia, ocorre uma produção exacerbada de radicais livres, o que fatalmente cria maior suscetibilidade e leva dano ao DNA e ao RNA. Além disso, doenças como catarata e hipertensão, por exemplo, também podem acarretar aumento na produção de radicais livres.
Testes in-vitro, dentro do laboratório, revelaram que as vitaminas exercem função inibitória na produção excessiva de radicais livres. Porém, quando se tentou aplicar essa experiência em seres humanos, verificou-se que o resultado não é o mesmo. Ao contrário – e temos insistido muito nesse sentido -, a possibilidade de as pessoas produzirem radicais livres aumenta com o uso de vitaminas. Isso mostra que o organismo humano é muito mais complexo do que qualquer ensaio laboratorial.

Drauzio – Está demonstrado que vitaminas em excesso aumentam a produção de radicais livres?
Alberto de Macedo Soares – Esse aumento de produção já vinha sendo observado desde o começo dos estudos e, hoje, na prática, estamos vivenciando o estrago que os trabalhos indicam e indicavam. Por exemplo, estudo científico realizado com betacaroteno, um precursor da vitamina A, para prevenir câncer de pulmão em fumantes, apontou que seu consumo fez crescer o número de casos da doença nos usuários.

Drauzio – Há dois trabalhos, um dinamarquês e outro nos Estados Unidos, com enorme casuística, que não deixam dúvida sobre essa ação do betacaroteno.
Alberto de Macedo Soares – São trabalhos multicêntricos, que envolvem milhares de pessoas e atestam o mesmo resultado.

Drauzio – Apesar disso, às vezes, pessoas saudáveis recebem orientação para tomar multivitaminas, entre elas betacaroteno, embora sejam fumantes.
Alberto de Macedo Soares – Isso é um erro. É uma conduta totalmente proscrita do ponto de vista científico.

E NÃO FIZER BEM…


Drauzio – Como os geriatras veem a ingestão excessiva de vitaminas?
Alberto de Macedo Soares – A Sociedade Brasileira de Geriatria vê com preocupação não só as correntes ortomoleculares, que propagam o uso de vitaminas e de antioxidantes em larga escala, mas também vê com preocupação as academias e outras sociedades ditas de “antienvelhecimento” (aliás, eu queria entender o que significa antienvelhecimento, pois, na minha concepção como geriatra, o único jeito de não envelhecer, é morrer precocemente). Por essa razão,  tem pedido o respaldo dos conselhos regionais e a punição devida, uma vez que o Conselho Federal de Medicina, no artigo 13, coloca como proibido o uso indiscriminado de megadoses de vitaminas. Entretanto, apesar do empenho, todos os dias recebemos pacientes que dizem: “Doutor, o meu café da manhã são oito comprimidos de vitaminas”, sem saber que com isso estão se expondo a riscos absolutamente desnecessários.

Drauzio – Muitas pessoas partem do princípio que, se vitamina não fizer bem, mal também não faz.
Alberto de Macedo Soares – Essa história de que vitamina, se não fizer bem, mal não faz, não procede. Como você bem colocou, antigamente, a tripulação dos navios tinha carência de vitamina C e desenvolvia escorbuto, uma doença que provoca sangramentos, porque os marinheiros passavam muito tempo em alto mar sem ingerir alimentos frescos. Hoje, porém, trabalhos mostram que a retirada abrupta de megadoses de vitamina C pode provocar um quadro semelhante ao de escorbuto, além de cálculo nos rins e distúrbios gastrintestinais.

VITAMINA C


Drauzio – Linus Pauling afirmava categoricamente que as pessoas deveriam tomar megadoses de vitamina C, dez gramas por dia pelo menos. Como recebeu dois prêmios Nobel (um de Bioquímica, porque fez um trabalho muito importante nessa área, e um prêmio Nobel da Paz) e era um grande cientista, sua recomendação tinha força especial. Na verdade, porém, Linus Pauling não era médico, nunca tinha estado com um doente em sua frente. Mesmo assim, os laboratórios multinacionais que produzem vitamina C fazem propaganda sugestiva afirmando que essa vitamina melhora a resistência física e ajuda a curar gripes e resfriados. Há fundamento científico para o uso de megadoses de vitamina C?
Alberto de Macedo Soares – Nossa necessidade diária de vitamina C é um e meio miligrama, uma porção infinitamente menor do que os dez gramas que indicava Linus Pauling para a prevenção do câncer. É público que, quando inquirido sobre o tumor de próstata que desenvolveu, mesmo tomando altas doses dessa vitamina, sua resposta foi que graças a ela tinha conseguido postergar o início da doença.
Atualmente, a medicina está baseada em evidências que surgem como resultado de megaestudos e envolvem milhares de pacientes. Não dá mais para considerar relatos de casos isolados, nem o “eu acho”, “tenho dois pacientes que melhoraram”, nem a experiência do vizinho.
Drauzio – Existem evidências de que a  vitamina C deva ser usada nas gripes e resfriados, doenças muito prevalentes e responsáveis, provavelmente, pelo maior consumo dessa vitamina?
Alberto de Macedo Soares – Não há. Aliás, um jargão difundido no tempo de nossos avós era: gripe, vitamina C e cama. Hoje, o geriatra não prescreve vitamina C e muito menos cama nos casos de gripe e resfriado. Vitamina C, porque as evidências são muito controversas nos pacientes imunocomprometidos, e colocá-los de cama pode representar fator predisponente para a pneumonia.
Em suma, a conclusão das sociedades de geriatria é que, na imensa maioria dos casos, não há a menor evidência de que a vitamina C deva ser indicada, apesar de ter demonstrado ação antioxidante nos tubos de ensaio, uma vez que essa resposta não ocorre nos seres humanos.

Drauzio – Você mencionou que o excesso de vitamina C pode provocar cálculos renais.
Alberto de Macedo Soares – Não só cálculos renais, mas distúrbios gastrintestinais e incômodo na bexiga porque acidifica a urina e isso provoca irritação.

VITAMINA E


Drauzio – Quais as consequências do uso excessivo da vitamina E?
Alberto de Macedo Soares – O que vemos, na prática da clínica, é que a vitamina E pode causar alterações na coagulação, distúrbios gastrintestinais, dor de cabeça crônica. Recentemente, dois estudos grandes mostraram que a vitamina E, largamente utilizada como coadjuvante no tratamento do mal de Parkinson e, em associação com outros medicamentos, nos portadores de Alzheimer como incrementadora da memória, não apresenta os efeitos apregoados e não deve mais ser prescrita para esses pacientes.

Drauzio – Recentemente, foi publicado um trabalho realizado por uma revista cientifica que condena o uso de vitamina E. Você poderia explicá-lo?
Alberto de Macedo Soares – Em 2005, causou grande impacto um trabalho sobre a vitamina E publicado pela revista americana Annuals of Internal Medicine, que avaliou os 19 maiores estudos a respeito dessa vitamina realizados nos últimos anos, e que incluíram quase 140 mil pacientes. A conclusão foi que a vitamina E deve ser abolida do receituário médico porque pode aumentar o índice de mortalidade.

INDICAÇÕES CORRETAS


Drauzio – Há situações em que as vitaminas devam ser indicadas?
Alberto de Macedo Soares – Existem algumas situações em que elas devem ser indicadas. É o caso da carência da vitamina B12, que pode provocar déficit de memória. Por exemplo: às vezes, depois de uma cirurgia de estômago ou de uma dieta alimentar inadequada, a pessoa começa a dar sinais de esquecimento e a família interpreta o fato como início da doença de Alzheimer. Essa é uma situação em que o paciente precisa ser avaliado para verificar se não está com deficiência de vitamina B12 no organismo, o que é feito por meio de uma simples coleta de sangue. Se estiver, é indicada a reposição dessa vitamina, na forma de injeções para facilitar absorção, durante algum tempo.
Outro exemplo é o da indicação de vitamina D para os portadores de osteoporose. Sabemos que a associação de vitamina D e cálcio altera a densidade dos ossos, pois ajuda a fabricar tecido ósseo.

Drauzio – Você acha que se deveria indicar vitamina D e cálcio para todas as mulheres que entram na menopausa?
Alberto de Macedo Soares – A associação de vitamina D e cálcio está indicada para pacientes com osteopenia. A menopausa é um dos fatores precursores da osteoporose, porque a menor produção de estrógeno, promove perda de massa óssea sem reposição suficiente, uma vez que os ossos se destroem e se formam a cada três meses. Então, no período de perimenopausa, diante de um exame de densitometria que mostre perda de densidade óssea característica não da osteoporose, mas da osteopenia, deve-se indicar a reposição de vitamina D e cálcio.

Drauzio – De qualquer modo, essa reposição não deve ser feita indiscriminadamente.
Alberto de Macedo Soares – Não indiscriminadamente. Na verdade, quanto menos medicamentos a pessoa tomar melhor. Essa é uma postura razoável, principalmente com os idosos que já fazem uso de uma polifarmácia, porque muitos têm pressão alta, colesterol elevado, artrose, problemas de estômago.

Drauzio – Para suprir a necessidade de cálcio, quanto de leite e derivados a pessoa deve ingerir por dia?
Alberto de Macedo Soares – As sociedades que lidam com ortopedia e geriatria preconizam 1,5g de cálcio por dia, o que reverte numa quantidade de alimentos que nem sempre a pessoa consegue ingerir. Por isso, muitas vezes, a reposição de cálcio tem de ser feita com comprimidos e suplementação farmacológica.

Drauzio – Quantos copos de leite correspondem a um grama e meio de cálcio?
Alberto de Macedo Soares – Seriam 12 copos de leite. Só que a pessoa não precisa tomar apenas leite. Se tomar quatro copos, comer duas fatias de queijo e brócolis, por exemplo, que tem bastante cálcio, estará reforçando a ingesta e beneficiando-se com isso.

USO NA ADOLESCÊNCIA E NA VELHICE


Drauzio – Acho que em dois momentos da vida se concentra mais o conceito da necessidade das vitaminas. Um é na adolescência, fase de crescimento, pois as mães temem que os filhos não consigam obter a quantidade suficiente de micronutrientes com a alimentação. A outra é na velhice. Nessas fases, o uso de vitaminas deve ser indicado? 
Alberto de Macedo Soares – Não é alvo da sociedade de geriatria verificar o uso de vitaminas na adolescência, mas a prática nos mostra que, muitas vezes, nessa idade, a suplementação não é contínua. Além disso, em geral, o adolescente não precisa tomar vitaminas, porque conta com um fator de proteção muito maior que é a atividade física. Ele é obrigado a fazer exercícios na escola e, em geral, frequenta academias.
O que vemos com preocupação, porém, – e aproveito a oportunidade para deixar um alerta – é que, nas academias, os adolescentes estão fazendo uso absolutamente equivocado de megadoses de vitaminas, de diuréticos e de hormônios. O resultado é que acabam tornando-se hipertensos aos 18, 20 anos de idade.
No que se refere aos idosos, na há coisa pior para o geriatra do que atender uma pessoa com estado geral comprometido e necessitando de um tratamento específico porque é portadora de uma doença, que está tomando vitaminas em doses altas prescritas durante uma consulta num serviço de saúde. Em tais casos, há dois aspectos prejudiciais a considerar. Número um: além de não se beneficiar em nada com as doses altas de vitamina, o idoso está se expondo a vários outros riscos. Número dois: a doença de que é portador deixa de ser tratada como deveria.
Muitas vezes, é a família preocupada que encaminha o idoso debilitado a profissionais de ética questionável que identificam carência disto ou daquilo pelo exame de um fio de cabelo ou de uma gota de sangue. Na verdade, o teste do cabelo só perde para o do dedinho.

Drauzio – Como é feito o exame do cabelo?
Alberto de Macedo Soares – Um fio de cabelo, retirado normalmente da região occipital, é mandado para os Estados Unidos, onde é feito um mineralograma do paciente para mapear suas carências e propor tratamento adequado.

Drauzio – O curioso é que parece sempre estar faltando selênio.
Alberto de Macedo Soares – Embora selênio seja um dos oligoelementos muito estudados na prevenção do infarto, um grande estudo mostrou que seu uso não traz benefícios.

Drauzio – E o teste do dedinho, como é feito?
Alberto de Macedo Soares – A pessoa vai ao consultório de um médico, volto a dizer, de ética questionável, que lhe retira uma gota de sangue do dedo e coloca-a numa lâmina para ser examinada no microscópio, o que torna possível ver as impurezas e os radicais livres andando de um lado para outro. Os pacientes se assustam, mas não podemos criticá-los por isso. Temos é de pedir aos conselhos regional e federal de farmácia uma atitude firme para inibir esse tipo de conduta.
Brecar o envelhecimento é uma proposta sedutora, mas inviável e inacessível.  Cabe-nos procurar envelhecer com qualidade de vida, com saúde, sem buscar medidas discutíveis e não comprovadas para retardar um processo absolutamente natural do organismo.

TRATAMENTOS MILAGROSOS


Drauzio – Qual é a sua posição a respeito de três tratamentos que dizem retardar o envelhecimento: as vitaminas, geralmente importadas e caríssimas que são aplicadas por via endovenosa, o ginkgo biloba e a procaína?
Alberto de Macedo Soares – São três tratamentos que as sociedades de geriatria não respaldam. Vamos começar pela infusão endovenosa de vitaminas. Na grande maioria das vezes, elas são administradas sem a menor necessidade. Raríssimas são as exceções em que a pessoa pode precisar de um suplemento vitamínico, mas nunca sob o pretexto de prevenir o envelhecimento. E tem mais: além de caríssimas, essas vitaminas costumam ser associadas a medicamentos que o Conselho Regional de Medicina proibiu a utilização.
O extrato de ginkgo biloba era indicado com a função de melhorar a memória. Infelizmente, está provado que não possui esse efeito, mas funciona para  controlar o zumbido crônico no ouvido, em certos casos. Assim como a osteoartrose pode acometer algumas áreas do corpo, alterações podem ocorrer nos ossículos do ouvido médio e produzir um som bastante desagradável.
Embora parcela importante dos pacientes se beneficiem com esse medicamento, ele não serve para todos os casos de zumbido e seu uso requer acompanhamento médico. Por quê? Porque nenhum remédio é inócuo e a gingko biloba pode exercer uma ação potencializadora e provocar sangramentos, principalmente, nos pacientes que tomam antiadesivos plaquetários, a aspirina por exemplo. Se a pessoa tomar anticoagulantes, então, pode ter sangramento mais intenso, uma hemorragia.
O uso de procaína é o mais condenado pela Sociedade de Geriatria. Quando me perguntam qual a situação em que ela deve ser indicada para um paciente, respondo: nenhuma. E não sou só eu. O Food and Drug Administration (FDA)um dos órgãos mais sérios no controle dos medicamentos, até hoje não autorizou nem liberou o uso de procaína, um anestésico que era utilizado pelos dentistas. Atualmente, nem isso. Eles encontraram coisa melhor.
No entanto, como a procaína tem discreta ação inibidora de uma enzima chamada monoamidoxidase, provoca certa sensação de euforia. A mídia volta e meia mostra relatos de pessoas que fizeram uso dessa droga e afirmam ter sentido a vida mudar. Sem contar o efeito placebo, uma vez que 30% dos portadores de uma doença melhoram tomando um comprimido de água e farinha, há pessoas que se dispõem a gastar US$ 4.000 a cada seis meses para fazer uso de uma substância de eficácia absolutamente não comprovada.
Pior ainda: a procaína tem sido descrita como medicamento que pode levar a distúrbios gastrintestinais, psiquiátricos, à confusão mental e até à convulsão. Por isso, não é indicada no Hospital das Clínicas, na Escola Paulista de Medicina, na Santa Casa de São Paulo, na Faculdade de Medicina de Santos, instituições que servem de centro de referência, porque congregam profissionais que lutam para manter-se atualizados.

Quem é Maria Helena? Maria Helena Varella Bruna é redatora e revisora, trabalha desde o início do Site Drauzio Varella, ainda nos anos 1990. Escreve sobre doenças e sintomas, além de atualizar os conteúdos do Portal conforme as constantes novidades do universo de ciência e saúde.

Suplementos vitamínicos podem ser perigosos

Suplementos vitamínicos podem ser perigosos

Estudos trazem alerta sobre o uso indiscriminado de suplementos vitamínicos.

Mariana Varella
Publicado em: 9 de abril de 2014
Revisado em: 18 de outubro de 2019

Pílulas de diversas cores sobre uma mesa.


A indústria das vitaminas e suplementos cresce a cada ano, gerando lucro de bilhões de dólares anualmente. Mas será que eles são mesmo benéficos ou podem fazer mal à saúde?
As publicações científicas americanas “Annals of Internal Medicine” e “Medscape” publicaram dois estudos e um editorial a respeito da relevância do uso de multivitamínicos no tratamento de doenças crônicas.
O primeiro estudo foi multicêntrico, duplo-cego, placebo-controlado e randomizado e incluiu mais de 1700 pacientes com 50 anos ou mais. Todos haviam sofrido ataque cardíaco recentemente. Os pacientes foram divididos em três grupos: um recebeu multvitamínicos, outro complexo de minerais e o terceiro, placebo, e todos foram acompanhados por quase 3 anos. Os resultados mostraram que as vitaminas extras não protegeram o coração e não pareceram proteger contra eventos cardiovasculares secundários.
O segundo estudo observou os efeitos das vitaminas na cognição e, para isso, acompanhou quase 6 mil médicos do sexo masculino com 65 anos ou mais por 12 anos. Nesse estudo foram conduzidas avaliações cognitivas iniciais e intermitentes. Chegou-se à conclusão que o uso de vitaminas não desacelerou a perda cognitiva e não trouxe mudança nos índices de memória verbal nem na cognição daqueles que tomaram vitaminas em comparação com os que não tomaram.

A revisão de 26 estudos que observam os prós e contras do uso de suplementos na prevenção de doença cardíaca, câncer e morte não encontrou evidências de benefícios no uso de vitaminas.
Conclusão: Adultos bem nutridos não precisam de suplementos vitamínicos. Além de não haver benefícios claros em seu consumo, eles podem fazer mal e não devem ser usados para tratar doenças crônicas.
E mais: o editorial menciona o perigo de se consumir especificamente beta-caroteno, vitamina E e altas doses de vitamina A. O beta-caroteno aumenta o risco de câncer de pulmão em fumantes; suplementos com vitamina E foram relacionados a aumento de mortalidade por todas as causas.
Há uma exceção: a vitamina D. Como o papel da suplementação da vitamina D ainda é tema de investigação, especialmente para quem tem deficiência dessa vitamina, são necessários mais estudos para se chegar a uma conclusão a respeito. Contudo, mesmo quanto à vitamina D, não há evidência concreta de que seus benefícios superem os malefícios.
Apenas um grupo necessita de suplementação de vitamina: as mulheres que pretendem ou podem engravidar. Para elas, a suplementação de ácido fólico é importante porque previne defeitos no tubo neural do feto.
Mariana Varella é editora do Portal Drauzio Varella. Formada em Ciências Sociais pela USP, atua na área de jornalismo de saúde, com foco em saúde da mulher. @marivarella
Texto original

O microbioma intestinal em doenças e saúde


RESUMO DA PESQUISA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O microbioma intestinal em doenças e saúde

Escrito por Miguel Principe em 3 de dezembro de 2019



Existem milhares de espécies bacterianas diferentes vivendo dentro de nosso intestino. Esse ambiente, chamado microbioma intestinal, fornece ao corpo as principais vitaminas e garante um sistema imunológico saudável. A composição do microbioma intestinal é fundamental: a disbiose, uma condição que ocorre quando bactérias "ruins" tomam conta do intestino, está ligada a uma ampla variedade de doenças que variam da doença inflamatória intestinal ao distúrbio do espectro do autismo.


Um grupo de pesquisadores da McGill e da Université de Montréal descobriu que a disbiose está frequentemente relacionada à fibromialgia, uma doença marcada por dor crônica, fadiga constante e problemas gastrointestinais.



Seus resultados foram publicados em um artigo na revista Pain, em novembro. Amir Minerbi, médico-cientista da dor no Rambam Health Campus em Haifa, Israel, foi um dos principais pesquisadores do artigo.



"A fibromialgia é muito frustrante para os pacientes", disse Minerbi em entrevista ao The McGill Tribune. “Eles parecem bem por fora, mas por dentro [...] parece estar com gripe há muito tempo [...]. É frustrante para os médicos, porque não somos bons em diagnosticar fibromialgia. São necessários quatro anos para diagnosticar e [...] após o diagnóstico, mesmo com o melhor tratamento, [o paciente] ainda pode [experimentar] os sintomas. ”
Essa frustração foi o catalisador para investigar a relação entre o intestino e a fibromialgia. Sua hipótese foi justificada, uma vez que o microbioma tem sido associado a outros distúrbios da dor crônica, como disfunção pélvica crônica e síndrome da fadiga crônica.
No estudo, os pesquisadores coletaram amostras de fezes de pessoas com e sem fibromialgia. Através do sequenciamento do DNA bacteriano encontrado nas amostras de fezes, eles descobriram que as pessoas com fibromialgia tinham mais espécies bacterianas associadas a fatores como inflamação, inibição da atividade cerebral e metabolismo de ácidos orgânicos em seu microbioma. Além disso, pacientes com sintomas mais pronunciados de fibromialgia apresentaram maiores quantidades de bactérias associadas a esses fatores.



Esses achados, no entanto, ainda são preliminares e representam apenas uma correlação e não uma causa. Ainda existe a possibilidade de a fibromialgia causar um microbioma alterado, e não o contrário. No entanto, isso abre as portas para um melhor diagnóstico e tratamento da fibromialgia através do exame da saúde dos microbiomas dos pacientes.
Promover um microbioma intestinal saudável pode envolver a incorporação de uma ampla variedade de alimentos fermentados e à base de plantas com muitos prebióticos na dieta de uma pessoa. Os prebióticos são compostos que alteram o microbioma intestinal para produzir micróbios benéficos. Eles estão freqüentemente ausentes da atual dieta ocidental, caracterizada por grandes quantidades de carne e alimentos processados.
Na McGill, o Projeto Microbiome visa promover boas bactérias e evitar a disbiose. Fundado por Julian Russell, U2 Agricultural and Environmental Sciences, e John Weilenmann, M1 Agricultural and Environmental Sciences, o clube organizou vários workshops sobre como fazer todos os tipos de alimentos, como molhos quentes e vinhos naturais, baseados em fermentação e portanto, contêm muitas bactérias vivas chamadas probióticos. O grupo espera evitar produtos químicos artificiais comumente usados ​​em produtos comerciais. Eles também têm como objetivo abordar outros aspectos da vida que promovem um microbioma saudável, como se exercitar e dormir o suficiente.


"Nós nos concentramos em vários tipos de fermentação, bem como em um componente do estilo de vida", disse Russell. “Um corpo saudável e um intestino saudável andam juntos, por isso incentivamos as pessoas a fazerem exercícios e dormirem seriamente [...] Se você não está vivendo um estilo de vida saudável, isso impactará negativamente as boas bactérias que vivem em você, [permitindo] que você seja suscetível a patógenos. ”


tradução do texto original https://www.mcgilltribune.com/sci-tech/the-gut-microbiome-in-disease-and-health-031219/

Pessoas com fibromialgia terão atendimento preferencial - Campinas

Pessoas com fibromialgia terão atendimento 

 preferencial


Pacientes com a doença terão filas e vagas para estacionamento exclusivas, assim como gestantes, idosos e pessoas com deficiência



A Prefeitura de Campinas publicou nesta segunda-feira (23), no Diário Oficial, a lei que concede o atendimento preferencial a pessoas com fibromialgia, doença crônica que provoca dores generalizadas.

Dessa forma, pessoas com fibromialgia terão o mesmo atendimento recebido por idosos, pessoas com deficiência e gestantes, inclusive com reserva de vagas em estacionamentos.

Segundo a publicação no Diário Oficial, a identificação dos beneficiários se dará por meio de cartão ou adesivo expedido pelo órgão municipal competente, mas que a lei ainda deverá ser regulamentada para definir de que forma isso será feito.

O projeto de lei é dos vereadores Vinícius Gratti (PSB) e Zé Carlos (PSB).

SAIBA MAIS

A fibromialgia é uma síndrome dolorosa idiopática, crônica e não articular, com pontos dolorosos generalizados. É uma doença multissistêmica caracterizada por distúrbios do sono, fadiga, dor de cabeça, rigidez matinal, parestesias e ansiedade.

A fibromialgia é um distúrbio comum, que ocorre em todas as populações. Afeta 0,5% a 5% da população em geral. As mulheres entre 40 e 60 anos são a maioria, com uma proporção de acometimento de mulheres para homens de 8 a 10:1.

As causas não são definidas. Embora não haja consenso para o tratamento, há evidências de que uma abordagem multidimensional com educação do paciente, terapia comportamental cognitiva, cinesioterapia, fisioterapia e terapia farmacológica pode ser eficaz.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Recesso 2019/2020

Atenção!
IREMOS REPOR AS ENERGIAS! PARA VOLTAR COM TUDO EM 2020!
A equipe da Abrafibro estará em recesso do dia 20/12 a 6/01/2020
Pedimos a compreensão e colaboração de todos para manter a harmonia e a paz em nossos perfis e no grupo, sempre lembrando e respeitando o regulamento.
Boas festas a todos!
Bom recesso!

A imagem pode conter: texto que diz "Atenção: A equipe Abrafibro estará em recesso do dia 20/12 a Iremos repor nossas energias! Para voltar com tudo em 2020! PIC.COLLAGE"

Fibromialgia: saiba mais sobre essa doença

medica examinando paciente idoso

Fibromialgia: saiba mais sobre essa doença

fibromialgia é uma síndrome dolorosa idiopática, crônica e não articular, com pontos dolorosos generalizados. É uma doença multissistêmica caracterizada por distúrbios do sono, fadiga, dor de cabeça, rigidez matinal, parestesias e ansiedade.
A fibromialgia é um distúrbio comum, que ocorre em todas as populações. Afeta 0,5% a 5% da população em geral. As mulheres entre 40 e 60 anos são a maioria, com uma proporção de acometimento de mulheres para homens de 8 a 10:1.
Novos conceitos sugerem que a fibromialgia é uma condição heterogênea que, provavelmente, apresenta múltiplas etiologias potenciais. Doenças “comórbidas”, como síndromes somáticas funcionais (por exemplo, síndrome do intestino irritável), distúrbios de ansiedade e depressão e doenças reumáticas são frequentemente observados em pessoas com fibromialgia.
Nos últimos 30 anos, o número de publicações sobre fibromialgia aumentou consideravelmente. Essa onda de estudos pode ser explicada por um interesse de clínicos, pesquisadores e da indústria farmacêutica de promover a conscientização da fibromialgia, entender sua fisiopatologia e melhorar as opções terapêuticas.

Causas

As características fisiopatológicas mais bem estabelecidas da fibromialgia são as da sensibilização central (isto é, dor aumentada e alteração no processamento sensorial cerebral), com aumento da conectividade funcional com as regiões cerebrais nociceptivas e diminuição da conectividade com as regiões antinociceptivas e alterações em neurotransmissores no sistema nervoso central, bem como no tamanho e forma das regiões do cérebro. 

Associação Familiar

Os familiares de pessoas com fibromialgia apresentam maior incidência de dor crônica. Comparados com parentes de indivíduos sem fibromialgia, os parentes de primeiro grau de pacientes com fibromialgia são mais propensos a ter fibromialgia e outros estados de dor crônica.
A fibromialgia também pode ocorrer concomitante com outras síndromes de dor crônica, como osteoartrite, artrite reumatoide e lúpus. Aproximadamente, 10% a 30% dos pacientes com esses distúrbios reumatológicos também preenchem os critérios para fibromialgia.

Diagnóstico

O diagnóstico é baseado principalmente na presença de dor generalizada por um período de pelo menos três meses.
Na prática clínica, deve-se suspeitar de fibromialgia em pacientes com dor multifocal não totalmente explicada por lesão ou inflamação. Na maioria dos casos, a dor musculoesquelética é a característica mais proeminente. Como as vias da dor em todo o corpo são amplificadas, a dor pode ocorrer em qualquer lugar.
O diagnóstico de fibromialgia requer um histórico de um conjunto de sintomas que definem o distúrbio. O diagnóstico é feito se os sintomas relatados pelo paciente atenderem a critérios predefinidos e se uma doença somática que explique suficientemente os sintomas for excluída.
Atualmente, não há teste laboratorial ou biomarcador específico disponível para o diagnóstico de fibromialgia.
Os critérios de classificação do American College of Rheumatology (ACR) de 1990 para o diagnóstico de fibromialgia fornecem uma sensibilidade e especificidade de quase 85% na diferenciação da síndrome fibromiálgica de outras formas de dor musculoesquelética crônica como síndrome dolorosa miofascial.
Embora o exame de tender points tenha sido tradicionalmente feito para diagnóstico de fibromialgia nas últimas décadas, ele não é mais aceito como um achado clínico confiável e não é incluído nos critérios diagnósticos atuais.
Os critérios atualizados da ACR 2010 e 2016 não apenas eliminaram os tender points. Mas, também, mudaram a definição de caso de fibromialgia para uma doença caracterizada por dores difusas e sintomas chave adicionais, como problemas de fadiga, sono, cognição e extensão de sintomas somáticos relatados pelo paciente.
Dor Crônica
As síndromes de dor crônica, como a fibromialgia, são definidas por sintomas subjetivos e carecem de características fisiopatológicas únicas. Muitas vezes, surgem perguntas sobre a natureza e a existência de doenças como a síndrome fibromiálgica. 
A disfunção na modulação da dor, demonstrada por alodinia e dor espontânea, sugere que a fibromialgia pode ser uma doença dolorosa funcional devido a um aumento na sensibilidade à dor e diminuição nos controles inibidores da dor.

Associação com depressão

A prevalência ao longo da vida de transtornos depressivos em pacientes com fibromialgia varia entre 40% e 80%, dependendo dos instrumentos e critérios de diagnóstico utilizados.
A associação de fibromialgia e distúrbios depressivos pode ser explicada pela sobreposição de sintomas (insônia, sono superficial e fadiga crônica) e mecanismos biológicos compartilhados (por exemplo, genes) e psicológicos (como adversidades na infância).

Tratamento

Embora não haja consenso para o tratamento, há evidências de que uma abordagem multidimensional com educação do paciente, terapia comportamental cognitiva, cinesioterapia, fisioterapia e terapia farmacológica pode ser eficaz. 
O número de ensaios clínicos randomizados aumentou na última década. No entanto, diretrizes europeias recentes e revisões sistemáticas do Instituto Cochrane indicam que o tamanho do efeito para a maioria dos tratamentos é relativamente modesto, e que todas as terapias farmacológicas apresentam apenas recomendações fracas para a fibromialgia.
Tratamentos Farmacológicos
As terapias farmacológicas eficazes geralmente funcionam em parte reduzindo a atividade de neurotransmissores facilitadores (ex: gabapentinoides reduzem o glutamato) ou aumentando a atividade de neurotransmissores inibitórios, como a noradrenalina e a serotonina (por exemplo, tricíclicos, inibidores da recaptação da serotonina e noradrenalina) ou ácido γ-aminobutírico por exemplo, γ-hidroxiglutamato).
Os mecanismos para sua eficácia podem incluir um efeito direto dos medicamentos na recaptação de noradrenalina e serotonina para melhorar o sono, depressão associada, estresse e ansiedade, além de atuar na inibição das vias da dor e reconhecimento da dor
O sistema opioide endógeno hiperativo na fibromialgia pode explicar por que os opioides parecem ser ineficazes, muitas vezes, refletindo até em piora da dor em casos crônicos.
Tratamentos não farmacológicos
As três terapias não farmacológicas mais estudadas são educação, terapia cognitivo-comportamental e exercício. Todas têm evidências fortes (evidência de nível 1A) de eficácia na fibromialgia. A magnitude da resposta ao tratamento para essas terapias excede a dos medicamentos.
Uma opção promissora de tratamento é a estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr), uma técnica não invasiva de estimulação cerebral que se mostrou promissora em distúrbios que afetam o sistema nervoso central. A estimulação magnética transcraniana pode afetar a dor e a qualidade de vida dos pacientes com fibromialgia. Estudos anteriores demonstraram anormalidades funcionais cerebrais individuais no estado de repouso em pacientes com fibromialgia, em áreas corticais acessíveis pela estimulação magnética transcraniana.
Terapias complementares e alternativas podem ser úteis como adjuvantes do tratamento da fibromialgia. Como em outros distúrbios, relativamente poucos estudos controlados apoiam seu uso. Manipulação quiroprática, tai chi, ioga, acupuntura e terapia de liberação miofascial têm evidências de eficácia e estão entre os tratamentos mais usados.
Na prática, vemos que pacientes com fibromialgia e osteoartrite concomitante ou dor miofascial apresentaram melhora na dor e sensibilidade geral da fibromialgia quando tratados com terapias locais.

Conclusão

A melhor maneira de abordar a fibromialgia é através da integração de tratamentos farmacológicos e não farmacológicos, ao mesmo tempo em que envolve pacientes como participantes ativos do processo. Além disso, todas as diretrizes recentes enfatizam a importância das terapias não farmacológicas no tratamento. O exercício aeróbico foi o único tratamento que recebeu uma forte recomendação do European League Against Rheumatism. Nas diretrizes alemãs atualizadas, exercícios aeróbicos e terapias cognitivas comportamentais receberam forte recomendação.
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Referências:
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Atendimento preferencial às pessoas com fibromialgia agora é lei em Corumbá

Atendimento preferencial às pessoas com fibromialgia agora é lei em Corumbá


Fonte: Assessoria Câmara em 16 de Dezembro de 2019
O prefeito Marcelo Iunes sancionou no último dia 11 de dezembro, a Lei nº 2.712, que dispõe sobre atendimento preferencial às pessoas com fibromialgia em órgãos e empresas públicas, concessionárias de serviços públicos e empresas privadas localizadas no Município.
De autoria do vereador Ubiratan Canhete de Campos Filho (Bira), a proposta já havia sido aprovada pelo Poder Legislativo corumbaense, por unanimidade. A Lei foi publicada no Diário Oficial do Município nº 1.811, na última quarta-feira.
Bira destacou a decisão do prefeito, lembrando que vai contemplar pacientes regularmente diagnosticados com um tratamento preferencial nas repartições públicas e privadas. Também conhecida como Síndrome da Dor Generalizada, a fibromialgia é caracterizada por uma dor crônica que migra para vários pontos do corpo e se manifesta principalmente nos tendões e nas articulações.
"A dor causada pode ser intensa e até incapacitante. Estima-se que cerca de 5 milhões de pessoas são acometidas pela doença no Brasil, e precisamos que elas sejam incluídas no rol do atendimento preferencial dispensados aos idosos, gestantes e deficientes físicos", justificou.
Trata-se de uma patologia relacionada ao funcionamento do sistema nervoso central, que ataca principalmente as mulheres com mais de 35 anos (90% dos casos), mas que pode se manifestar em crianças, adolescentes e idosos.
Pela Lei, as empresas comerciais que recebem pagamentos de contas, deverão incluir as pessoas com fibromialgia nas filas de atendimento preferencial já destinadas a idosos, gestantes e pessoas com deficiência.
A identificação dos beneficiários se dará por meio de cartão expedido, gratuitamente, pela Secretaria Municipal de Saúde. A regulamentação da Lei deverá ser regulamentada pelo prefeito em um prazo de 60 dias.